30% das mulheres brasileiras estão inadimplentes, aponta pesquisa

Proporção geral de endividados aumentou novamente, após se manter em queda desde novembro, e atinge 78,3% das famílias brasileiras

Rua de comércio popular no Rio de Janeiro 23/12/2020
Rua de comércio popular no Rio de Janeiro 23/12/2020 (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)


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CNC -  No Dia Internacional da Mulher, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que 79,5% das mulheres estavam endividadas em fevereiro, uma alta de 1,1 ponto percentual em relação a janeiro. Entre os homens, o percentual caiu 0,1 p.p., representando 77,2% dos consumidores do gênero masculino.

Um dos destaques é a inadimplência: 30,3% do total de consumidores com dívidas atrasadas eram mulheres, enquanto 29,1% eram homens. Por outro lado, são elas que aparentemente buscam resolver mais rápido o problema: enquanto as mulheres ficaram em média 62 dias sem pagar dívidas, os homens permaneceram 63,5 dias com dívidas atrasadas.

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A economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira, elenca algumas peculiaridades que fazem com que a situação financeira das mulheres seja mais espinhosa que a dos homens. “Somos proporcionalmente mais numerosas na sociedade, mas menos participativas no emprego formal, por exemplo. Há maior predominância da mulher na informalidade, e isso traz maior vulnerabilidade para a renda”, explica a economista.

 Dívidas no cartão de crédito

As mulheres têm concentrado o endividamento nas modalidades de prazos mais curtos, principalmente no cartão de crédito. Elas estão proporcionalmente mais endividadas do que os homens em três modalidades de dívida: cartão de crédito (86,5% das endividadas), carnês de lojas (19%) e crédito consignado (5,9%). Nos demais tipos de dívida (cheque especial, crédito pessoal, cheque pré-datado, financiamento de casa, de carro e outras dívidas), os homens superam as mulheres como proporção do total de endividados.

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Izis Ferreira lembra que cabe cada vez mais às mulheres o sustento das famílias. “Atualmente, temos grande número de lares brasileiros chefiados por mulheres, que têm mais compromissos para custear. Temos optado pelas modalidades mais fáceis, como o cartão de crédito, que também é a mais cara do mercado, porque ela ajuda a esticar o orçamento do mês”, analisa. “Por isso, é tão importante qualquer iniciativa que leve às mulheres maior conscientização e capacitação para gerir melhor as finanças domésticas”, reforça a economista.

 Superendividamento

 Além disso, 18,8% do total de endividadas se considera “muito endividadas”, mesma proporção observada em fevereiro do ano passado. O percentual é menor entre os homens – 15,5% dos endividados, uma queda de 0,6 p.p. em relação aos 16,1% de fevereiro de 2022. Isso indica que as condições financeiro-orçamentárias estão mais apertadas para o público feminino.

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 Endividamento geral volta a crescer

A elevação de 0,3 ponto percentual das famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) foi puxada pelo endividamento das mulheres em fevereiro e alcançou 78,3% das famílias no País. Desse total, 17,1% consideravam-se muito endividadas, indicador que também voltou a crescer após quedas sequenciais desde novembro do ano passado.

O endividamento geral vinha apontando perda de fôlego desde o quarto trimestre do ano passado, mas avançou em fevereiro, com vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre (como tributos, despesas escolares, contribuições para órgãos de classe, entre outras).

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“O consumidor sente melhora da renda disponível, fruto da evolução positiva do mercado de trabalho e da inflação mais baixa”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Em razão disso, a proporção de famílias com dívidas atrasadas, embora permaneça elevada, caiu ligeiramente no mês, 0,1 ponto percentual, representando 29,8% do total de famílias.

No entanto, conforme avalia o presidente Tadros, quem tem dívidas mais antigas continua enfrentando dificuldade de sair da inadimplência por conta dos juros elevados. A Peic de fevereiro demonstra que a proporção de consumidores sem condições de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores chegou a 11,6% do total, estável em relação a janeiro, mas, ainda assim, a taxa mais alta desde outubro de 2020.

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 44% dos inadimplentes devem há mais de três meses

Mesmo com as renegociações, a cada 100 consumidores inadimplentes, 44 chegaram a fevereiro com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. O tempo médio de atraso dos pagamentos foi de 62,7 dias, o maior desde janeiro de 2021. A maior contratação de dívidas em fevereiro se deu entre os consumidores com rendimentos de três a cinco salários mínimos mensais.

O indicador de dívidas atrasadas também diminuiu em fevereiro para o grupo mais pobre, com queda de 0,9 p.p. “Os programas de transferência de renda mais robustos têm suportado os orçamentos desses consumidores com menores rendas mensais. Na comparação anual, porém, o volume de famílias com dívidas atrasadas aumentou em todas as faixas de rendimentos”, explica a economista Izis Ferreira.

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O percentual de consumidores com dívidas atrasadas de meses anteriores também caiu entre os mais pobres, entre janeiro e fevereiro, mais avançou 2,1 p.p. no ano. O indicador cresceu, na comparação anual, apenas nas duas primeiras faixas de renda, de até três e até cinco salários mínimos.

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