Economia piora projeção de PIB para 2021 e 2022, mas segue mais otimista que mercado

A estimativa é de alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 5,1% este ano, contra 5,3% antes. Para o ano que vem a projeção passou a 2,1%, de 2,5% em setembro

(Foto: Reprodução)


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Reuters - A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia piorou nesta quarta-feira suas projeções oficiais para a inflação e para a economia tanto em 2021 quanto em 2022, embora tenha seguido mais otimista que o mercado em relação à atividade, fiando-se na força do mercado de trabalho no próximo ano.

Agora, a estimativa é de alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 5,1% este ano, contra 5,3% antes. Para o ano que vem a projeção passou a 2,1%, de 2,5% em setembro.

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Olhando para o terceiro trimestre, a expectativa é de avanço de 0,4% do PIB sobre os três meses anteriores, com alta de 4,8 ante igual período do ano passado.

A SPE atribuiu a revisão dos números anuais à deterioração das condições financeiras no âmbito doméstico, e à mudança no cenário internacional, com menos crescimento e avanço inflacionário nas principais economias globais.

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No Brasil, pontuou a secretaria, observou-se nos últimos meses elevação mais intensa da parte longa da curva de juros. O movimento teve como pano de fundo uma deterioração do prêmio de risco por temores fiscais após Planalto e Ministério da Economia abraçarem a mudança na regra do teto de gastos para abertura de mais espaço orçamentário em 2022.

"Na estrutura a termo da taxa de juros, desde a divulgação da última grade de parâmetros, a taxa de 5 anos chegou a subir em quase 200 pontos-base. Caminho semelhante foi percorrido pela taxa de câmbio, cuja depreciação levou a taxa para valor próximo a 5,70 reais por dólar", disse a SPE.

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Para a inflação medida pelo IPCA, a estimativa da equipe econômica subiu para 9,7% em 2021, de 7,9% antes, e 4,70% em 2022, contra 3,75% no boletim anterior, publicado há dois meses. Com isso, os números ficaram próximos aos esperados por agentes econômicos e mais distantes do centro da meta de inflação.

A meta é de 3,75% neste ano e 3,5% no próximo, nos dois casos com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

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Agentes de mercado preveem crescimento do PIB de 4,88% este ano e de 0,93% para o ano que vem. Já para a inflação, as expectativas são de alta de 9,77% e 4,79%, respectivamente, conforme pesquisa Focus mais recente.

Para o INPC acumulado neste ano, que corrige uma série de despesas obrigatórias no Orçamento de 2022, a conta da SPE foi a 10,04%, de 8,4% anteriormente.

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RETOMADA NO TRABALHO

A SPE defendeu que a visão mais otimista para a economia no ano que vem tem amparo na melhora do mercado de trabalho e no investimento privado, principalmente em infraestrutura, em decorrência das concessões e da melhoria dos marcos legais.

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O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse que as projeções do Ministério da Economia para a atividade econômica estavam corretas em 2019, 2020 e 2021, mesmo quando na contramão das estimativas feitas pelo mercado, e reforçou a crença num desempenho melhor para 2022.

"Credibilidade se conquista e nós conquistamos a nossa", afirmou ele, a respeito das contas feitas pela SPE.

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Segundo Sachsida, uma diferença fundamental na visão da SPE está na expectativa de absorção de cerca de 5 milhões de novos trabalhadores no mercado de trabalho ao longo dos próximos 12 meses, sendo 3,4 milhões no setor informal.

"Força de retomada do mercado de trabalho nos parece suficiente para garantir crescimento superior a 2% no ano que vem", destacou ele.

"Acredito que em abril do ano que vem analistas de mercado vão começar a mudar estimativas de crescimento, convergindo para estimativas da SPE", acrescentou o secretário.

Questionado sobre os impactos negativos da Selic mais alta para a expansão da atividade, ele se limitou a dizer que a secretaria continuará monitorando a situação e que não tem compromisso com o erro, podendo mudar suas projeções à frente caso veja necessidade.

Sachsida, que defendeu em diversos momentos que o governo prossegue na trajetória de consolidação fiscal, afirmou ainda que a concessão de aumento salarial para servidores públicos sinalizada pelo presidente Jair Bolsonaro demandará redução de alguma outra despesa.

Ele pontuou que, se existe demanda para reajuste, será preciso mostrar qual gasto será diminuído para gerar esse aumento de despesa.

A fala vem após o presidente destacar na véspera que, com a aprovação da PEC dos Precatórios, um aumento para o funcionalismo público poderá ser feito, justificando a necessidade da medida pela alta inflação corrente.

Sobre a PEC, Sachsida disse que a aprovação da proposta irá trazer tranquilidade para o mercado.

MUDANÇAS NOS NÚMEROS

Em breve fala no início da coletiva, o secretário especial de Orçamento e Tesouro, Esteves Colnago, afirmou que as novas projeções da SPE serão utilizadas para atualizar os impactos da PEC dos Precatórios e também para elaborar a mensagem modificativa do projeto de lei orçamentária de 2022, o que poderá acontecer no início de dezembro.

Quando divulgou que a PEC abriria um espaço orçamentário de 91,6 bilhões de reais no ano que vem, o Ministério da Economia utilizou em seus cálculos um IPCA de 8,7% e INPC de 9,1% em 2021 --números mais baixos que os divulgados nesta manhã.

Pela PEC, o crescimento das despesas públicas pela regra do teto será agora balizado pela inflação medida pelo IPCA de janeiro a dezembro do ano anterior, frente à janela hoje vigente dos 12 meses encerrados em junho do ano anterior. Por isso, quanto maior o IPCA estimado para este ano, maior será o espaço para novos gastos no ano que vem.

Em contrapartida, um INPC maior em 2021 implicará mais gastos em 2022, já que o índice serve de parâmetro para a correção do salário mínimo e de uma série de despesas previdenciárias no Orçamento do ano que vem.

O Ministério da Economia já havia divulgado que cada 1 ponto de elevação no INPC significava aumento de cerca de 8 bilhões de reais nas despesas públicas obrigatórias.

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