Alerta: bolsa despenca com medo de calote dos EUA

Prego em So Paulo abrir hoje, s 10h00, no nvel mais baixo em 13 meses; perdas acumuladas este ano no Ibovespa chegam a 15%; negcios j desceram ao patamar dos 58 mil pontos; moratria americana pode gerar pnico no mercado



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Marco Damiani _ 247 - Negócios com ações de empresas na bolsa de valores de São Paulo são, até o momento, uma das piores aplicações do ano para os investidores. A julgar pelo Ibovespa, o índice que mede o desempenho dos principais papeis negociados em pregão, as perdas acumuladas neste ano chegaram a 15% ontem. Quem entrou com R$ 100 mil em janeiro tem agora, pela variação do índice, R$ 85 mil. Com a queda, ontem, de 1% no Ibovespa, a bolsa desceu para o patamar dos 50 mil pontos, deixando depois de 19 meses de navegar acima dos 60 mil pontos. O pior, porém, pode estar logo à frente.

Toda essa curva para baixo da bolsa de São Paulo pode ser apenas um ensaio para a verdadeira ladeira que está por vir. Há uma impressão geral no mercado de que uma queda acentuada, provocada pela fuga de investidores e venda de papeis a qualquer preço, pode acontecer caso os Estados Unidos entrem em regime de moratória. Essa hipótese é cada vez mais real. O presidente Barack Obama e a oposição republicana no Congresso simplesmente não conseguem chegar a um acordo a respeito do aumento do teto para os gastos públicos federais. O atual limite de US$ 13,5 trilhões será atingido, segundo os cálculos da própria administração americana, no dia 2 de agosto. Sem um novo teto, os Estados Unidos simplesmente deixarão, a partir dessa data, de honrar seus compromissos com o mercado, como o resgate de títulos em poder dos investidores. Os papeis do Tesouro americano irão virar, como se diz na gíria financeira, pó – e ai vai se ver o que é uma bolsa despencar!

Na crise global de 2009, os negócios da bolsa de São Paulo caíram para o patamar dos 30 mil pontos, o que representa, em relação a hoje, a metade do volume de operações feitas no dia a dia. No outro prato da balança, o dólar disparou em valor. Em outras palavras, a lição que a última crise global deixou, no caso das bolsas, é a de que muita gente foge dela na hora do aperto, trocando papeis de empresas por papel moeda. Assim, quem fica com ações na mão numa hora de pânico, está com o mico (aquela carta que ninguém quer), levando a melhor quem soube transformar essas mesmas ações, antes da perda de valor, em dinheiro. O problema é que, num cenário de perdas como o atual, já é prejuízo, a julgar pelo Ibovespa, vender as ações agora. A indicação, pelos fatos externos à bolsa, de que as coisas podem piorar, arma um cenário de ciclo vicioso, no qual a maioria quer vender, poucos querem comprar, e o valor dos papeis se deprecia. É o que está acontecendo nesse exato momento, com a bolsa dando prejuízo de 15% no ano, sempre tomando-se o Ibovespa como referência. Essa perda se repete no desempenho em muitos fundos administrados por bancos e corretoras a partir dos papeis mais negociados do mercado. Ou seja, milhares de investidores que têm seu dinheiro em fundos que operam exclusiva ou parcialmente com ações estão perdendo dinheiro.

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Além da possibilidade real do calote dos EUA – Obama já foi, inclusive, à tevê americana dizer que, sem o apoio dos republicanos, ele simplesmente não terá dinheiro para pagar os cheques do seguro social de milhões de cidadãos do país --, do outro lado do Atlântico também há muitas incertezas. A soma delas tem empurrado o mercado mundial para baixo. Ontem, por exemplo, a bolsa de Paris fechou em baixa de nauseantes 3,7%. Além de não se entenderem sobre nova ajuda à falida Grécia, os países da União Europeia também não têm clareza sobre a saúde financeira da Itália, da Espanha, da Irlanda e de outros países. A Itália é a terceira maior economia da zona do euro e, se quebrar, sua força de arrasto pode ser fatal para a própria moeda comum e todo o sistema de amarras econômicas e financeiras dos países do continente. Os planos de uma Europa economicamente forte e unida, capaz de fazer frente a seus adversários comerciais EUA e China, além dos países dos BRICs, fracassariam – e o novo cenário, de retorno à atomização dos países do continente, levaria ainda mais temor aos investidores. Eles se retrairiam, o que pressionaria o valor dos papeis das empresas ainda mais para o chão.

No Brasil, apesar dos esforços do governo em mostrar que o processo de crescimento econômico continua por aqui, o medo da volta da inflação, que iria corroer o próprio crescimento, é real. O mercado o teme e, para se defender, já realiza menos negócios. Tanto assim que o patamar os 60 mil pontos está ficando para trás na bolsa de São Paulo. Os profissionais, nesse cenário, conseguem se safar fazendo operações eminentemente especulativas – não é por outra razão que a própria bolsa já acusa um forte aumento nos movimentos chamados de ‘intraday’, aqueles em que um mesmo investidor faz mais de uma compra e venda do mesmo papel no mesmo dia, procurando obter o melhor valor a cada momento. Os demais investidores, porém, ficam com muitos mais chances de perder do que de ganhar. O certo é ficar em estado de alerta.

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