80 anos em 1 minuto

O megainvestidor Warren Buffett assumiu um erro grave e quer ser absolvido?



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O nome de Warren Buffett é uma instituição sagrada para os investidores de todo o mundo. A doutrina Buffett é copiada por gestores que sonham repetir as vitórias do megainvestidor e acumular os bilhões de um dos três homens mais ricos do mundo. Faz muitas décadas que ele consegue multiplicar sua carteira de ações na casa dos dois dígitos e deixa o Dow Jones, o índice mais conhecido da bolsa americana, no chinelo. Mas, nas últimas semanas, ele desceu do paraíso para o lado negro do mercado financeiro. Um dos executivos da Berkshire Hathaway (BH), empresa de capital aberto que concentra os investimentos de Buffett, acusa seu ex-patrão de informação privilegiada, um dos crimes mais graves para quem utiliza a bolsa de valores como investimento. Ele, com a idade, teria ficado preguiçoso e omisso?

É difícil acreditar que um homem com o passado de Buffett tenha escorregado no final da sua brilhante carreira financeira. Mas David Sokol pediu demissão e disse ter sido o laranja em uma operação de compra de ações da Lubrizol, empresa química adquirida pela BH por US$ 9 bilhões, momentos antes da concretização do negócio. Os papéis da Lubrizol que estavam em poder de Sokol tiveram valorização de cerca de 30% após a BH assumir o controle da nova empresa. O lucro é de pouco mais de US$ 3 milhões, incapaz de alterar o patrimônio de mais de US$ 47 bilhões de Buffett. Mas, o que importa, é que ele pode ter sido resultado de informação privilegiada.

Os casos de informação privilegiada não são raros no mercado financeiro mundial. Eles vira-e-mexe aparecem para aumentar o mistério dos grandes ganhos na bolsa. A mais famosa história brasileira envolveu dois executivos que negociaram ações de Sadia e Perdigão quando as empresas negociavam a fusão. Luiz Gonzaga Murat Júnior, ex-diretor da Sadia, e Alexandre Ponzio de Azevedo, do ABN-Amro, pagaram uma multa para encerrar o processo nos Estados Unidos. Ao todo, desembolsaram quase US$ 500 mil. No Brasil, Ponzio repetiu o processo (pagou R$ 238 mil), enquanto Murat levou a briga até o final e foi condenado a um ano e nove meses de prisão em regime aberto. Foi a primeira vez que um executivo foi considerado culpado no País por crime de informação privilegiada.

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No caso de Buffet, Sokol está sendo tratado como um zé ninguém. Mas ele estava há mais de 10 anos na BH e era um dos mais fortes nomes para substituir o megainvestidor. Tinha, portanto, a confiança quase-cega do ex-patrão. No início desta semana, Buffett falou pela primeira vez sobre o caso na sua tradicional reunião anual de acionistas. E disse que 80 anos de história não serão manchadas por esse acontecimento. É claro que ele se referia à falta de atenção com seu subordinado. Mas não deixa de ser um mea-culpa, ainda mais para quem sempre esteve atento às mínimas movimentações do mercado. O importante é que o caso não entre para o folclore dos investimentos por se tratar do mítico Buffet. E que a SEC, a comissão de valores americana, tenha o mesmo pulso firme que os desconhecidos recebem. Afinal, 80 anos de história não podem servir de desculpa para o crime de um minuto.

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