Crise complica atividade industrial; em SP, quase metade das pequenas indústrias enfrenta algum tipo de paralisação
Cada vez mais, pequenos empresários estão se endividando, tendo que recorrer ao crédito, pois não têm capital de giro suficiente
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247 - Em dezembro de 2021, apenas 54% das micro e pequenas indústrias do estado de São Paulo estavam funcionando normalmente, enquanto os 46% restantes enfrentavam algum tipo de paralisação na produção, segundo levantamento do Sindicato da Micro e Pequena Indústria no Estado de São Paulo (Simpi), encomendada ao Datafolha e divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo com a pesquisa, 26% operavam com uma pequena parte das atividades paradas, 17% funcionavam com a maior parte do parque fabril paralisado; e 3% estavam completamente parados. Ainda, 32% das micro e pequenas indústrias paulistas tinham clientes inadimplentes em dezembro.
O motivo principal para a situação industrial paulista é o golpe de Estado de 2016, que derrubou a política de desenvolvimento realizada pelos governos petistas e jogou o Brasil num caos econômico, com alta inflação e estagnação. Existe uma dificuldade de obtenção de insumos e a produção está mais cara.
Com a política econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, o Brasil terminou 2021 com inflação acumulada acima de 10%. A política de Preço de Paridade Internacional (PPI) da Petrobras, que dolariza o preço dos combustíveis (afetando nos preços de todas as mercadorias), é a grande culpada. Implantada pelo governo golpista de Michel Temer (MDB), ela foi aprofundada pelo governo Bolsonaro, que expandiu o processo de privatização das refinarias nacionais.
Junto a isso, há o aumento dos preços da energia, que afeta profundamente a produção industrial. O cenário foi causado pela crise hídrica, que levou o governo a aumentar o preço para ressarcir os agentes empresariais que controlam o setor elétrico nacional. Segundo movimentos sociais, a escassez teria sido orquestrada propositalmente por estes agentes para justificar o aumento de preços.
O presidente do Simpi, Joseph Couri, disse ao jornal Estado de S.Paulo que “nunca na pesquisa que começou em 2013 teve um período tão longo e tão continuado com um problema de elevação de custos da matéria-prima e dos insumos. Nunca teve um período tão longo, estamos falando em 12 meses desse cenário, de desabastecimento de matéria-prima e atraso na entrega”. “Esses aumentos de custos das empresas necessariamente impactarão o preço de venda”, alertou.
Da mesma forma, o empobrecimento da população, que não tem aumento real do salário mínimo desde o golpe de 2016, diminuiu a demanda doméstica, limitando a capacidade de as repassarem para os preços dos produtos essa alta nos custos de produção. “As empresas não têm capital de giro para passar o mês”, ressaltou Couri.
Segundo a pesquisa, 44% das pequenas empresas industriais tinham capital de giro insuficiente em dezembro, enquanto 48% tinham recursos exatamente na medida necessária; e apenas 8% dos industriais relataram ter dinheiro sobrando no caixa da empresa.
Cada vez mais, pequenos empresários estão se endividando, tendo que recorrer ao crédito. O levantamento do Simpi aponta que 16% apelaram ao cheque especial como fonte de recursos para o capital de giro entre novembro e dezembro, 7% pegaram empréstimo corporativo e 3% tiveram que recorrer a um empréstimo pessoal.
A coleta de dados da pesquisa ocorreu de 10 a 20 de dezembro de 2021. De acordo com o Simpi, cerca de 42% das micro e pequenas indústrias brasileiras estão localizadas no estado de São Paulo, o que mostra a gravidade da situação apontada pelo levantamento.
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