Cesta básica consome sozinha até 67% do salário mínimo

Na prática, pessoa que recebe o piso nacional teria de trabalhar mais de cinco meses para receber o que a Constituição determina para um mês

(Foto: ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)


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Rede Brasil Atual - O salário mínimo deveria ser de R$ 5.800 em dezembro do ano passado, segundo o Dieese, para cumprir seu papel constitucional. Ou seja, suprir despesas básicas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. O Dieese calcula e divulga o valor do salário mínimo necessário todos os meses, junto com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Em dezembro, a cesta aumentou em todas as 17 capitais pesquisadas pelo instituto. Desse modo, na média, somente a compra dos itens da cesta consome entre metade e 67% do salário mínimo, conforme a região.

Na prática, o salário mínimo necessário em São Paulo, por exemplo, é 5,3 vezes maior do que o oficial, de R$ 1.100. Ou seja, quem ganha o piso nacional tem de trabalhar mais de cinco meses para receber o que a Constituição determina para um mês.

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A pesquisa apurou em Curitiba a alta mais expressiva em um ano (16,30%). Em seguida vêm Natal (15,42%), Recife (13,42%), Florianópolis (12,02%) e Campo Grande (11,26%). As menores taxas acumuladas foram as de Brasília (5,03%), Aracaju (5,49%) e Goiânia (5,93%).

Já as capitais com cesta básica mais cara, ou seja, que exige mais horas de trabalho para comprá-la, foram São Paulo (R$ 690,51), Florianópolis (R$ 689,56) e Porto Alegre (R$ 682,90). Entre as cidades do Norte e Nordeste, localidades onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 478,05), João Pessoa (R$ 510,82) e Salvador (R$ 518,21).

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Os preços dos alimentos básicos, principalmente os que são commodities, seguiram elevados em 2021, por dois principais fatores. Um o dólar alto, atraente para as exportações e influenciando negativamente os custos de produção (preços dos insumos); e outro, os problemas climáticos (seca, geada). Por outro lado, outros produtos tiveram redução de preço, uma vez que a economia seguiu em baixa, com poucos empregos criados, crescimento da informalidade e alto desemprego, o que freou o consumo. Muitos produtores não conseguiram repassar os aumentos para o preço final.

Os dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos mostraram que, entre dezembro de 2020 e de 2021, nove produtos tiveram alta acumulada de preços em quase todas as capitais pesquisadas. Foram eles: carne bovina de primeira, açúcar, óleo de soja, café em pó, tomate, pão francês, manteiga, leite integral longa vida e farinha de trigo, no Centro-Sul, e de mandioca, no Norte e Nordeste. Por outro lado, batata, arroz agulhinha e feijão registraram taxas negativas na maior parte das capitais.

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