Agora, a culpa é da Líbia
Presidente do BC diz que a guerra no Oriente Mdio e a tragdia no Japo podem alimentar a inflao. Mas o aumento nos preos comearam antes dessas crises
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Rodolfo Borges, de Brasília - As crises do Norte da África e do Japão podem atingir o bolso do brasileiro. O aviso foi dado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, realizada na manhã desta terça-feira, 22/03. Tombini declarou aos senadores que a crise em países como a Líbia contribuiu para elevar os preços internacionais do petróleo, provocando um forte choque no processo de recuperação da economia mundial pós-crise de 2008. Outra preocupação do presidente do BC é a catástrofe do Japão, que pode gerar mudanças na matriz energética mundial e “amplia as incertezas sobre a recuperação da economia global e a evolução dos preços de importantes ativos, sejam eles commodities ou mesmo taxas de câmbio”.
O clima de incerteza internacional junta-se à grande valorização do preço internacional das commmodities (que subiram 70% nos últimos nove meses) para agravar o quadro interno de crescimento da demanda, que precisa ser suavizado, segundo Tombini. A alta nos preços das commodities afeta a economia brasileira de maneira mais intensa, pois os alimentos compõem 23% da cesta de consumo no pais. “A inflação voltou a ser uma preocupação global”, disse o presidente do BC, acrescentando que os fatores externos exigem uma análise mais complexa sobre a atuação do Brasil para controlar a inflação.
Tombini também demonstrou preocupação com o forte aquecimento no mercado de trabalho. “Há evidências de que alguns segmentos econômicos já enfrentam o desafio de encontrar profissionais”, disse, citando o setor de construção civil.Apesar do quadro complexo, o presidente do BC prevê que já a partir de abril a inflação tenderá para o centro da meta de 4,5% ao ano (o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor fechou fevereiro em 6,01%). Até o fim do terceiro trimestre, contudo, a inflação permanecerá em patamares elevados, por conta de um efeito estatístico, decorrente da inflação elevada registrada no último semestre do ano passado.
Em clima de congraçamento – apenas os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Marinor Brito (PSOL-PA) fizeram questionamentos de forma mais incisiva –, Tombini foi questionado pelos parlamentares sobre a eficiência da Selic para conter a inflação, a valorização do real frente ao dólar, a influência do mercado na elevação da taxa básica de juros e o papel dos gastos do governo no aumento dos preços. Sobre esse último assunto, o presidente do BC elogiou os esforços do governo para conter gastos neste início de ano.
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