Cresce a polêmica sobre papel do FMI na crise da Europa

Brasil e Frana querem que Fundo coloque dinheiro no Velho Continente; Alemanha e Estados Unidos, no



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O papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) na crise da Europa se tornou o ponto de polêmica do G-20. Os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo, reunidos hoje em Paris, discutiram o tema, mas não chegaram a definições concretas. Uma decisão só poderá ser tomada depois que a União Europeia apresentar um plano de ação para enfrentar a turbulência.

Alguns integrantes, como Brasil e França, sugerem ampliar a capacidade de empréstimos aos países da zona do euro com dificuldades. Mas há divergências: os Estados Unidos e a Alemanha, por exemplo, se posicionam contra a medida. A visão da maioria, que prevaleceu no comunicado divulgado hoje, é a de que o "FMI deve ter recursos adequados para cumprir suas responsabilidades sistêmicas e espera discussão sobre isso em Cannes".

A decisão, portanto, ficou para o encontro de cúpula do grupo, a ser realizado nos dias 3 e 4 de novembro. "As discussões estão em andamento", disse o ministro de Finanças da França, François Baroin, em coletiva após a reunião realizada hoje, em Paris. Segundo ele, os participantes do encontro não chegaram a definir os valores que seriam necessários para o fundo, que hoje conta com US$ 400 bilhões.

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O Brasil deixou sua posição clara e inclusive entregou texto com propostas. O País sugere o uso de linhas de crédito bilaterais que ficariam à disposição para serem usadas se necessário. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, seria importante dar uma sinalização de que o FMI está fortalecido para enfrentar a crise o que já contribuiria para restaurar a confiança dos mercados. Ele lembrou que, no acordo de 2009, o Brasil se comprometeu com US$ 14 bilhões para o FMI, mas ainda não chegou a desembolsar nem US$ 10 bilhões, porque não foi preciso.

Um reforço do fundo agora representaria um "momento Londres", como aponta a proposta brasileira, numa referência ao encontro realizado na capital britânica em abril de 2009, que definiu um aumento dos recursos do FMI de US$ 250 bilhões para US$ 1 trilhão. De qualquer forma, a decisão de fortalecer o fundo só será possível se a União Europeia conseguir chegar a um plano para solucionar sua própria crise. Medidas como a recapitalização dos bancos, ampliação do fundo de resgate europeu e a negociação sobre a dívida da Grécia estão sendo discutidas e devem ser definidas na reunião de cúpula da UE, em 23 de outubro. Amarrado, o G-20 pressiona e espera por definições.

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Envolvidos em dificuldades fiscais, os Estados Unidos não querem colocar mais dinheiro no FMI, até porque isso teria de passar pela aprovação do Congresso, como lembrou Mantega. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, avalia que o FMI já está preparado e não precisa de mais dinheiro. "Sabemos qual é a posição dos Estados Unidos", disse o ministro francês.

Para os países ricos, outra barreira seria o aumento do poder dos emergentes no fundo, que invariavelmente viria com as novas condições de crédito. Mantega fez questão de ressaltar que não deve haver atraso na implantação do cronograma de reforma do FMI no qual os países em desenvolvimento ganham maior peso na distribuição de cotas.

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O Brasil também apoia a sugestão da França de realizar uma nova emissão de direitos especiais de saque (SDR, na sigla em inglês) a " a cesta de moeda do FMI", como foi feito em 2009, para fortalecer as reservas do fundo. "O Brasil, como a França, acredita que o SDR é um elemento potencialmente fundamental na transição de longo prazo para um sistema monetário internacional mais balanceado, que reflete melhor a economia mundial cada vez mais multipolar", diz a proposta brasileira. O G-20 está discutindo a ampliação do número de moedas que formam o SDR, debate que deve prosseguir em Cannes.

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