Dinheiro na mão é vendaval
Mais da metade dos brasileiros recebe salrios em dinheiro vivo. E, muitas vezes, perdem o controle por causa disso
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O avanço tecnológico do sistema financeiro no Brasil ainda não conseguiu acabar com velhos hábitos das empresas e dos funcionários. Costumes que pareciam definitivamente enterrados continuam sendo utilizados por boa parte dos brasileiros. Um exemplo: 55% da população brasileira ainda recebe seus salários em dinheiro. Os dados fazem parte da pesquisa "O Brasileiro e sua Relação com o Dinheiro", versão 2010, divulgada hoje pelo Banco Central (BC). Em 2007, ano de referência da pesquisa anterior, a porcentagem de trabalhadores que recebiam em dinheiro também era de 55%. Ou seja, todo o esforço feito pelo setor financeiro, chamado por ele de bancarização, para atrair novos usuários têm tido aparentemente um retorno tímido. Em 2007, a porcentagem era de 34%. Um total de 2% recebia seus vencimentos em cheque em 2010, retirando o dinheiro no caixa dentro da agência. Antes, o índice era de 3%. Isso provoca, segundo alguns especialistas, outro fenômeno. Com o dinheiro na mão, os brasileiros acabam gastando mais do que deviam. Muitas vezes, o salário sequer chega em casa e às mãos da mulher, que controla melhor o orçamento. No ano passado, 39% dos brasileiros recebiam salários por meio de depósito em conta.
A pesquisa mostra ainda que cresceu o índice de pessoas com conta corrente no Brasil e, agora, cerca de metade da população conta com esse instrumento. O indicador estava em 39% em 2007 e no último levantamento atingiu 51%. Um total de 42% (ante 37% em 2007) tem conta poupança. A posse de cartão de crédito subiu de 31% para 43% e de cartão de débito, de 35% para 43%. O estudo, encomendado pelo BC, foi feito pelo Instituto Zaytec Brasil, que fez 2.089 entrevistas em todos Estados brasileiros e no Distrito Federal e em municípios com porte de pelo menos 100 mil habitantes.
Na hora de fazer suas compras, porém, o brasileiro tem usado mais cartão de crédito e débito para realizar seus pagamentos, mas o dinheiro ainda é largamente a forma mais utilizada pelos cidadãos pagarem suas contas e despesas, diz a pesquisa. De acordo com o levantamento, 72% dos entrevistados informaram que costumam utilizar com mais frequência dinheiro para fazer seus pagamentos. Em 2007, esse indicador estava em 82%. O uso de cartões de crédito subiu de 8% para 13% de 2007 a 2010, enquanto o de cartões de débito, de 8% para 14%. O uso de cheques caiu de 2% para algo em torno de zero.
Segundo a pesquisa, o gasto mensal médio com pagamento de contas e compra de produtos subiu 40% de 2007 para 2010, passando de R$ 577 para R$ 807,93. Do total, 59% são pagos em dinheiro (era 77% em 2007), 20% em cartão de crédito (11% antes), 16% cartão de débito (8% antes) e 2% cheque (3% antes). O levantamento mostra que o uso de dinheiro é mais frequente em pagamentos de padaria, aluguel e condomínio, educação, mercadinho e mercearia. Eles são menos frequentes (ainda assim representam a maior parte) em pagamentos de roupas e calçados, eletrodomésticos e super e hipermercados. Para os pagamentos de maior valor, acima de R$ 50, o uso de outros meios, além do dinheiro, atinge mais de um terço da população e, nas classes A e B, supera 50%.
A população brasileira carrega em média consigo cerca de R$ 36 em dinheiro. Cerca de um quarto das pessoas carrega de R$ 10 a R$ 20 em dinheiro, índice próximo dos que levam consigo até R$ 10. A pesquisa mostrou que a população sente mais falta de notas de R$ 5, R$ 10 e R$ 2 para fazer seus pagamentos cotidianos, mas o índice dos que não sentem falta de qualquer nota subiu de 13% para 22%. A nota de R$ 50 é a mais encontrada nos caixas eletrônicos, seguida da de R$ 20 e depois da de R$ 10, que em 2007 liderava a pesquisa. Segundo o levantamento, 97% atestam a boa qualidade das cédulas recebidas de bancos.
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