Até Serra elogia Tombini por corte nos juros
Maior crtico do BC faz reflexo favorvel sobre deciso de baixar juros para 12%; tucano tambm acha que taxa menor melhor frente a crise; "No vejo nenhum problema quanto a credibilidade do banco central"
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Clay Scholz_ Agência Estado - O ex-governador José Serra defendeu o corte dos juros anunciado pelo Banco Central na quarta-feira. E discordou das críticas de que o BC colocou em risco a sua credibilidade ao anunciar a redução um dia depois do pedido público feito pela presidente Dilma Rousseff. "Não vejo nenhum problema especial a respeito da taxa de credibilidade do Banco Central", disse Serra, em entrevista por escrito. "O BC só ganharia, ou não perderia credibilidade quando sobe os juros? ", questionou. Veja abaixo o que pensa José Serra sobre a polêmica:
Estado - O que o Sr. Achou da decisão do Copom?
José Serra - Achei a decisão correta. Os juros futuros estavam caindo e a pressão das commodities sobre a inflação diminuindo, em razão da crise internacional.
Estado - O fato de a decisão ser anunciada no dia seguinte ao pedido feito pela presidente Dilma Rousseff afeta a credibilidade do BC?
José Serra - Não vejo nenhum problema especial a respeito da taxa de credibilidade do Banco Central. Ele ganharia, ou não perderia, credibilidade quando sobe os juros?
Estado - Há risco de alta da inflação?
José Serra - Em relação à inflação vale a pena lembrar que o efeito do aumento dos juros se dá menos por eventual aperto da demanda, que é pequeno, do que pela sobrevalorização do Real, pois os juros em elevação estimulam ainda mais o afluxo de dólares que inunda nossa economia.
A chave da estratégia brasileira de controle da inflação nos últimos anos tem sido a valorização do câmbio, não a da contenção da demanda. Não convém também ignorar o impacto dos juros no gasto público: neste ano, se a taxa permanecer em 12 por cento, esse gasto será de 226 bilhões, contra 195 bilhões no ano passado. Nesse item, como proporção do Produto Interno Bruto, gastamos mais do que o Japão, cuja dívida é quatro ou cinco vezes maior do que a brasileira.
Estado - O Sr. acha que o Banco Central cedeu à pressão do Governo Federal?
José Serra - Não vejo maior problema no fato de o ministro da Fazenda e a presidente da república conversarem com o Banco Central e expressarem seu pensamento. Isso acontece em todos os países. Agora, acharem que há intervenção indevida porque o Banco Central adotou a medida que eles achavam melhor não faz sentido. Teria de ser do contra só para afirmar sua autonomia?
Estado - O que achou do anúncio do ajuste fiscal?
José Serra - É claro que o anúncio do aumento do superávit primário em R$ 10 bilhões de reais foi feito para acalmar o mercado em relação à diminuição dos juros, que já devia estar programada. Aquele aumento é perfumaria, até porque não provêm de cortes, mas de aumento de receita, e é pequeno diante do aumento das despesas com juros, que será de pelo menos R$ 30 bilhões neste ano em relação ao ano passado.
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