Dólar dispara acima de R$5,30 após aprovação da 'PEC da Compra de Votos'

A três meses da eleição, Senado aprovou a criação novos auxílios sociais

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)


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Por Luana Maria Benedito (Reuters) - O dólar operava em forte alta contra o real nesta sexta-feira, superando com folga a marca de 5,30 reais, com investidores reagindo à aprovação pelo Senado na véspera de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um estado de emergência para ampliar e criar novos auxílios sociais, enquanto temores internacionais de recessão colaboravam para a busca por segurança.

Além de reconhecer o estado de emergência para criar o "voucher caminhoneiro" e de ampliar o Auxílio Brasil e o Auxílio Gás, a PEC aprovada foi complementada para incluir a concessão de um benefício destinado a taxistas e ainda um crédito suplementar a programa alimentar.

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A votação da PEC, que ainda deve passar pela Câmara dos Deputados, ocorreu a cerca de 100 dias das eleições gerais de outubro e é apontada por críticos como eleitoreira. A proposta --chamada por alguns participantes do mercado como "PEC das bondades"-- também é vista como fiscalmente danosa, já que prevê despesas fora do teto de gastos.

"Os rumos da situação fiscal no Brasil, adicionados ao cenário internacional mais desafiador, têm mantido o dólar mais alto, a curva de juros pressionada e a bolsa com dinâmica negativa", escreveu Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG.

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Às 10:21 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,77%, a 5,3237 reais na venda, rondando os picos do dia.

Com a performance desta sexta-feira, o dólar caminhava para registrar uma quinta semana consecutiva de ganhos.

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Na B3, às 10:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,27%, a 5,3635 reais.

Além de refletir ambiente doméstico turbulento, essa alta acompanhava a forte valorização do índice do dólar contra uma cesta de divisas fortes, que se aproximava dos maiores níveis em duas décadas nesta sexta-feira em meio a receios generalizados de recessão.

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Ao mesmo tempo, a maioria das divisas arriscadas ou ligadas às commodities tinha forte baixa no dia, com pesos mexicano e chileno, rand sul-africano e dólar australiano perdendo entre 0,9% e 2%.

Com a perspectiva de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, siga com posicionamento agressivo no combate à inflação, investidores vendiam ações e buscavam a segurança do dólar e da dívida soberana dos Estados Unidos, cujos rendimentos caíam acentuadamente diante da grande demanda por Treasuries.

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"Os próximos meses serão marcados por um Fed que deve subir os juros de forma mais intensa para ancorar as expectativas de inflação, mesmo com efeitos negativos para o crescimento", disse a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual em relatório, citando impacto negativo desse cenário sobre moedas emergentes, como o real.

"Esse vetor já nos motivava uma menor exposição ao risco e volatilidade nos últimos meses, guiando as estratégias neste início de trimestre."

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A moeda norte-americana fechou a última sessão em 5,2311 reais, saltando 10,03% em junho --melhor mês desde março de 2020 (+15,92%)-- e acumulando avanço de 9,83% no segundo trimestre.

Apesar desse resultado, o dólar ainda está em território negativo no acumulado de 2022, depois de ter fechado o ano passado em 5,5735 reais.

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O BTG Pactual disse no relatório que um cenário de apreciação expressiva do real está ficando mais desafiador, com os riscos domésticos amplificando a tendência de aversão a risco vista no mercado global. Mesmo assim, o banco manteve cenário anterior de dólar a 4,80 reais ao fim deste ano.

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