Villaça anuncia fim do Cinema em Cena e rebate críticas

Em um longo texto no Facebook, o crítico de cinema Pablo Villaça rebate ofensas da "direita hidrofóbica, irracional e baixa que domina os perfis conservadores em redes sociais" sobre o anúncio do fim de seu site de cinema; para os críticos, "acabou a mamata" e "a teta do PT secou"; "Se eu não falasse de política, minha carreira certamente não teria sido tão prejudicada", conclui Villaça, que é contra o impeachment de Dilma

Em um longo texto no Facebook, o crítico de cinema Pablo Villaça rebate ofensas da "direita hidrofóbica, irracional e baixa que domina os perfis conservadores em redes sociais" sobre o anúncio do fim de seu site de cinema; para os críticos, "acabou a mamata" e "a teta do PT secou"; "Se eu não falasse de política, minha carreira certamente não teria sido tão prejudicada", conclui Villaça, que é contra o impeachment de Dilma
Em um longo texto no Facebook, o crítico de cinema Pablo Villaça rebate ofensas da "direita hidrofóbica, irracional e baixa que domina os perfis conservadores em redes sociais" sobre o anúncio do fim de seu site de cinema; para os críticos, "acabou a mamata" e "a teta do PT secou"; "Se eu não falasse de política, minha carreira certamente não teria sido tão prejudicada", conclui Villaça, que é contra o impeachment de Dilma (Foto: Gisele Federicce)


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247 – Depois de anunciar o fim do site Cinema em Cena, sobre crítica de cinema, o escritor Pablo Villaça publicou um longo texto em sua página no Facebook na noite desta segunda-feira 15 rebatendo ofensas do que chamou de "direita hidrofóbica, irracional e baixa que domina os perfis conservadores em redes sociais".

Quando fez o anúncio o fim do projeto, Villaça foi alvo de comentários do tipo: "acabou a mamata", "vai ter que trabalhar agora, vagabundo" e "a teta do PT secou". Villaça, que é duramente contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, chega a uma conclusão: "Se eu não falasse de política, minha carreira certamente não teria sido tão prejudicada".

Leia abaixo a íntegra:

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Por Pablo Villaça, do Facebook

Houve uma época em que o anúncio de alguém se vendo obrigado a encerrar um projeto de 19 anos despertaria dois tipos de reação: manifestações de carinho e apoio por parte de quem curtia o projeto e silêncio por parte de quem o detestava. Foi o que aprendi ao longo dos anos: jamais chutar alguém caído.

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(Quando certo colunista da direita com quem tive uma briga pública foi demitido e teve seu espaço apagado (espaço no qual publicou vários ataques a mim, por sinal), não soltei um tweet sequer "celebrando" o ocorrido mesmo com vários leitores perguntando o que eu achava a respeito. E jamais o faria - a demissão e a infelicidade de adversários políticos não são uma "vitória".)

Hoje, porém, a direita hidrofóbica, irracional e baixa que domina os perfis conservadores em redes sociais não consegue se comportar com o mínimo de dignidade - e, consequentemente, recebeu meu último post, no qual falava do fim do Cinema em Cena e de minha "aposentadoria", com verdadeiro júbilo.

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Mas não só júbilo; insultos e calúnias também se fizeram presentes, como não poderia deixar de ser.

Vamos aos mais comuns:

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"PAROU DE RECEBER DINHEIRO PÚBLICO PRA MANTER O SITE?"

Esta é uma variação de outra acusação que abordarei mais abaixo. Dito isso, esta merece ser discutida separadamente por dois motivos (além do óbvio: nunca recebi dinheiro nem mesmo em forma de anúncios - algo que seria LEGÍTIMO):

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1) Já em 2014, anunciei que o site teria que encerrar as atividades por falta de dinheiro. E foram os leitores que o salvaram com doações que nos mantiveram no ar por mais dois anos. Portanto, onde estava o tal "dinheiro público" numa das épocas em que mais escrevi sobre política? (Era ano de eleições, lembrem-se.)

2) Tenho razoável convicção de que, caso abrisse um crowdfunding para manter o site vivo, contaria com o apoio de um considerável número de leitores. Se não o faço, é porque não me sinto à vontade de receber sem ter o que oferecer em troca.

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"ACABOU A MAMATA! A TETA DO PT SECOU!"

Que original. Aliás, esta acusação de receber dinheiro do PT (e/ou do governo) para "defendê-lo" é reveladora por mostrar como estes perfis medem os outros pela própria regra. Afinal, não foi o MBL (que vivia fazendo este tipo de acusação) que foi pego recebendo dinheiro de partidos?

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Não, NUNCA recebi um centavo - direta ou indiretamente - para defender qualquer posição. Mais: no último ano, decidi processar alguns dos irresponsáveis que passaram a divulgar esta mentira e esta semana mesmo um deles irá publicar uma retratação pública originada de um destes processos (divulgarei aqui). Não foi o primeiro nem será o último a ser obrigado a isto - e em alguns casos mais graves, a pena poderia ser até mesmo a prisão (embora eu não acredite de fato que alguém algum dia irá para a cadeia por isto; provavelmente terão que pagar uma multa e pronto).

Para que tenham uma ideia, ressuscitaram esta semana até a mentira de que recebi 170 mil reais do governo por um projeto de 2007. Detalhe: se tivesse recebido, seria algo PERFEITAMENTE LEGAL. No entanto, não recebi um centavo. (Algo que esclareci na época neste post: https://www.facebook.com/pablovillaca01/posts/809218725850022.)

E vale repetir: nem mesmo em forma de anúncios tivemos qualquer receita vinda de dinheiro público. Há algum tempo, soltaram uma planilha com os valores que vários sites de esquerda receberam em anúncios (e por que não deveriam receber? Veja, Globo, Foxlha, etc, não recebem?) - e ninguém viu o Cinema em Cena ali, viu?

Digo mais: se eu não falasse de política, minha carreira certamente não teria sido tão prejudicada.

"HAHAHAH! VAI TER QUE TRABALHAR AGORA, VAGABUNDO!"

Ter que ler isso depois de 22 anos de carreira é... irritante. Ao longo destas mais de duas décadas, eu:

1) Roteirizei e apresentei um programa de TV que durou dois anos (100 episódios);

2) Escrevi para as principais publicações de Cinema do país;

3) Criei, editei e produzi conteúdo para aquele que viria a se tornar o site de Cinema mais antigo do país, escrevendo cerca de três mil críticas e publicando vídeos e mais vídeos (não sei quantos, basta olharem no YouTube; são muitos);

4) Cobri festivais e mostras ao redor do país - e em outros países;

5) Produzi e ministrei OITENTA E QUATRO edições de meus cursos em todo o país, totalizando mais de TRÊS MIL E QUINHENTOS ALUNOS só entre 2009 e 2016; e

6) Publiquei dois livros.

Se isto não é "trabalhar", bom...

"VOCÊ É FRACASSADO EM TUDO QUE FAZ!"

Bom... aí cabe uma discussão. Como "empresário"? Sem dúvida alguma. Sou provavelmente o pior "homem de negócios" do mundo. Com o público que o Cinema em Cena alcançou ao longo dos anos, é ridículo que eu nunca tenha conseguido transformá-lo em um negócio rentável.

Ainda assim, conseguimos o bastante para manter uma redação ativa (nestes 19 anos, provavelmente umas 30 pessoas passaram pelo site - TODAS remuneradas, incluindo os vários estagiários, já que JAMAIS acreditei em usar estagiário como mão-de-obra escrava). Ainda hoje pago, com o restinho do dinheiro que arrecadamos em 2014, não só a redação, mas o brilhante editor de nosso podcast. E TODOS os colunistas receberam por seu trabalho. Não o tanto que mereciam, mas receberam.

Como escritor e crítico de cinema? Hum. Gosto de me considerar competente no que faço e acredito que atingi um certo renome nestes 22 anos e uma boa reputação. Além disso, me tornei o primeiro brasileiro a fazer parte da OFCS (e fui também seu primeiro diretor de língua não-inglesa), sou o único brasileiro a publicar textos no Rotten Tomatoes (referência de agregação de crítica na Internet), tornei-me colaborador - e amigo - de ninguém menos do que Roger Ebert e fui o único não-norte-americano a ser convidado pelo New York Times para um seminário de crítica em Nova York. Acho que é um currículo razoável.

Mas se sou "fracassado" nesta área ou não... bom, cabe aos leitores responder.

De minha parte, tenho orgulho do que criei.

Financeiramente bem-sucedido ou não.

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