Um som novo, que vem do Nordeste

Conhea o talento de Khalil Gibran, um artista multifacetado, que compe, canta e tambm escreve artigos de rara sensibilidade



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – Um novo talento da música brasileira. Este é Khalil Gibran, que lança, nesta semana, seu primeiro CD, chamado Noturno. Artista multifacetado, Khalil é também colunista e escreve esporadicamente artigos de rara sensibilidade aqui no Brasil 247. Assista a um de seus vídeos:

E leia reportagem publicada no Diário do Nordeste:

Entre os muitos benefícios oriundos de festivais de música autoral, está a divulgação de novos artistas, cujo trabalho demoraria mais a chegar ao circuito comercial por outros caminhos. Em sua primeira edição, o Caldas Fest, realizado enter os dias 10 e 14 deste mês, em Barbalha, trouxe uma dessas boas novidades - talvez familiar a pessoas envolvidas com a produção local, mas desconhecida pelo grande público.

continua após o anúncio

Natural de Limoeiro do Norte, Khalil Gibran levou ao palco do evento algumas das composições de seu primeiro CD, "Noturno", a ser lançado nesta semana. Quem não esteve em Barbalha, pode conferir o show hoje em Fortaleza, às 16 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste. Enquanto o disco não sai, também é possível ouvir as faixas no MySpace (http://www.myspace.com/khaliloficial).

Resultado de um ano de gravação e produção, além de três anos anteriores divididos entre concepção e composição, "Noturno" é um raro exemplar de ótimo pop-rock - gênero prostituído na última década por trabalhos ruins e sem personalidade. As canções de Khalil lembram a musicalidade de grandes artistas como Nando Reis, Cássia Eller e até Cazuza, com boas letras e melodias. O resultado é um som gostoso de ouvir sem ser bobo, que surte imediatamente a vontade de cantar.

continua após o anúncio

Entre as faixas, destaque para a adorável "Entre vc e eu", parceria de Khalil com sua esposa, a poeta Milena Bandeira. Embora inspirada no particular, a composição discorre sobre uma realidade inerente a qualquer casal. Outra pérola é "Quando Sophia chegar", escrita enquanto o cantor esperava o nascimento da primeira filha. Vale ressaltar ainda o clima urbano e jovem de "Cidade" e as guitarras de "Olhos e mãos pra você".

Em todo o disco é possível perceber o primoroso trabalho dos músicos que gravaram com Khalil e do produtor Marcos Caminha - coordenador de áudio da TV Brasil no Rio de Janeiro e engenheiro de som que já trabalhou com artistas e bandas de peso como Roberto Carlos, Barão Vermelho, Tim Maia, Martinho da Vila, entre outros.

continua após o anúncio

Trajetória

Embora esteja lançando o primeiro disco aos 32 anos, o envolvimento de Khalil com a música vem desde a adolescência. "Minha avó tocava violão, meu tio é escritor e minha mãe era professora. Khalil Gibran era um poeta libanês, meu nome é em homenagem a ele. A cultura sempre esteve presente na família", recorda o limoeirense.

continua após o anúncio

O interesse específico pela música veio lá pelos seus 13 anos. "Minha escola ficava em frente à rodoviária, onde tinha uma lanchonete cujo dono era fã de Raul Seixas, tinha todos os discos. Eu sempre inventava de lanchar lá para ouvir", recorda. A partir de Raul seguiram-se descobertas nacionais como Lobão, Legião Urbana, Ira!, Paralamas do Sucesso, Inocentes, Ultraje a Rigor, Titãs, além de estrangeiras, como Beatles, Bob Dylan e Ramones. "Paralelo a isso, passeia escutar músicos do Nordeste, como Fagner, Nelson Farias", explica Khalil sobre suas influências.

"Quando aprendi a tocar violão foi a festa. Era manhã, tarde e noite tocando, mamãe preocupada porque eu não comia, não ia à escola, não fazia mais nada", brinca o músico. Aos 16 anos, surgiu a primeira banda. "Convidei um amigo que tocava bateria e outro que tocava violão - sendo que pra esse último eu empurrei o contrabaixo. Formamos a Tribos e Tributos. Minha mãe e avó fizeram o maior esforço para me dar minha primeira guitarra. Minha família sempre foi muito atenciosa comigo", reconhece Khalil.

continua após o anúncio

Seguiu-se mais uma banda, a Retirantes, antes do jovem resolver aprofundar os conhecimentos. "Queria investir mais seriamente na música. Saí da Retirantes, passei uns três anos apenas pesquisando, ouvindo muitos discos e produzindo trabalhos de outros artistas, porque já tinha um home studio", lembra.

"Nessa época, montei um espetáculo com os adolescentes do projeto Som das Carnaubeiras, em Russas. Era algo grande, com figurino, cenário, rodamos por vários Estados e gravamos CD, lançado em Belo Horizonte. Eventualmente, também comecei a trabalhar com gestão cultural, na Secretaria de Cultura de Limoeiro", enumera Khalil.

continua após o anúncio

Profissionalismo

Até que a necessidade de gravar as próprias composições falou mais alto. "Da decisão até o resultado forma uns três anos. Gravei em casa uma demo chamada ´Madrugadas Vermelhas´, produzi, toquei os instrumentos. Quando fui escutar, não prestava", ri Khalil. "Então comecei a ligar para conhecidos pedindo sugestões de quem poderia gravar o disco. Ao mesmo tempo, resolvi fazer projeto do CD para captar recursos. Inscrevi-o em um edital local de incentivo às artes e fui selecionado".

continua após o anúncio

A parceria decisiva para o disco deslanchar aconteceu em Fortaleza. "Nesse período estava trabalhando em uma produtora na capital, até que me indicaram o guitarrista Mimi Rocha. Além de parceiro profissional, virou um irmão", derrete-se. "Passamos um ano gravando, discutindo o trabalho. Depois Mimi indicou Marcos Caminha para finalizar CD", lembra. "Para o lançamento, indicaram-me o Alan Mendonça, que tem o selo Radiadora Cultural. Ele é engajado com novos compositores, à frente do projeto Bora Ceará Autoral, então deu certo", elogia Khalil. "Simultaneamente, nesse tempo fiz shows em Fortaleza e no Interior. Mas não toco em bar. Respeito, mas sempre quis desenvolver um trabalho autoral", explica.

Hoje, embora ainda desconhecido pelo público geral, Khalil tem o reconhecimento dos colegas e trabalha com grandes nomes. "Mimi entregou-me a cena musical de Fortaleza de mão beijada. Muitos artistas com mais experiência não têm o trânsito que eu tenho no meio", reconhece. Nesse sentido, afora o talento, também colaborou a experiência com gestão cultural e a valorização do próprio trabalho. "Meu processo é demorado, passo meses para gravar e produzir. Escolho os melhores músicos para me acompanhar, e exijo um conforto mínimo para me apresentar com eles. Prefiro tocar pouco e bem. Meu trabalho tem valor artístico", não foi achado por aí", analisa.

A crítica segue em relação ao mercado de Fortaleza. "Quando cheguei aqui, encontrei um amadorismo gritante. Em termos de conteúdo o lugar é fantástico, temos grandes artistas, mas que não sabem se impor enquanto categoria e cujos trabalhos estão indo pelo ralo", lamenta. "Grava-se muitos CDs, mas essa produção não é escoada. O Governo também não colabora. Acho absurdo esse projeto ´Férias no Ceará´, no qual investe-se milhões para trazer bandas de fora, quando esse seria o momento de investir nos artistas locais", alfineta.

Na contramão do que acontece a muitos músicos iniciantes, a internet entra já na etapa final da trajetória do disco de Khalil. "O site fica pronto até o final deste mês, e lá vou disponibilizar as faixas de ´Noturno´ para download gratuito. Estava esperando ter um trabalho mais consistente para poder lançar na rede. Hoje cada um precisa achar sua maneira de trabalhar, não há fórmula. Para mim, essa deu certo", resume.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247