Credit Suisse projeta recessão no Brasil em 2022, com queda de 0,5% do PIB, e país preso a "armadilha econômica"
Nem o mercado financeiro acredita mais em Paulo Guedes. Eleição presidencial é apontada como risco
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Do Infomoney – Em relatório de projeções para o Brasil, o Credit Suisse apontou que a economia do país deve entrar em uma nova recessão com queda do PIB de 0,5% em 2022, com um desempenho pior do que os pares.
Solange Srour e Lucas Vilela, economistas do banco, destacam o risco do país entrar em um “economic trap” (ou armadilha econômica), em que o baixo crescimento pressiona os políticos a aumentarem os gastos, intensificando as causas de um baixo crescimento. Para eles, sem um forte comprometimento de reduzir o déficit e aumento na produtividade, provavelmente teremos um crescimento de PIB fraco e uma continuação na piora da dívida bruta.
Eles ainda projetam que o consumo e os investimentos devam contrair devido ao forte aumento da inflação, à alta necessidade de financiamento do governo e maiores incertezas. Já para 2023, a projeção é de alta de 2,3% do PIB.
Para a inflação, a projeção é de alta de 6% em 2022, explicada pela inércia dos preços, recuperação de preços de serviços e maiores preços de produtos industriais. Em 2023, a inflação deve desacelerar para 3,8% refletindo o efeito defasado da desaceleração do crescimento econômico e menor pressão de custo de insumos.
A projeção é de que o Banco Central continuará aumentando as taxas de juros nos próximos meses, atingindo 12,25% em maio de 2022, ante os atuais 9,25% ao ano. O início do ciclo de afrouxamento deve ocorrer apenas no início de 2023, quando as expectativas de inflação para o horizonte monetário estiverem de volta à meta de inflação. A expectativa é de taxas de juros em 7,5% no final de 2023.
O aperto da política monetária com alta de juros e a elevada incerteza quanto ao cenário político devem ofuscar a recuperação da geração de empregos e o aumento da massa salarial. O impacto do aumento de juros deve ser uma queda adicional relevante no poder de compra, menor confiança do consumidor e redução dos empréstimos por bancos.
Olhando as principais projeções dos indicadores macroeconômicos, Solange e Vilela esperam que a dívida bruta continue crescendo nos próximos dois anos, para 86,8% do PIB e 89,4% do PIB, respectivamente.
Eleições: principal risco doméstico no ano
Sendo 2022 um ano eleitoral, o cenário político também foi destacado no relatório, com a equipe de análise vendo como o principal risco doméstico do ano. Para os economistas, a corrida eleitoral deve ficar focada no ex-presidente Lula (PT) e no atual presidente Jair Bolsonaro (PL), com ambos os candidatos tendendo a se concentrar em programas sociais que aliviam o fraco desempenho da economia nos últimos anos.
Já as reais soluções estruturais para esses problemas não devem ser discutidas na campanha eleitoral, avaliam.
Apesar disso, os economistas acreditam que o próximo governo precisará avançar nas reformas estruturais, especialmente no processo de consolidação fiscal.
Os economistas avaliam que os potenciais candidatos da chamada “terceira via” Sergio Moro (Podemos) e João Doria (PSDB) reconhecem a importância de um arcabouço fiscal sólido, enquanto veem Ciro Gomes (PDT) com uma visão oposta.
Eles ainda citam algumas pesquisas de intenção eleitoral mostrando Lula com ampla vantagem sobre Bolsonaro, citando a última divulgação do PoderData. Já Moro tem quase 8% das intenções de voto, seguido por Ciro Gomes (PDT). Outros potenciais candidatos ainda têm baixa intenção de voto e precisarão aumentar seu reconhecimento no país para ficarem mais competitivos, avaliam.
Mas as pesquisas de intenção de voto podem mudar significativamente, ressaltando que o número de eleitores indecisos (em branco, nulo, não sabe) permanece elevado até muito perto da eleição, de acordo com dados históricos.
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