Desglobalização
A grande dificuldade dos países ricos, unidos por laços políticos e empresariais, mas principalmente econômicos, consiste em romper as amarras e abrir espaço para a reconstrução do modelo em vigor
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O impacto da revolução industrial, de grande repercussão, ao longo do século XX, projetou, com a formatação das grandes companhias, em pleno século XXI, o denominado capitalismo financeiro.
Incensuravelmente, a grande dificuldade dos países ricos, unidos por laços políticos e empresariais, mas principalmente econômicos, consiste em romper as amarras e abrir espaço para a reconstrução do modelo em vigor.
Os gritos, barulhos e ocupações começaram sem muita solidez, porém, o que se percebe no contexto atual diz respeito à completa falta de mobilidade diante do entrechoque de interesses e o maniqueísmo dos sistemas econômico e político.
Muitos governos próximos às eleições não querem, pensando na reeleição, provocar descontentamento da população, entretanto, verdadeiro se torna afirmar que as grandes corporações quebraram os paradigmas e, seguramente, mediante a desregulamentação, aplacaram o caos ao mercado financeiro.
A Europa como um todo, unida ou desunida, isso não importa, sofre as consequências da moeda única e a cada dia descobre um barril de pólvora, e às vezes se atemoriza perante os percalços da desunificação.
A globalização estaria com seus dias contados? Muito provavelmente não, embora muitos, contentes ou descontentes, apregoem que a desglobalização reinará, mais difícil do que o porvir é tentar reunir os destroços dos descasamentos societários e dos aspectos que marcam interesses entre o capital e os Estados.
Nessa linha de pensamento, o governo americano jogou pesadas somas, em 2008, para que grandes corporações não fossem à bancarrota, logo em seguida apareceu o problema da dívida pública, mas aí o capital nada tem a ver com o problema do Estado.
Funções e disfunções ao largo, paralelamente, somente demonstram que o crescente mapeamento das empresas corporativas apresentam o desafio na revolução tecnológica e, ao mesmo tempo, da manifestação do crescimento de emprego.
Ninguém poderá acreditar que economias pujantes rapidamente se transformaram em modelos dependentes, tudo hoje girando ao redor do crescimento dos mercados, e também do setor agrícola.
Há uma interdependência marcante e extremamente relevante, cujos blocos econômicos não foram capazes de arrefecer, porém, a mundialização trouxe mais conseqüências imprevistas do que soluções palpáveis.
No final de 2011 cremos que não encontraremos as alternativas ou soluções para os problemas mundiais, ou os grandes desafios que marcaram a jornada, porém, a partir de 2012, o horizonte começará a ser definido, mediante passos importantes das nações desenvolvidas, e aí o Brasil não terá opção, ou ingressará no primeiro mundo ou se tornará emergente definitivamente.
Carlos Henrique Abrão é desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo
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