Dólar sobe mais de 1% e supera R$ 5 após indicação de Galípolo ao BC

Por trás do movimento está a percepção de que Galípolo, como diretor, pode elevar a pressão por um BC mais “dovish”

Dólar
Dólar (Foto: REUTERS/Lee Jae-Won)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Infomoney - O dólar à vista fechou a segunda-feira em forte alta ante o real, retomando o patamar dos R$ 5, após investidores reagirem negativamente ao anúncio de que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, será indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.

 O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,015 na venda, em alta de 1,44%. Foi o maior ganho percentual em um dia desde 19 de abril, quando havia subido 2,20%. A divisa comercial, por sua vez, avançou 1,37%, a R$ 5,011 na compra e R$ 5,012 na venda.

continua após o anúncio

 Apesar de o nome de Galípolo já circular há algumas semanas no mercado, a oficialização gerou um movimento de proteção dos investidores no dólar, o que impulsionou as cotações.

 A avaliação é de que, com o braço direito de Haddad no BC, o governo terá mais força para interferir na política monetária –alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em função do nível atual da taxa básica Selic, de 13,75% ao ano.

continua após o anúncio

 “Houve um movimento de proteção em função do braço direito de Haddad poder interferir na política monetária, ao ir para o BC. Ainda que o nome estivesse circulando, a confirmação estressou os negócios”, disse Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

 Às 12h08 (horário de Brasília), pouco antes de o nome de Galípolo ser oficializado, o dólar era cotado a R$ 4,9557 (+0,24%). Às 12h11, com a indicação confirmada, a moeda norte-americana já era negociada a R$ 4,9813 (+0,76%). Na sequência, continuou a subir.

continua após o anúncio

 “O Galípolo foi o principal fator de influência nos mercados, principalmente o de câmbio. O dólar operava em linha com os mercados lá fora e, após o anúncio, vimos o real passando a se desvalorizar de forma mais significativa”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

 No início dos negócios, às 9h13 (horário de Brasília), o dólar foi negociado na cotação mínima de 4,9420 (0,03%). À tarde, às 15h09, a moeda norte-americana marcou a máxima do pregão, de 5,019 reais (1,52%).

continua após o anúncio

 No exterior, o dólar também subia ante outras divisas de países emergentes, mas em percentuais menores. A moeda norte-americana tinha leve alta ante uma cesta de moedas.

 Às 17h33 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,07%, a 101,390.

continua após o anúncio

 Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.

 Os juros futuros também reagiram à indicação ao BC. Entre os vencimentos de curto prazo, as taxas cederam após o anúncio, mas terminaram a sessão muito próximas da estabilidade, enquanto os de vencimento mais longo subiram.

continua após o anúncio

 “A indicação de Gabriel Galípolo para diretor de política monetária do Banco Central provocou aumento da inclinação da curva de juros futuros, com alta nas taxas de vencimentos longos e queda nos curtos, mais sensíveis à política monetária, que poderia ganhar vozes mais dovish (mais branda) ou alinhadas aos anseios do governo”, pontua Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

 Os DIs para 2024 ganharam dois pontos-base, a 13,21%, e os para 2025 fecharam estáveis, a 11,68%. Os contratos negociados para 2027 ganharam 13,5 pontos, a 11,57%, e os para 2029, 13 pontos, a 11,97%. Os DIs para 2031 foram a 12,23%, com mais 14 pontos.

continua após o anúncio

 Por trás do movimento está a percepção de que Galípolo, como diretor, pode elevar a pressão para que o Comitê de Política Monetária (Copom) corte a taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano.

 “O fechamento das taxas mais curtas mostra uma reação ao Galípolo, mas as longas abrem com a possibilidade de um erro na política monetária. Ou seja, é a ideia de que corta agora e sobe lá na frente”, resumiu durante a tarde Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

 Além de Galípolo, Haddad anunciou que Ailton de Aquino Santos ocupará a diretoria de Fiscalização do BC. A diferença é que Santos já faz parte do quadro do Banco Central e ocupará uma diretoria que, tradicionalmente, é comandada por servidores de carreira.

 No Copom, em um grupo de nove pessoas que definem a Selic – incluindo Campos Neto – duas delas passarão a ser indicações do novo governo. Pela Lei de Autonomia do Banco Central, Lula poderá indicar mais dois diretores no início de 2024 e trocar o presidente do BC no início de 2025, além de outros dois diretores. Na prática, os indicados de Lula passarão a ser maioria na cúpula do BC em 2025.

 Para Rostagno, do Banco Mizuho, a indicação de Galípolo eleva a pressão por cortes da Selic.

 “Galípolo vai entrar na diretoria do BC com o objetivo claro de tentar antecipar o movimento de corte de juros. Então, a preocupação é justamente com uma mudança no balanço de forças dentro do BC na direção de uma maior leniência com a inflação”, comentou Rostagno.

 “Após o anúncio, o contrato para janeiro de 2025 passou a cair e a parte longa da curva, como no caso do janeiro 2029, ampliou a alta”, acrescentou.

 Apesar do movimento no câmbio e nos juros, alguns economistas também apontam que Galípolo pode levar a uma maior conciliação entre governo e BC, levando a uma divisão dos analistas sobre o tema. 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247