Bolsas despencam em dia tenso para o mercado
Ibovespa leva tombo de 4,83%, Nova York perde 3,51%, Paris fecha a menos 5,25% e Frankfurt recua 4,96%
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247 - Num dia tenso para o mercado mundial, nenhuma das ações listadas na Bovespa fechou em alta nesta quinta-feira. Seguindo a tendência mundial, a bolsa de São Paulo fechou o dia com queda de 4,83%, caindo aos 53.280 pontos -- as maiores perdas ficaram por conta de Marfrig (-8,84%), TAM (-8,47%) e Gol (-8,36%).
As principais praças financeiras da Europa despencaram nesta quinta diante da piora do cenário externo, com a indefinição sobre a Grécia e o temor crescente de calote, além de declarações pessimistas do Banco Central dos Estados Unidos sobre a economia mundial. Londres fechou em queda de 4,67%, Frankfurt cedeu 4,96% e Paris recuou 5,25%.
Em Nova York, os sinais negativos se repetiram, mas com intensidade menor: Dow Jones perdeu 3,51%, Nasdaq caiu 2,25% e S&P 500 recuou 3,19%.
Os contratos de proteção contra risco de crédito da Alemanha, Itália e Espanha atingiriam recorde de alta nesta quinta na esteira dos fracos indicadores econômicos europeus.
Divulgados pela manhã, os dados acentuaram as preocupações com as condições da economia global provocadas pelo anúncio ontem do Federal Reserve (BC dos EUA) de que as dificuldades ao crescimento e aos mercados financeiros devem persistir. O indicador de atividade da zona do euro, por exemplo, indicou contração em setembro, a primeira desde julho de 2009.
Na quarta-feira, o Fed deu mais um passo não convencional para tentar estimular a economia norte-americana que flerta com a recessão, afirmando que vai aumentar a fatia de Treasuries (títulos) de longo prazo de sua carteira em US$ 400 bilhões até junho de 2012, num esforço para tornar o crédito mais barato e impulsionar os gastos e os investimentos.
Para manter as taxas de hipotecas baixas, o BC norte-americano também disse que vai reinvestir os recursos dos ativos lastreados em hipotecas e das dívidas das agências que vencerem em ativos hipotecários. O resultado prático das medidas, contudo, tem efeito duvidoso.
No mercado de câmbio doméstico, o dólar sobe 1,90% e é cotado a R$ 1,88. A moeda chegou a atingir a máxima de R$ 1,9530, mas perdeu força após o Banco Central anunciar a retomada da oferta de contratos de swap cambial tradicional (venda de dólar no mercado futuro), que não era realizada pela autoridade monetária desde 26 de junho de 2009.
O swap cambial é uma troca oferecida pelo Banco Central aos investidores por meio da venda de contratos em leilões no mercado. No swap cambial tradicional, o Banco Central oferece ao investidor receber remuneração em juro, em troca da remuneração em dólar.
Esses contratos foram muito vendidos nas épocas de forte valorização do real. Como nos contratos de swap cada uma das pontas se compromete a pagar a oscilação de uma taxa, se a variação do juro for maior que a do câmbio no período de vigência do contrato, o investidor receberá mais do que precisará pagar.
Mais cedo, as Bolsas da Ásia também fecharam em queda, com baixas superiores a 2%. O índice Nikkei de Tóquio encerrou com perda de 2,1%, para 8.560,26 pontos. Na China, o índice Xangai Composto perdeu 2,8% e encerrou aos 2.443,06 pontos.
Leia texto publicado esta manhã em 247:
247 – O dólar disparou. Até a semana passada, e desde o início do ano, praticamente uma unanimidade de economistas e empresários, especialmente os do setor exportador, reclamavam do câmbio, considerando o real muito valorizado em relação à moeda americana. Eram dias em que se podia comprar um dólar por algo como R$ 1,55 - a menor cotação em doze anos, registrada em 22 de julho, em plenas férias escolares no Brasil. Agora, porém, todos os sinais se inverteram. Quem reclamava está assustado com a rápida elevação da moeda americana. “O que era para ser uma subida pela escada está acontecendo pelo elevador”, compara um especialista em câmbio. “O problema, quando se dá uma valorização na velocidade que estamos vendo, é que uma queda pode acontecer no mesmo ritmo, ou seja, está criado o ambiente da volatilidade, que dificulta tomadas de decisões e atrapalha ações de planejamento estratégico de empresas”.
Hoje, enquanto a Bolsa de Valores derretia em 3,74%, em razão das más notícias que vêm de todas as direções do exterior, a moeda americana subia na mesma proporção, com valorização de 3,4% em relação ao real. E isso apenas na parte da manhã! Dessa maneira, a cotação chegou R$ 1,94. No dia anterior, a subida igualmente se dera em alta velocidade, com alta de 3,4% em relação ao fechamento da terça-feira. Fora a maior desde 8 de junho de 2010.
O descontrole dessa verdadeira disparada é preocupante, mas há alguns aspectos positivos na alta da moeda americana, em que a figura do primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, é dominante. O primeiro, sem dúvida, é o benefício que isso proporciona ao setor exportador. As commodities e produtos manufaturados brasileiros passam a ter preços mais competitivos, com melhor remuneração para as empresas. O mercado interno também pode tirar proveito, uma vez que a alta do dólar pode colocar um freio na farra das importações. Fica, afinal, mais caro comprar lá fora. A especulação cambial também tende a se reduzir. Ela ocorre, na sua maior parte, a partir de investidores estrangeiros, que carreiam recursos para o mercado nacional em busca da remuneração oferecida pela taxa de juros mais alta do mundo. Esse movimento faz com que o Brasil fique, como dizem os economistas, inundado de dólares, o que, na prática, leva a uma depreciação. A virada de sinal no câmbio contribui para que o valor do real fique melhor ajustado em relação as outras moedas do mundo, o que alivia, em tese, a ação especulativa.
Para o cidadão comum, que já se acostumou a levar a família para viajar ao exterior no período de férias escolares, a alta do dólar, é claro, não é uma boa notícia. Ela significa que o mundo ficou mais caro para os brasileiros. Até agora, não há previsão de medidas governamentais para conter a alta – e no momento em que o mundo inteiro teme uma crise econômica de graves proporções, parece que as autoridades econômicas de Brasília estão praticando a máxima ‘deixa como está para ver como é que fica’.
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