CPI da Americanas quebrará sigilos de ex-executivos e de ex-CEO antes de convocá-los

Miguel Gutierrez, que comandou varejistas por 20 anos até dezembro de 2022, e seus principais auxiliares deverão ter sigilos bancários e fiscais quebrados por CPI da Câmara

Unidade da Americanas em Brasília
Unidade da Americanas em Brasília (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)


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Da sucursal Brasília do 247 - Na próxima semana a CPI da Americanas, que investiga as causas e os responsáveis pela Recuperação Judicial da varejista Lojas Americanas S/A deixando dívidas em aberto no mercado calculadas entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, irá pedir ao Banco Central, à Receita Federal e a companhias telefônicas e a provedores de internet a transferência dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Miguel Gutierrez, Márcio Cruz, Fábio Abrate e Timotheo Barros. Outras pessoas, numa lista que tende a atingir até 30 nomes e inclui auditores e executivos das empresas de auditoria KPMG e PwC, podem entrar nesse rol. Gutierrez foi CEO da Americanas por 20 anos e trabalhou por 30 anos na empresa. Cruz, Abrate e Barros eram os principais executivos ligados a ele e foram citados pelo atual presidente da empresa, Leonardo Coelho, no deslindar de falsificações e fraudes financeiras revelados na sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito ocorrida na última terça-feira 13 de junho.

Nos dias 20 e 21 de junho, além de definir os nomes exatos dos alvos dessas transferências de sigilo a fim de chamá-los para o banco dos réus da CPI a partir de julho, a Comissão ouvirá técnicos das áreas de Fiscalização e de Crédito do Banco Central e auditores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A CVM já apura, desde janeiro, os eventos irregulares de mercado que levaram à quebra da Americanas. O BC investiga eventuais fraudes que possam ter sido cometidas na concessão de crédito e renovação de contratos entre a varejista e instituições financeiras - sobretudo os bancos Itaú e Santander. No dia 27 de junho a CPI ouvirá o economista e comunicador Eduardo Moreira e um técnico do próprio Congresso a fim receberem explicações sobre o mecanismo das fraudes cometidas nos balanços da empresa e a forma como acionistas e investidores podem ter sido induzidos a erros e perdas nos investimentos. A partir de 4 de julho a CPI da Americanas deve começar a ouvir os alvos das quebras de sigilos - começando por Gutierrez e seus principais executivos. As empresas de auditoria KPMG e PwC também começam a ser ouvidas em Brasília a partir de julho.

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Para o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ), integrante da Comissão, o depoimento de Leonardo Coelho, presidente da Americanas, implicou sobretudo os principais diretores e o ex-CEO da varejista e não deu à CPI elementos que implicam sócios majoritários, grandes acionistas e os maiores investidores nas fraudes. "Ele não os absolveu, mas, de certa forma, o material entregue por ele à Comissão direciona as investigações”, disse. Motta quer aprofundar as investigações para verificar se o que aconteceu com as Americanas e o que ele considera como "o modus operandi de quem opera sempre na fraude, um roubo premeditado".

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) segue a mesma linha do colega de bancada. Para ela, houve de certa forma uma tentativa de circunscrever a responsabilidade das fraudes cometidas a quem estava à frente da empresa na operação do dia a dia. “É preciso que sigilos fiscais, bancários, telemáticos e telefônicos sejam quebrados e que sejam convocados a depor na CPI quem quer que seja", defendeu. Melchionna ainda afirmou ter ficado claro que os bancos citados por Leonardo Coelho - Itaú e Santander - foram parte da fraude. "Itaú e Santander alteraram a nomenclatura da operação de 'risco sacado' para 'risco emitido'. Protocolamos requerimento de convocação dos presidentes desses bancos".

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O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), também integrante da Comissão, crê que a CPI precisa também ter um olhar para, depois de responsabilizar os responsáveis pelas fraudes,  buscar reparar os danos gerados e proteger os pequenos acionistas e os trabalhadores. "Há discrepância sobre números, mas há quem fale de dezenas de milhares de demitidos. Houve um pequeno incremento em reclamações trabalhistas, como o próprio presidente da empresa falou, e uma linha de preocupação nossa se dá em torno do que é necessário fazer para proteger os direitos dos trabalhadores", pondera.

 

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