Claro dá calote em fenômeno da internet

O humorista francs Rmi Gaillard tem 1 bilho de seguidores na rede e 10 mil euros a receber da operadora; "Se no me pagarem, vo se arrepender", disse eleem entrevista ao 247



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Roberta Namour, correspondente do Brasil 247 em Paris – Uma briga que pode tomar proporções planetárias está prestes a eclodir. Em entrevista exclusiva ao Brasil 247, o humorista mais popular da internet em todo mundo – com 1 bilhão de vídeos assistidos no YouTube -, Rémi Gaillard, diz que pode tomar “medidas drásticas” contra a Claro se não receber os 10 mil euros que a empresa deve a ele. Rémi participou de um comercial em companhia de Ronaldo Fenômeno, no qual disputaram em pontaria. A Claro é controlada pelo grupo do empresário mexicano Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, com estimados US$ 53,5 bilhões. Gaillard pode ser demolidor contra ele. O calote vale a pena?

247 encontrou Gaillard na Praça da Comédie, em Montpellier. Ali, um grupo de adolescentes se aglomerou, afoito, em frente a um café com máquinas fotográficas nas mãos. O alvo de tantos flashes e agitação não era nenhuma estrela do cinema francês ou astro do futebol, mas sim esse homem comum, de 36 anos, vestindo uma calça jeans, camiseta e tênis, atrás de um copo de cerveja. Se para alguns ele não desperta nenhuma curiosidade, para outros ele é simplesmente um ícone. Rémi Gaillard é um o francês que deu as costas para a televisão e se tornou uma personalidade na internet no mundo inteiro – da América Latina, passando pela Europa do Leste até o Japão. Com mais de 1 bilhão de vídeos vistos, o humorista ocupa há quase 10 anos o primeiro lugar em audiência no DailyMotion e o terceiro no Youtube. “Uma performance que apenas Lady Gaga, Eminem e Rihanna realizaram”, afirma o site PC INpact. Seu impacto online é tão grande que hoje ele se tornou alvo de publicidades virais de empresas como Nike e LG. No Brasil, ele ficou conhecido por sua extraordinária pontaria. O seu hábito de derrubar latinhas a longas distâncias com um chute foi parar no quadro “Bola Cheia e bola murcha”, do Fantástico. Recentemente, a operadora Claro o contratou para fazer um duelo com o jogador Ronaldo. “Mas o Ronaldo trapaceou e eu não”, garante Rémi. O humorista ainda reclama que a empresa não pagou pelos seus serviços. “As vezes acham que sou caipira porque moro na França. Mas se a Claro não cumprir com o que deve, vou ter de procurar medidas mais drásticas”, afirma ele em um dos poucos momentos que não está sorrindo.

Mas o que ele tem de diferente de outros tantos humoristas que distribuem seus vídeos pela internet ? “Sua espontaneidade e sua falta de vergonha”, dizem seus amigos que o acompanham nessa aventura. Em um dos seus mais de 100 vídeos, ele entra em campo na final da Copa da França de 2002, entre Bastia e Lorient. Rémi se faz passar por um dos jogadores e recebe o cumprimento do então presidente Jacques Chirac apos ter participado da volta de comemoração pelo estádio. As emissões de tv também o mostraram em uma outra situação cantando a Marseillaise, hino da França, durante a apresentação da seleção nacional de Volley, ao lado dos jogadores. No vídeo de maior audiência, vestido de Mario Bros, ele percorre as ruas da cidade jogando bananas para trás, exatamente como o personagem do jogo da Nintendo. “A receita do meu sucesso é fazer algo em uma linguagem universal, mais visual”, revela Rémi. No início essa ousadia o rendeu muitos problemas com a polícia. Hoje consegue correr mais rápido que os policiais e ganhou até a bênção dos governantes. A região de Montpellier quer patrociná-lo.

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Ao final de todos os seus vídeos, o humorista termina com a frase ”C'est en faisant n'importe quoi qu'on devient n'importe qui” - em português, é fazendo uma idiotice que a gente se torna qualquer um. O slogan surgiu em uma aposta com os amigos, assistindo televisão. « Vendo um programa idiota de humor eu disse a eles que qualquer um podia ficar famoso na TV », lembra ele. Na época, o francês tinha 24 anos e vendia sapatos e enciclopédias de porta em porta. Em busca da liberdade, saiu as ruas com uma câmera emprestada para filmar situações insólitas pela cidade. Com uma coletânea de suas aventuras, foi até Paris para apresentá-las aos canais de TV. « Eu era muito ingênuo nessa época e tive minha ideias roubadas », conta Rémi. Segundo ele, os programas Morning Live e Combien ça coûte ? se apropriaram de algumas de suas histórias. No Brasil, ele também acusa o programa « Pânico na TV » de plágio.

Hoje Rémi Gaillard é autônomo e vive da publicidade de seu site www.nimportequi.com e da renda compartilhada do Youtube e DailyMotion. Também participa de publicidades virais com empresas. A Claro deve a ele 10 mil euros pela participação com Ronaldo. « Fiz da internet meu canal de tv », conta Rémi. Sua rotina é acordar tarde, andar pela cidade para se inspirar e conversar com os amigos. Quando surge uma boa ideia, ele sai às ruas para gravar.

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A trajetoria de Rémi Gaillard vai virar filme este ano. Sob a direção de Jean-François Richet, realizador de Mesrine, as filmagens começam entre julho e agosto, em Montpellier – a cidade natal do humorista e cenário da maioria de seus vídeos. Além disso, o humorista vai publicar sua biografia e contar sua relação com seu inimigo número um : o show business - « esse meio sujo de monopólio da televisão », completa Rémi. O humorista se gaba de ter chegado até aqui sem a televisão, com a ajuda apenas da internet.

Abaixo, sua entrevista ao 247:

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Rémi – Como chama o Jornal?

247 – Brasil 247

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Rémi - Brasil 247. Tá bom assim ? Apenas para dizer que – é preciso que você traduza isso, deve ser simples - é fazendo uma idiotice que a gente se torna qualquer um. Eu gostaria de dizer ao Brasil, porque eu imagino que as coisas aconteçam aí como na França, eu menosprezo profundamente o meio dos que fazem a televisão - sem contar Tadeu Schmidt, eu gosto muito do Tadeu Schmidt, do Bola Cheia, Bola Murcha.

247 – E o Ronaldo?

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Rémi – Ronaldo, então eu gosto muito dele, muito mesmo, mas pare de trapacear, porque eu fiz uma publicidade com ele. É preciso explicar isso. Ronaldo, porque você trapaceou?

247 – Como assim?

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Rémi – Com o Ronaldo está resolvido. Mas à Claro, que nos contratou para fazer a publicidade, pensem em me pagar. Não é porque eu moro na França que vocês vão me tratar como um caipira. Se não nós vamos ao Brasil e vamos tirá-los de novo da Copa do Mundo. E ainda por cima será na casa de vocês. Aí não adianta chorar. Me paguem se não vão se arrepender.

Assista aqui a um vídeo produzido por Rémi:

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