Diretor da Americanas parabenizou envolvidos em email sobre fraude

Mensagem se deu após uma longa discussão por email sobre a inclusão do termo "risco sacado" na carta enviada pelos bancos à auditoria da varejista

Americanas
Americanas (Foto: Reuters)


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247 - O atual CEO da Americanas Leonardo Pereira apresentou à CPI que investiga a fraude contábil encontrada na varejista uma troca de emails que revela que diretores da empresa celebraram a aceitação, por parte do banco Itaú, de uma carta contendo explicações sobre demonstrações financeiras que ocultavam as irregularidades. As informações são da coluna de Malu Gaspar, de O Globo

No dia 19 de setembro de 2017, após uma longa discussão por email sobre a inclusão do termo "risco sacado" na carta enviada pelos bancos à auditoria da varejista para explicar suas operações financeiras com a empresa, o diretor financeiro Fábio Abrate expressou sua satisfação, dizendo: "Parabéns aos envolvidos". Ele comemorou o fato de que o Itaú havia aceitado uma nova redação da carta, substituindo a expressão "sacado" por "emitido".

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De acordo com os emails, a modificação foi sugerida pelo próprio banco, conforme relatou o funcionário da área financeira Felipe Rodrigues: "O Itaú propôs suavizar o termo 'sacado', substituindo-o por 'emitido'".

A questão era delicada para a diretoria da Americanas. Uma das principais fraudes cometidas no balanço foi a omissão de R$ 18,4 bilhões em passivos relacionados a operações de risco sacado, que possivelmente totalizam R$ 45,9 bilhões, de acordo com um comunicado divulgado pela própria empresa nesta manhã. 

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Entre os documentos apresentados pelo CEO à CPI, há um slide que revela que em julho de 2017, Thimoteo Barros, na época diretor de lojas físicas, logística e tecnologia da Americanas, questionou Fabio Abrate sobre as informações relacionadas às operações com fornecedores nas cartas enviadas aos bancos, por meio do WhatsApp: "Fabio, como estamos com os bancos para retirar das cartas a info das operações com fornecedores." Ele acrescentou que a questão era de vida ou morte. 

Em seguida, houve uma comemoração em setembro, quando Abrate escreveu em um email enviado a diversos destinatários: "O Itaú acaba de informar que aprovou a redação abaixo. Parabéns a todos os envolvidos." Após transcrever a parte do texto em que não consta a expressão "risco sacado", o diretor escreveu: "Agora precisamos assinar o contrato, finalizar os aspectos sistêmicos e estar prontos para retomar as operações".

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Posicionamento do Itaú: "O Itaú Unibanco esclarece que as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017 traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas 'risco sacado'. A partir de 2018, após discussões de mercado, a carta de circularização foi restringida para refletir apenas as operações contratadas diretamente pela Americanas, com a exclusão do saldo das operações de antecipação contratadas por fornecedores. Por outro lado, como medida de transparência, foi adicionado o parágrafo que alertava para a realização de operações de antecipação de recebíveis emitidos contra a Americanas, permitindo que as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário. O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada ontem pela companhia ao mercado".

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