E Agnelli ficou sozinho
Na nsia de se manter no comando da Vale, o executivo implodiu sua prpria base de apoio; CVM quer explicaes sobre o que acontece na mineradora
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Por Joaquim Castanheira - A sucessão na Vale continua embaralhada. Nesta quinta-feira, 31, uma assembleia de acionistas da empresa terminou sem que houvesse qualquer pronunciamento oficial sobre o destino de seu presidente, Roger Agnelli. O vaivém de informações levou a CVM, o xerife do mercado de capitais, a solicitar esclarecimentos da Vale sobre o assunto. A decisão oficial só deverá se tornar pública até 19 de abril, data da próxima assembleia, cuja pauta inclui a sucessão do presidente da mineradora. Muitos arriscam, mas poucos bancam um nome na imensa bolsa de apostas que se formou em torno de sua sucessão. Mas há uma certeza: o destino de Agnelli está definitivamente selado. O epílogo dessa rocambolesca novela está sendo escrita com uma inestimável ajuda do próprio executivo. Na ânsia de se manter na cadeira de um colosso de US$ 46 bilhões, Agnelli enfiou os pés pelas mãos e acabou por implodir sua própria base de apoio (leia-se Bradesco).
Agnelli construiu uma história de sucesso nos últimos dez anos, desde que assumiu o comando da Vale. Modernizou a empresa, multiplicou seu tamanho, transformou-a numa potência global, turbinou os resultados. Seu horizonte começou a turvar-se em 2009, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a criticá-lo – primeiro, nos gabinetes de Brasília e depois publicamente. A partir daquele momento, o tempo de Agnelli na presidência da Vale entrou em contagem regressiva. Pode se alegar que ele foi vítima da ingerência política numa empresa privada, que os resultados obtidos deveriam ser considerados, etc, etc e tal. Mas nestas últimas semanas, ninguém contribuiu tanto para a queda de Agnelli como o próprio Agnelli. A cada movimento para se preservar no cargo, ele se enroscava ainda mais na rede que haviam armado para apanhá-lo.
Seus mais recentes movimentos o isolaram de tal forma que as diversas portas de saída honrosa foram se fechando. Mesmo o maior aliado e padrinho de sua nomeação, o Bradesco, parece estar cansado. Segundo um empresário do setor contou ao 247, o banco já trabalha com a possibilidade de afastamento de Agnelli desde que as primeiras críticas ao empresário, ainda no governo Lula, chegaram à Cidade de Deus, em Osasco, sede da instituição. O Bradesco resistiu. Primeiro, porque não queria dar sinais ao mercado de que cedera à pressão política. Segundo, para ganhar tempo e construir uma saída honrosa para Agnelli. Essa saída, segundo o mesmo empresário, poderia ser o comando de um megainvestimento do banco fora da área financeira. Assim, Agnelli seria “convocado” a assumir o desafio de construir algo novo e poderia deixar a presidência de uma máquina já em pleno funcionamento.
Agnelli, porém, não ajudou. Em sua ânsia em permanecer no posto, o executivo lançou-se na busca de apoio e desagradou Brasília. Na visão do Planalto, ele teria sido o responsável pelo vazamento da informação de que Guido Mantega estivera na sede do Bradesco para falar sobre a mudança no alto escalão da Vale. Também teria incentivado o DEM a convocar Mantega para prestar depoimento no Congresso sobre o caso. Caiu também em sua conta a articulação que levou os diretores da companhia a ameaçarem um protesto em caso de troca na presidência.
A vinculação (verdadeira ou não) de Agnelli com essas maquinações provocou um “grande desconforto” na cúpula do Bradesco, segundo o empresário. O banco procurava uma solução que, ao mesmo tempo, preservasse a imagem de Agnelli e o relacionamento com o governo. Agora, considera delicado colocar o executivo em alguma posição de destaque, sem que pareça uma provocação ao Planalto. É esse emaranhado que a alta cúpula da Cidade de Deus terá que desfazer até a assembleia do dia 19 de abril, quando oficialmente será anunciado o destino de Agnelli, que, neste momento, já está selado.
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