Casino: Abilio é ladrão, fora da lei e sem ética

Expropriar o verbo usado pelo grupo Casino, em nota, para definir a manobra de Abilio Diniz e seu Po de Acar para quebrar seu acordo de acionistas e unir-se ao Carrefour



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247 – A França já teve um filósofo famoso, Pierre-Joseph Proudhon, precursor do socialismo, que definiu a propriedade nos seguintes termos: “É um roubo”. “La proprieté, c´est le vol”, disse ele, na sua frase mais famosa, mais citada e menos compreendida. Com o passar dos anos, Proudhon se tornou uma figura caricata. E todos os regimes jurídicos do mundo reconhecem o direito à propriedade. Atacar a propriedade alheia, de onde deriva a palavra expropriar, é o mesmo que roubar, no jargão popular. E foi exatamente “expropriar” a palavra usada pelo Casino, em nota oficial, para nomear a manobra feita pelo Pão de Açúcar, de Abílio Diniz para romper seu acordo de acionistas e unir-se ao Carrefour.

Eis a definição, à página 861, do Dicionário Houaiss da língua portuguesa para o verbo expropriar: “Retirar de (alguém) a propriedade ou posse por conveniência ou necessidade pública”. Como o bilionário Abilio não passa por nenhuma necessidade, depreende-se que seja por conveniência – a menos que ele, que estuda francês nas horas vagas, esteja lendo Proudhon. 

No seu comunicado ao mercado, o grupo francês Casino não deixou, como se diz, pedra sobre pedra em relação a maneira como o empresário Abilio Diniz está conduzindo as negociações para a fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour. O Casino é sócio de Diniz no próprio Pão de Açúcar e se considera traído por ser o último a saber dos entendimentos que só agora começam a ser divulgados.

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“A proposta estruturada em conjunto, em segredo e de forma ilegal (tem ) o objetivo de frustrar acordo de acionistas e indiretamente expropriar do Casino os direitos de controle adquiridos e pagos no ano de 2005”, começa nota pública. “O Carrefour e o sr. Abilio Diniz ignoraram delibradamente tanto a lei e os contratos quanto os princípios fundamentais da ética comercial”.

Como se fosse pouco, o Casino distribuiu mais petardos, sem meias palavras: “O Casino tem sido um acionista leal da CBD (Companhia Brasileira de Distribuição, controladora do Pão de Açúcar) desde 1999, quando foi convidado pelo sr. Abilio Diniz e sua família para se tornar o maior acionista da companhia, numa época em que a CBD passa por sérias dificuldades financeiras”.

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O arremate é um voto de confiança na vigência dos contratos dentro do Brasil: “Estamos confiantes que as leis e as autoridades brasileiras não permitirão que prevaleça qualquer ameaça ou estratagema destinado a violar direitos legalmente constituídos de acordo com as leis do país”.

Leia, abaixo, noticário anterior do 247 sobre a fusão mais tumultuada já vista no Brasil.

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247 - Inimigos, inimigos, negócios à parte. Esse parece ser o lema que está presidindo a nervosa trama que envolve os grupos supermercadistas Pão de Açúcar, Casino e Carrefour, com o banco BTG Pactual entre eles. Depois de evitarem, em Paris, uma visita pessoal de Abílio Diniz à sua sede mundial, os executivos do Casino enviaram carta ao Conselho de Administração da Wilkes - empresa que controla do Pão de Açúcar, formada pelo capital de Diniz e dos franceses -- para entender, afinal, qual é a proposta que o banco BTG Pactual está colocando sobre a mesa. Essa proposta foi costurada sob a coordenação de Cláudio Galeazzi, ex-presidente do Pão de Açúcar e amigo pessoal de Diniz. "Com ela, o Casino sai ganhando", assoprou o Pactual ao mercado. A carta com o pedido de "reunião urgente" foi entregue pelo Pão de Açúcar à Comissão de Valores Mobiliários e divulgada à imprensa. As ações da empresa, que já subia além dos 10% até o início da tarde, saltaram para mais de 14% antes do encerramento do pregão da bolsa de valores de São Paulo.

Abaixo, o noticiário anterior de Brasil 247:

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Marcio Kroehn, 247 _ Há menos de quinze dias, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, assinou um comunicado em conjunto com seu sócio Casino afirmando que não existia qualquer conversa com o concorrente Carrefour para unir as operações de Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil. Pouco antes, no final de maio, a nota do maior grupo varejista brasileiro era ainda mais categórica: “o Grupo Pão de Açúcar não é parte em qualquer negociação com o Carrefour e não contratou qualquer assessor financeiro com esse fim”. Mas a verdade veio à tona nos últimos dias. Hoje, enquanto o Banco BTG Pactual informava o mercado sobre a criação do Gama, um fundo de investimento para viabilizar a sociedade de Pão de Açúcar, seu sócio Casino e o concorrente Carrefour, Diniz está em Paris para mostrar a importância da fusão das marcas e tentar evitar uma ruptura definitiva com osócio francês, que se considera traído nessa história econômica.

Esta semana parece decisiva para as pretensões de Diniz com o Casino. Os sócios franceses do Pão de Açúcar, que têm a opção contratual de adquirir o controle da varejista brasileira até a metade do ano que vem, estão se considerando enganados pelas recentes atitudes dele. Todos os comunicados assinados por Diniz escondiam o que os executivos do Casino não admitiam: iniciar uma importante negociação sem que eles soubessem e nem, sequer, que fossem avisados. O Casino não só abriu um processo contra Diniz na Câmara Internacional de Comércio (ICC), como solicitou uma minuciosa investigação para obter provas do passo a passo do sócio brasileiro nos últimos meses. E em uma vistoria nos escritórios do Carrefour, com autorização da Justiça, foram encontradas uma quantidade suficiente de documentos que mostravam a conversa entre as partes e com uma assessoria financeira, a brasileira Estater.

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Para acalmar a ira do Casino, dono de 37% do capital do Pão de Açúcar, Abílio Diniz tenta há 48 horas, em Paris, um encontro com Jean-Charles Naouri, principal executivo do grupo francês. Nesse período, ele já se encontrou com Lars Olofsson, CEO mundial do Carrefour. O problema é que Diniz teria que desarmar, primeiro, a bomba que estava prestes a explodir. Antes do vazamento da informação, Diniz tentou contatar Naouri por todos os meios de comunicação, mas não obteve retorno. Com a explosão programada, ele voou para a capital da França imaginando ser mais fácil explicar, frente a frente, o que estava acontecendo e as vantagens de criar uma nova empresa com faturamento de mais de R$ 65 bilhões no setor de alimentos. Pelo comunicado, o negócio não deve sair do papel."O anúncio da proposta de fusão confirma que negociações secretas e ilegais foram conduzidas e estão ocorrendo. No entanto, em consideração aos acordos públicos que o Casino assinou com o Abílio Diniz, nenhuma negociação envolvendo o futuro do Pão de Açúcar pode ocorrer sem o Casino".

A esperança de Diniz é convencer Naouri de que o Pão de Açúcar não tem nada a ver com a proposta do BTG Pactual. O inconveniente nessa história é que Claudio Galeazzi, um dos atuais sócios do BTG, conhece profundamente o Pão de Açúcar. Ele foi presidente da rede varejista de dezembro de 2007 a março de 2010 e foi um dos poucos a se adaptar ao estilo de Diniz. Quando deixou o Grupo, Galeazzi entregou uma empresa com o dobro de tamanho, com todas as metas superadas e com um importante corte de custos. Por isso, as informações que Galeazzi traz de dentro do Pão de Açúcar podem ter sido decisivas para uma bem elaborada proposta que mostra os pontos fortes e fracos para a empresa continuar lucrativa nos próximos anos.

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No documento do BTG Pactual, a fusão da Companhia Brasileira de Distribuição(controladora do Pão de Açúcar) e do Carrefour Brasil dará origem ao Novo Pão de Açúcar (NPA). A oferta deverá ser avaliada pelos sócios envolvidos em até 60 dias. Pelas contas do assessor financeiro da operação, a nova empresa reparte em condição de igualdade o Pão de Açúcar com o grupo francês Carrefour. O NPA, por sua vez, terá 100% sobre a filial brasileira do Carrefour. E dessa reestruturação societária, a NPA terá 11,7% do Carrefour mundial, sendo assim o seu maior acionista. Diniz ficará com 17% da NPA e o Casino, com 29%. Com a criação da Gama, um fundo de investimento com o único propósito de unir Pão de Açúcar e Carrefour, haverá uma injeção de 2,5 bilhões de euros (R$ 5,7 bilhões). Os recursos virão do BNDESPar (1,7 bilhão de euros) e do BTG, que colocará 800 milhões de euros (R$ 1,82 bilhão).


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