Bolsonaro minimiza alta da inflação no Brasil
“Se eu não me engano, em 2014 ou 2015, a inflação foi de 10% também”, disse Jair Bolsonaro em entrevista à Gazeta Brasil
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247 - Jair Bolsonaro minimizou a inflação alta registrada em 2021 ao dizer que em 2015 o índice inflacionário (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA) no Brasil também registrou 10%. “Se eu não me engano, em 2014 ou 2015, a inflação foi de 10% também. Me aponte qual crise aconteceu nesses dois anos”, disse à Gazeta Brasil nesta quarta-feira, 12.
A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano de 2021 com aumento de 10,06%, a maior taxa desde 2015, quando foi de 10,67%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou muito acima da meta estabelecida pelo Banco Central, que era de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Assim, segundo a meta do BC, a inflação poderia chegar a 5,25% no máximo. Em dezembro, a inflação ficou em 0,73%, após registrar 0,95% em novembro.
Com isso, o Brasil tem a terceira maior inflação do G-20 em 2021, atrás apenas de Argentina, que até novembro acumulava em 12 meses uma inflação de 52,1%, e a Turquia, cujo índice é de 36,08%, já atualizado em dezembro.
Bolsonaro culpa medidas da pandemia
À Gazeta Brasil, Bolsonaro afirmou novamente que a culpa da alta inflação no Brasil é das medidas restritivas contra a pandemia do novo coronavírus, como o isolamento social. “Não teve crise nenhuma. Nós tivemos aqui a questão do Covid. Com a política do ‘fique em casa’, a cadeia produtiva sofreu solavancos. E a inflação é uma questão natural”, afirmou.
No entanto, no G20, países como Austrália, Canadá, China e Coreia do Sul, que adotaram medidas muito mais restritivas ao longo da pandemia para cortar a disseminação da Covid-19, registraram uma inflação acumulada inferior à do Brasil, porque as ações sanitárias não são o único fator a justificar a flutuação dos preços.
Segundo o IBGE, o resultado de 2021 foi influenciado principalmente pela questão dos transportes, com variação de 21,03% e o maior impacto, de 4,19%, no acumulado do ano. Em seguida aparecem habitação (13,05%), com impacto de 2,05% no acumulado anual, e alimentação e bebidas (7,94%), com impacto de 1,68%.
Para o Banco Central, no entanto, a culpa da altíssima inflação é da crise hídrica e da falta de insumos. Para o presidente da entidade, Roberto Campos Neto, a situação é resultado de uma mistura de fatores, como a criação da bandeira de energia elétrica de escassez hídrica, alta das commodities e falta de insumos para as cadeias de produção.
Alta dos combustíveis
O grupo de transportes foi o grande responsável pela inflação no Brasil. Pelo Twitter, o ex-presidente Lula (PT) classificou o governo de "irresponsável" pela política de reajustes de preços de combustíveis. "É importante o povo saber que boa parte da inflação nesse país se deve aos preços controlados por um governo irresponsável. Segundo o IBGE, em 2021, a Gasolina ficou 47% mais cara, o Diesel 46%, o botijão de gás 36%", disse.
Nesta quarta-feira, entrou em vigor o novo reajuste da Petrobras, de 8% no preço do diesel e de 4,85% no da gasolina nas refinarias. "E hoje é 12 de janeiro, o ano mal começou, e o Brasil já enfrenta a primeira alta nos combustíveis de 2022. Já o aumento do salário mínimo, esse ano, não irá sequer cobrir a inflação", criticou Lula.
O novo reajuste desagradou os caminhoneiros, categoria que tem se mobilizado contra o alto preço dos combustíveis. O presidente da Associação Fluminense de Transportes de Carga, Isac de Oliveira, disse que os motoristas estão saturados com a escalada de preços dos combustíveis.
“Estamos saturados, é claro. É um ‘presente’ de ano novo do governo que atinge primeiro os caminhoneiros, mas que vai impactar todo mundo no final. Está ficando inviável trabalhar, cada vez mais. Estamos resistindo porque dirigir é a única coisa que sabemos fazer”, afirmou.
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