Analistas observam contínua perda de fôlego do mercado de trabalho e projetam piora em 2023

Dado dessazonalizado de dezembro aponta para uma taxa mensal de desocupação de 8,5%, ante 8,3% em novembro, destacam especialistas

(Foto: José Paulo Lacerda/CNI/Divulgação)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Infomoney - Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de dezembro divulgados nesta terça-feira (28) pelo IBGE reforçam o cenário de desaquecimento do mercado de trabalho no final de 2022, segundo avaliação de analistas do mercado. Embora o dado final tenha sido uma taxa de 7,9% no trimestre encerrado em dezembro (menor que o consenso Refinitiv de 8,0%) os números dessazonalizados apontam para uma taxa mensal de 8,5%, ante 8,3% em novembro.

Em relatoria, a XP Investimentos afirma que a dinâmica recente de geração de empregos no País não é animadora. Além da piora no dado dessazonalizado, foi destacada a contração da população empregada, de -0,3% na comparação mensal, ante uma virtual estabilidade da população ativa (-0,1%) na mesma comparação.

continua após o anúncio

“O primeiro (dado) registrou a terceira variação negativa consecutiva mensalmente, significativa em relação ao ganho médio de 0,6% de janeiro a setembro”, comparou a XP.

A explicação é que isso reflete a desaceleração da atividade econômica a partir de meados de 2022. Para a XP, o PIB brasileiro ficou praticamente estável no quarto trimestre, com a projeção de +0,1% de crescimento. O dado oficial será divulgado pelo IBGE na quinta-feira.

continua após o anúncio

Segundo a análise, o enfraquecimento do crescimento do emprego propagou-se em todos os setores e tipos de ocupação. A soma das categorias informais teve seu quarto recuo em dezembro (-1,1%), após a recuperação iniciada em meados de 2021.

A categoria trabalhadores do setor público sem carteira de trabalho assinada, por exemplo, caiu 3,8% no mês, possivelmente refletindo a transição de governo. E a categoria “empregador sem registro nacional de pessoa jurídica” recuou -1,9% em dezembro ante novembro.

continua após o anúncio

Enquanto isso, o emprego formal subiu 0,2% em dezembro, confirmando a desaceleração da criação de empregos formais no período recente.

Do lado positivo, a XP destacou o rendimento médio real habitual do trabalho, que apresentou em dezembro a oitava alta consecutiva (de 0,6) situando-se cerca de 1% abaixo dos níveis observados pouco antes da pandemia. “Em nossa visão, o rendimento real do trabalho permanecerá em trajetória ascendente até o segundo trimestre”, previu o relatório.

continua após o anúncio

A projeção é que o emprego total continuará a se enfraquecer ao longo de 2023, com uma estabilidade virtual no primeiro semestre e alguma queda nos últimos seis meses do ano.

“De acordo com nossas projeções, a taxa de desemprego dessazonalizada chegará a 9,0% ao final de 2023. Ou seja, muito abaixo dos níveis de 11,5% registrados pouco antes da crise do covid-19, mas com a interrupção de uma recuperação sólida observada há cerca de um ano e meio”, comentou a XP.

continua após o anúncio

“Calculamos uma taxa média de desemprego de 8,7% este ano, abaixo dos 9,3% do ano passado”, concluiu.

Força de trabalho

O Goldman Sachs chamou a atenção para a taxa de participação da força de trabalho, que caiu para 61,5% em dezembro (abaixo dos 62,0% de em novembro). Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho ativa aumentou 900 mil em relação a novembro (+1,4% no comparativo mensal).

continua após o anúncio

“O emprego total caiu pelo quarto mês consecutivo, com o declínio direcionado para empregos informais”, comentou o banco de investimentos, reforçando que isso tem acontecido por cinco meses consecutivos.

O Goldman Sachs também espera uma desaceleração do mercado de trabalho nos próximos trimestres, dada a expectativa de crescimento abaixo da tendência no primeiros seis meses de 2023.

continua após o anúncio

“A taxa de desemprego também pode ser impactada se o número ainda considerável de trabalhadores desanimados fora da força de trabalho – 4,0 milhões ou 3,7% da força de trabalho ativa – começar a procurar emprego e retornar à força de trabalho ativa”, alertou.

O banco lembra que um grande número de 21,3 milhões de trabalhadores ainda está subutilizado e que isso representa 12,3% da população em idade ativa e 19,6% da força de trabalho economicamente ativa.

Fechamento de vagas

Já o BTG Pactual comentou que em sua simulação interna de criação de vagas apontou encerramento de vagas no setor formal e informal pelo segundo mês consecutivo. O setor formal apontou o encerramento de 326 mil postos nos últimos dois meses do ano, enquanto o Informal relatou encerramento de 407 mil postos.

Pra o banco, o resultado divulgado hoje reforça uma leitura de desaceleração do mercado de trabalho, em linha com o cenário base de perda de ímpeto da atividade econômica devido ao patamar restritivo dos juros adotado para conter a inflação

“Para 2023, a despeito de esperarmos certa estabilidade na taxa, esperamos uma deterioração do qualitativo do mercado de trabalho, com baixa taxa de participação e modesta geração líquida de postos”, disse o BTG.

Para o Banco Original, apesar de a desocupação continuar em trajetória de queda, a ocupação continua dando sinais de arrefecimento, com uma redução tanto na força de trabalho quanto nas pessoas ocupadas.

“Apesar do número de dezembro ser positivo, parte importante é explicada pela nova contração na taxa de participação, passando de 62,4% em novembro para 62,1% em dezembro, ainda em patamares inferiores à média pré-pandêmica (aproximadamente 63%)”, comparou o banco.

Para 2023, o Original projeta uma taxa média anual de desemprego em 9%, em linha com a fraqueza projetada para a atividade econômica.

Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, foi outro analista a destacar que a força de trabalho caiu de 108,4 milhões no trimestre móvel até novembro, para 107,6 milhões no trimestre até dezembro.

Para o Itaú, a PNAD continua a indicar que o mercado de trabalho está perdendo folego, tanto no setor formal quanto no informal.

“Esperamos que a taxa de desemprego aumente ligeiramente em 2023, encerrando o ano em 8,6% com ajuste sazonal. O emprego deve ficar relativamente estável devido ao crescimento econômico mais ameno, principalmente e a partir do segundo trimestre, enquanto a taxa de participação deve permanecer em níveis baixos”, diz análise assinada por Natália Cotarelli e Matheus Felipe Fuck.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247