BC mais próximo do modelo do FED

A autoridade monetária tem não só a responsabilidade de controlar a inflação, como, ainda, a de garantir que as bases para o crescimento da economia sejam dadas



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Quando a presidenta, Dilma Rousseff, discursou reafirmando o compromisso do governo com o controle da inflação, mas sem matar “a galinha dos ovos de ouro” do crescimento econômico, muitos “analistas” com voz amplificada pela grande imprensa classificaram o desafio como paradoxal.

Sustentavam que ou bem se combatia a alta inflacionária ou bem se crescia, já que seria o crescimento, a partir do consumo elevado, que estaria provocando descontrole da inflação. Isso por mais que soubessem que havia um componente externo a pressionar os índices de inflação, sobre o qual a velha fórmula de aumentar os juros não surtia efeito.

Felizmente, por vezes, surge no noticiário algo fora desse padrão quase que automático de análise. É o caso, por exemplo de matéria do jornal O Estado de S.Paulo intitulada “Sob Dilma, BC muda e tenta estimular crescimento, além de vigiar a inflação”. Era a percepção do que a presidenta Dilma havia afirmado: a política monetária do Banco Central está mais próxima do modelo norte-americano, em que o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) tem não só a responsabilidade de controlar a inflação, como, ainda, a de garantir que as bases para o crescimento da economia sejam dadas.

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Atuar nas duas pontas para garantir que a economia do país se sustente sobre bases saudáveis é de uma obviedade ululante. No Brasil, no entanto, precisou o PT chegar ao governo para que esse princípio –adotado no mundo desenvolvido– pudesse ser considerado por aqui.

Oficialmente, o BC tem mandato apenas para garantir o cumprimento da meta de inflação definida pelo governo, mas a instituição tem adotado uma estratégia de buscar ambos os objetivos, gradualmente.

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A mudança de paradigma por aqui tem seu sustentáculo no alongamento do prazo de convergência da inflação para o centro da meta de 4,5%. Assim, ao invés de adotar uma política monetária mais brusca para buscar o centro da meta já em 2011, o BC sinalizou que o objetivo será, neste ano, não superar a margem máxima admitida, de 6,5%, deixando a convergência para 2012.

Essa opção permitirá ao governo não frear demais o ritmo de crescimento da economia em 2011, o que poderia trazer o efeito colateral de comprometer o crescimento dos próximos anos. Numa imagem automobilística, é trocar um pisão no freio por uma retirada do pé do acelerador.

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O relatório trimestral de inflação de março do BC foi explícito nesse sentido, ao afirmar que uma convergência em 2011 para o centro da meta de 4,5%, diante dos choques de oferta, implicaria um custo muito alto para a atividade econômica e a boa prática recomendava um movimento mais suave.

É de se comemorar o amadurecimento de uma instituição como o Banco Central, hoje capaz de atuar não apenas no combate à inflação, mas também preocupado com o emprego e o crescimento do país. Antes tarde do que nunca.

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José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

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