Copom decide nesta quarta se mantém juros a 13,75%. Mercado espera mudança no discurso para cortes em agosto ou setembro

Expectativas se concentram no comunicado do Copom, que pode definir a trajetória dos juros nos próximos meses

(Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)


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247 - Para especialistas e instituições do mercado financeiro, a decisão que sairá do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira (21) sobre a taxa de juros será o fator menos importante. 

O Copom revelará sua decisão sobre manter ou modificar a taxa básica de juros, a Selic, mas a atenção estará voltada principalmente ao comunicado do comitê, que poderá indicar o rumo dos juros daqui em diante. "Esperamos que o anúncio da taxa seja a parte menos importante da reunião", resumiu Mauricio Oreng, do Santander, em relatório aos clientes, relata o Metrópoles.

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A visão predominante nos mercados é que a Selic permanecerá no nível atual de 13,75%, o mais alto desde 2016. Se essa projeção for confirmada, será a sétima reunião consecutiva em que o Copom opta por manter a taxa. No entanto, considerando a desaceleração da inflação mais rápida do que o esperado, espera-se que o Banco Central possa iniciar em breve um ciclo de redução dos juros: o início desse movimento é aguardado para a reunião de agosto ou, em projeções mais conservadoras, em setembro. 

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Nos comunicados recentes, o Copom tem enfatizado que, apesar da melhora nas expectativas de inflação para 2023, o consenso do mercado para 2024 e 2025 ainda se mantém perigosamente próximo de 4%, e não dos 3% previstos na meta. Os dados do núcleo da inflação também estão desacelerando com menos intensidade do que a inflação geral, e permanecem dúvidas sobre o cenário fiscal. 

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As discussões sobre uma possível alteração das metas de inflação, que devem ganhar força no governo até o final do mês, também influenciarão nas decisões futuras. "Esperamos que o BCB mantenha a estratégia atual por enquanto, transmitindo a mensagem de 'serenidade e paciência', a fim de garantir a convergência da inflação no médio prazo", disse Oreng, do Santander, que acredita em um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) na Selic em setembro. O banco avalia que o Copom deve indicar nesta quarta que os próximos passos ainda "dependerão dos dados". 

Apesar das incertezas, espera-se que o comunicado do comitê traga, de alguma forma, uma sinalização de mudança de rumo no segundo semestre. O Boletim Focus, que apresenta as expectativas dos bancos e instituições de análise para o cenário macroeconômico, já aponta projeções de redução mais acelerada dos juros. Após oito semanas sem alterações, a projeção para a Selic no final de 2023 caiu de 12,50% para 12,25%, ou seja, a expectativa é de que o BC reduza 1,5 p.p. até o final do ano. Para 2024, a projeção caiu de 10% para 9,5%. "A desaceleração da inflação atual e das expectativas deve ser destacada no comunicado do BC. E a ressalva sobre a possibilidade de retomada do aperto monetário, que pesou por meses, deve ser removida do texto", avalia Bruno Monsanto, sócio da RJ+ Investimentos. 

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Essa mudança no tom do comunicado, considerada provável, abriria caminho para eventuais cortes no futuro, independentemente do momento em que ocorrerem. "Embora não haja espaço para redução de juros nesta reunião, esperamos um ajuste na comunicação desta quarta-feira, permitindo maior margem de manobra para o Comitê iniciar o ciclo de redução de juros na próxima reunião, em 3 de agosto", afirmou Álvaro Frasson, da equipe de estratégia macro do BTG Pactual, em relatório. 

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Vale lembrar que a reunião do Copom nesta semana não conta com a participação de Gabriel Galípolo, agora ex-secretário-executivo da Fazenda, que se juntará ao quadro diretor do BC por indicação do governo (falta apenas ser sabatinado no Senado, o que deve ocorrer ainda este mês). Na condição de diretor do BC, Galípolo estará no "coração do Copom" e passará a participar das decisões sobre os juros, podendo ocorrer já na reunião de agosto. Enquanto isso, a pressão generalizada do Planalto por uma redução nos juros deve continuar, assim como a pressão por parte do empresariado, que tem se manifestado cada vez mais sobre o tema. 

Nesta semana, às vésperas do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a afirmar que a Selic "deveria ter sido reduzida em março". 

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