Alckmin diz que desempenho do varejo mostrou prejuízo causado por juros altos

Alckmin argumentou que o juro real está subindo há vários meses, uma vez que a inflação vem caindo, e disse não existe uma demanda crescente que justifique a taxa atual

Geraldo Alckmin e alimentos em supermercado
Geraldo Alckmin e alimentos em supermercado (Foto: REUTERS)


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BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira que o setor do varejo mostrou claramente o prejuízo causado pelos juros altos, reforçando o coro de autoridades do governo contra o que consideram uma taxa básica excessivamente elevada.

"Eles colocaram de forma muito clara primeiro a questão dos juros, porque isso prejudica muito a atividade econômica", disse Alckmin a jornalistas, após reunião de empresários do setor do varejo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros no Palácio do Planalto.

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Alckmin argumentou que o juro real está subindo há vários meses, uma vez que a inflação vem caindo, e disse não existe uma demanda crescente que justifique a taxa atual.

A taxa básica Selic está em 13,75% ao ano, e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne na próxima semana para discutir seu patamar em meio a seguidas pressões do governo pela redução.

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Dados divulgados pelo IBGE nesta manhã mostraram que em abril houve alta de 0,1% das vendas no varejo na comparação com o mês anterior, com ganho de 0,5% sobre o mesmo mês de 2022, resultados abaixo das expectativas de pesquisa da Reuters, de 0,3% e 0,95%, respectivamente.

“O varejo teve uma regressão, não muito forte, mas existiu, neste primeiro quadrimestre, e mostramos as possibilidades de retomada", disse o presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, lembrando o potencial do setor para a geração de empregos.

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"A gente vai ajudar na questão do crédito, o emprego, pelas medidas que ouvimos que estão para ser anunciadas deve melhorar e o varejo terá um melhor segundo semestre", acrescentou.

O presidente do IDV disse ainda que o setor está trabalhando junto com os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento "na elaboração de um plano de conformidade para que as empresas estrangeiras de plataformas digitais de comércio estrangeiro estejam no Brasil, invistam e paguem os impostos".

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Segundo os dados do PIB divulgados pelo IBGE no começo do mês, o consumo das famílias aumentou 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores, sob o impacto da política monetária restritiva e oferta de crédito.

Entre as oito atividades pesquisadas, somente três tiveram resultados positivos em abril. A maior influência positiva foi registrada pela alta de 3,2% de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, marcando o maior crescimento desde março de 2020 (10,5%).

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Esse movimento do setor com maior peso entre as atividades, segundo Santos, deve-se às vendas de Páscoa, segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos. "Hiper e supermercados tiveram desempenho acima da média graças à Páscoa e inflação menor. Como o setor tem peso grande, ajudou a manter uma variação positiva", disse ele, alertando que se o setor fosse excluindo da conta, o resultado geral das vendas varejistas seria negativo.

Também registraram aumento de vendas as atividades de Livros, jornais, revistas e papelaria (1,0%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%). Entre os resultados negativos, destacaram-se Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) e Tecidos, vestuário e calçados (-3,7%).

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No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, houve retração de 1,6% das vendas. "Com juros altos e crédito mais restrito, e por outro lado com a inflação mais baixa, nesse balanço prevalece o consumo de primeira necessidade em detrimento de bens de maior valor agregado", completou Santos.

Apesar dos dois resultados positivos seguidos das vendas varejistas e uma resiliência maior apresentada no início do ano, analistas avaliam que o setor deve desacelerar à frente. Isso devido aos efeitos do aperto monetário realizado pelo Banco Central, com taxa de juros elevada, principalmente dos segmentos sensíveis ao crédito.

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A desaceleração da economia global também deve pesar, com esse cenário geral compensando possíveis benefícios gerados por uma inflação mais fraca. "...os últimos meses mostram uma certa resiliência do comércio. Apesar disso, mantemos nossa projeção de desaceleração à frente, já que os juros altos e a desaceleração da economia global devem continuar impactando o desempenho do varejo, especialmente os segmentos sensíveis a crédito", disse em nota Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

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