Deu a louca no câmbio: o que faço?
A cotao do dlar derrete aqui no Brasil para a alegria de uns e tristeza de outros. Diante de tanta turbulncia, fique atento s dicas para lidar com a situao
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Lu Miranda_247 - O governo divulga medidas sucessivas para o câmbio, e cotação da moeda norte- americana cai tanto aqui no Brasil frente ao real, que a expressão mais usada para descrever esta desvalorização é “o dólar está derretendo!”. A luta do Banco Central e do Ministério da Fazenda é para frear a grande entrada de dólares no país, que força a queda da cotação.
Se o governo vai conseguir conter uma tendência global de desvalorização do dólar, ainda é dúvida. E, diante de tanta incerteza, as pessoas se perguntam: o que faço para não levar prejuízo?
Vai depender do perfil da pessoa, de acordo com o economista e especialista em câmbio João Medeiros, diretor da corretora Pioneer. As mudanças na cotação do dólar e do real podem mexer com a vida de muita gente, mesmo de quem não lida diretamente com as verdinhas norte-americanas. “O dólar baixo mudou hábitos dos brasileiros nos últimos anos. Muita gente conseguiu experimentar um tipo de consumo que, em outros tempos, só era possível para a classe média. Mais pessoas passaram a comprar vinhos bons, bacalhau com mais freqüência e até a planejar viagens para o exterior.”
No setor produtivo, há empresas que ganham ou perdem com o dólar baixo. As companhias exportadoras são as mais prejudicadas porque têm alto custo interno em real e ganham menos no exterior em dólar. Na maioria das vezes, perdem em competitividade para empresas estrangeiras. Já as companhias que precisam importar componentes, as de eletroeletrônicos por exemplo, conseguem peças mais em conta no exterior e, desta forma, mantêm o preço do produto no Brasil mesmo com inflação alta. É uma compensação.
O produtor rural também se beneficia com o dólar baixo porque consegue preços mais atraentes nos insumos, como defensivos e fertilizantes, todos importados.
Se você lida com dólar, seja como no trabalho ou no turismo, aí vão informações e dicas para enfrentar melhor este período turbulento no mercado de câmbio.
EMPRESAS
O câmbio interfere e muito na dinâmica das empresas, principalmente as exportadoras. As últimas medidas do governo na tentativa de frear a entrada de dólar no Brasil foram nos empréstimos tomados no exterior.
O IOF, Imposto sobre Operações Financeiras, era inexistente para empréstimos com prazo para pagamento acima de 90 dias. Abaixo, a taxa era de 5%. Mas agora a situação mudou. No fim de março, o governo estabeleceu taxa de 6% para empréstimos no exterior com prazo de 90 dias a 1 ano. Poucos dias depois, anunciou ampliação do período para 2 anos.
Segundo Medeiros, a tendência é que as empresas esperem os dois anos para o pagamento das quantias tomadas em bancos internacionais e, assim, fiquem isentas de IOF. Caso tenham tomado empréstimos para pagamento em um ano, devem rolar a dívida para completar dois anos. Aí surge um ônus extra para as empresas que passou quase despercebido pelos empresários. Desde o dia 5 de abril, com a publicação no Diário Oficial da União da resolução 3.967, há a cobrança de Imposto de Renda e de Cofins sobre as renovações de empréstimos no exterior. “O governo mirou no pato e acertou no cachorro. Imagina a arrecadação que isso vai dar para o governo.”, brinca Medeiros.
Outra alternativa que deve ser adotada pelas companhias multinacionais é ampliar o investimento filial brasileira, em vez de remeter o lucro para a matriz . Esta ainda pode emitir créditos-fiança para a filial e esperar dois anos para receber o capital de volta. É o chamado “ intercompany loan”.
De maneira geral, as medidas do governo não devem prejudicar a maioria das empresas, de acordo com Medeiros. “As empresas com descompasso de caixa serão as mais afetadas, não as saudáveis.”
INVESTIDOR
Os movimentos de bolsa e dólar, na maioria das vezes, são contrários. Quando o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, sobe, a cotação do dólar cai. A explicação é simples: com a entrada de capital estrangeiro no Brasil para o mercado de ações, há grande quantidade de dólar dentro do país. Se há muita oferta, o preço cai. O contrário também vale. Se a bolsa cai, o dólar sobe pela mesma regra da oferta e da procura.
Diante desta dinâmica, o investidor deve ficar muito alerta às oscilações do Ibovespa. Se ele perder dinheiro no preço da ação de determinada empresa, pode perder ainda mais na desvalorização da moeda norte-americana em caso de aplicação dos recursos em despesas cotadas em dólar. Isso pode ocorrer, principalmente, com investidor institucional da bolsa.
No caso do investidor estrangeiro, atenção ao pagamento de IOF nas operações em renda variável e em títulos públicos. No ano passado, o governo aumentou o tributo para 6,38% nos investimentos estrangeiros na bolsa brasileira e na renda fixa. A operação com rendimento menor que a alíquota do IOF torna-se inviável.
TURISTA
O Banco Central nunca vendeu tanto dólar para turista brasileiro. Todo cidadão é autorizado é comprar US$ 1 mil desde que cumpra três exigências: documentação, capacidade financeira e tributação.
Caso a pessoa tenha uma viagem programada para julho, por exemplo, Medeiros aconselha a compra de dólares todo mês até a data do embarque. Pode procurar a rede bancária, corretoras e agentes de turismo autorizados pelo Banco Central a vender dólares.
Outra opção é o cartão de débito para uso no exterior. Quando ele é adquirido, vem carregado com 1 mil em dólar, euro ou libra. Na contratação, a taxa de IOF é de 0,38%. Após a compra, ele pode ser recarregado com qualquer valor. A opção é muito usada por jovens que fazem intercâmbio no exterior e têm seus cartões carregados pelos pais no Brasil. Se houver saque com o cartão, a taxa da operação é de US$ 2,50.
Evite, ao máximo, o uso do cartão de crédito no exterior! As compras em outros países tiveram aumento de IOF para 6,38%. E o pior, a fatura das compras vem com a cotação do dia do vencimento. Se houver uma grande valorização do dólar no período entre a compra e o vencimento do cartão, a conta pode fugir ao controle. “As operadoras costumam cobrar a cotação do dólar turismo do dia do vencimento do cartão. É a cotação mais alta do mercado de câmbio.”, alerta Medeiros.
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