"Brasil vai dobrar área de trigo e virar exportador", diz chefe da Embrapa

Celso Moretti, presidente da Embrapa, ainda afirmou que o país possui as tecnologias necessárias para atingir o objetivo de "alimentar o mundo"

(Foto: Jorge Duarte/Embrapa | Divulgação)


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247 - Garantir a independência do trigo é a bola da vez, defende Celso Moretti, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com o real desvalorizado, a produção brasileira da commodity está em alta, em um cenário onde Rússia e Ucrânia têm seu fornecimento prejudicado pela guerra. No primeiro trimestre, o Brasil, tradicional importador, passou a exportar mais trigo para fechar com uma balança favorável.

Em entrevista à Veja, Moretti ainda justifica porque o Brasil tem considerações favoráveis para ‘’alimentar o mundo’’, em pouco tempo.

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"Ao longo da última década, nesse trabalho de tropicalização, a Embrapa começou a tirar o trigo do sul do Brasil para o Cerrado, a partir de 2012. Rio Grande do Sul e Paraná hoje concentram 90% da produção nacional do trigo, com uma produtividade média de 2.500 kg por hectare. Começamos a ver que o trigo se desenvolve muito bem em Minas Gerais e Goiás, e inclusive no entorno do Distrito Federal, que tem 65% de seu território como área rural. Ano passado, um dos bons produtores da região, de Cristalina, em Goiás,  bateu o recorde mundial de produção de trigo, com 9.630 kg/hectare. Com a tecnologia nós mostramos para o mundo que podemos produzir trigo na região tropical, sem desmatar um milímetro quadrado de área verde. Só com o Cerrado nós conseguiremos dobrar a área de trigo do Brasil. Mais recentemente nós colhemos trigo em Roraima, uma região que está acima da Linha do Equador. Foi algo completamente inesperado. Nós colhemos trigo de excelente qualidade e conseguimos uma média de 3.000 kg por hectare. A média do Brasil é de 2.748 kg. Portanto, em uma década, o Brasil pode sair de importador para exportador de trigo", disse.

"Hoje, a produção agrícola na região do Matopiba (região formada por áreas majoritariamente de cerrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) já é uma realidade, com a produção de grãos. Há grandes produtores que estão colhendo soja e milho e nós levamos trigo para o Ceará, que também desempenhou bem. A área do brasil é de 850 milhões de hectares, desse total, nós utilizamos 67 milhões de hectares (8,2%) para produzir grãos. Além disso, 90 milhões de hectares de terra são pastagens degradadas, áreas abertas e que não foram cuidadas adequadamente, localizadas na região Nordeste e Sudeste, mais próximas do centro do Brasil. Com tecnologia que nós já temos, podemos converter parte dessa área degradada, de 30 milhões de hectares, em agricultura. Então, quando dizemos que o Brasil vai alimentar o mundo, não é narrativa para ficar bonito na foto, é porque realmente nós temos tecnologia, clima, solo, água, a Embrapa e seus parceiros. Juntos, podemos dobrar a produção de alimentos, fibras e bioenergia. E, para dobrar a produção agrícola, nós não precisamos cortar uma árvore sequer do bioma amazônico", disse.

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