Em plena crise, Moody's não vê pressão sobre BC
Vice-presidente da agncia de classificao de risco, Mauro Leos diz no entender por que os juros so to altos no Brasil, mas no v influncia poltica nas decises do Banco Central
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O vice-presidente da agência de classificação de risco Moody's, Mauro Leos, afirmou hoje que não há indícios de que a gestão dos juros pelo Banco Central (BC) do Brasil esteja sendo adotada em função de pressões políticas. "Estive conversando com dirigentes do BC. Não me parece que as decisões de política monetária são adotadas por questões políticas. Ela são implementadas por questões institucionais, com foco no controle da inflação", destacou Leos, em palestra em São Paulo.
Leos disse que não sabe por que os "juros no Brasil são tão altos", o que, entre outros efeitos, provoca gastos elevados com o pagamento do serviço da dívida pública mobiliária federal. "Mas não pensamos que a queda dos juros ocorra artificialmente", disse ele, referindo-se ao movimento de redução da Selic (taxa básica de juros) iniciado pelo BC em 31 de agosto. "Mas é bom lembrar que a queda dos juros ocorre em função de condições de mercado, não são impostas", destacou.
Nota do Brasil
O vice-presidente da Moody's afirmou também que a agência vai continuar avaliando vários indicadores da economia, sobretudo o desempenho das contas públicas, para avaliar se concederá um upgrade para a nota do Brasil no médio prazo. "Vamos observar respostas da política econômica, como a meta do superávit primário", disse.
Segundo ele, é positiva a manifestação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, segundo a qual o governo tem como objetivo gerar "superávit cheio" em todos os anos da administração Dilma Rousseff. "Mas vamos ver quais serão os resultados que serão obtidos no final de cada ano", destacou. "A questão fiscal é um desafio importante para melhora da nota", disse.
Leos destacou que o "Brasil precisa melhorar na adoção da política fiscal contracíclica", o que não é uma tradição da gestão das contas públicas da história do País. Segundo ele, outro desafio relevante para o País é a redução do risco de rolagem da dívida pública, o que, na prática significa melhorar o perfil da dívida pública "quando a conjuntura concede condições favoráveis, não agora que há uma grande crise", disse. "Aparentemente, não há muita folga na área fiscal", destacou.
Segundo ele, a boa gestão das contas oficiais é uma condição necessária para um upgrade do Brasil, cuja nota concedida pela Moody's em junho é Baa2, com perspectiva positiva. "A questão fiscal e o crescimento do País influenciarão a perspectiva de rating do Brasil", avaliou. Mas ele mesmo ressaltou hoje que se tal nota subir, deve ocorrer provavelmente no final de 2012, quando poderá ser avaliado qual foi o desempenho das receitas e despesas do governo, da expansão do PIB e controle de inflação em meio a desdobramentos mais avançados da crise internacional.
"É mais provável que alguma alteração possa ocorrer em 18 meses", disse Leos. Para o vice-presidente da agência de classificação de risco, a inflação que preocupa mais a Moody's é a de 2012 e qual a sua tendência. "Eventualmente o Banco Central e a Fazenda podem ter alguma divergência sobre o combate à inflação, mas isso ocorre em todo o mundo. O importante é ver o resultado final obtido pelo governo no término do ano", destacou.
Leos ressaltou que a gestão da política fiscal é "uma condição necessária" para que a Moody's conceda um eventual upgrade ao Brasil no médio prazo. "Mais importante do que é dito pelo governo é preciso verificar o que é feito nessa área", comentou. Contudo, ele destacou que as declarações de autoridades do governo, como Mantega, segundo as quais o Poder Executivo tem como meta obter um superávit primário cheio de 2011 a 2014, são "um sinal positivo" de que a administração federal está atenta a questões que não viabilizou no passado.
"A crise pode trazer algo de bom para o Brasil", afirmou. "Por exemplo, se houver um fortalecimento da gestão fiscal ao mesmo tempo que o combate à inflação é mantido", ressaltou. "Se em função dessa postura do governo os juros tiverem condições de cair, vamos ver lá na frente", disse.
A Moody's concedeu a nota Baa2 para o Brasil em junho deste ano, com perspectiva positiva. De acordo com Leos, quando a nota soberana fica favorável, o upgrade ocorre normalmente entre 12 e 18 meses.
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