Abílio, o monopolista, com R$ 4 bilhões do BNDES

Como o empresrio Ablio Dinizvem erguendomonoplios no varejo de alimentos e eletrnicos, que podem ser prejudiciais para a indstria e para os consumidores



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Marcio Kroehn_247 – Se você é um consumidor das classes A e B, suas opções de compra ficam entre Pão de Açúcar ou Carrefour, as duas redes varejistas de alimentos que mais se aproximam do seu perfil. Se sua busca é por grandes quantidades, pode optar pelo Extra ou pelo Atacadão. Mas se sua faixa de renda estiver dentro das classes C e D, aparecem as bandeiras Extra Fácil e Dia%. A concorrência entre esses grupos, que ajudava na competitividade dos preços para o consumidor e para a indústria, pode desaparecer em alguns meses. A fusão entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour Brasil formará um colosso com faturamento estimado de R$ 65 bilhões ao ano, 2,2 mil lojas e quase 214 mil funcionários. E, por trás de todo esse movimento econômico, está a perigosa formação de um monopólio com o comando de Abílio Diniz.

O presidente do Conselho do Grupo Pão de Açúcar é, hoje, o grande articulador de uma poderosa estratégia que terá apenas um comandante: Abílio Diniz. "Se ele não negociasse com o Carrefour, o Wal-Mart poderia comprar, ou mesmo um outro grande grupo varejista de fora", disse o consultor empresarial Marcos Morita. Os argumentos para a oferta pelo Carrefour, mesmo às escondidas de seu principal sócio, o grupo francês Casino (entenda o caso aquiaqui), parecem a desculpa perfeita de quem quer dominar todos os mercados que estiverem ao seu alcance. Até porque os domínios de Abílio não se restringem ao setor de alimentos: Ponto Frio e Casas Bahia, as duas principais marcas de venda de eletroeletrônicos, são controlados pelo Grupo Pão de Açúcar.

Para se tornar um dos homens mais poderosos do País, Abílio Diniz conta com o auxílio de Pércio de Souza, um brilhante executivo que fez carreira no Itaú BBA e montou a Estáter, sua butique de assessoria financeira em 2003. Em todos os grandes negócios realizados pelo Grupo Pão de Açúcar nos últimos anos, a Estáter aparece como o braço direito de Diniz na assinatura de contratos. Desde 2004, quando Diniz começou o seu movimento de consolidação do setor varejista, Pércio esteve ao seu lado para aconselhar e estruturar as operações. Ao todo, foram nove assessorias que somaram, aproximadamente, US$ 2,5 bilhões. A última foi a união do Ponto Frio com a Casas Bahia. E, agora, com o Carrefour. Para essa operação, que está sendo conduzida pelo Banco BTG Pactual, de André Esteves, a Estáter aparece apenas como conselheira. "Caso o projeto em questão se concretize, o referido grupo assumirá uma posição estratégica no Carrefour, um dos maiores varejistas globais, abrindo caminho para maior inserção de produtos brasileiros no mercado internacional", analisou Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES.

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Ganhar espaço no mercado mundial ou impedir o avanço de concorrentes podem até ser argumentos nacionalistas, mas trazem riscos para consumidores e para a indústria. As sinergias entre Pão de Açúcar e Carrefour podem levar a uma economia de R$ 8,4 bilhões e uma geração de caixa de até R$ 1,7 bilhão ao ano, contabilizam os envolvidos no negócio. Isso pode significar o desemprego para muitos dos 214 mil funcionários, afinal, haverá sobreposição de cargos. A redução de vagas na indústria é outra consequência: um único comprador ditando as regras do mercado aperta a negociação e diminui as margens de ganho das empresas. Por fim, o consumidor precisará pagar mais por determinados produtos. O controle sobre os preços será um dos principais problemas dessa concentração. A promessa, porém, é preservar os trabalhadores, não sufocar os fornecedores e manter uma política justa de preços. Mas há quem duvide. ''Embora tenha receio de que a primeira alternativa não será realidade — pelo contrário, a fusão cria um grupo grande que já anunciou possíveis sinergias, o que pode significar fechamento de lojas e desemprego —, é preciso que as regras sejam muito detalhadas para garantir que o negócio signifique ganhos para fornecedores brasileiros'', disse o economista Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP.

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