Um conto chinês em mais um belo filme argentino
Estrelado pelo astro Ricardo Darn, a pelcula que est em cartaz em vrias capitais merece ser vista
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247 – Desde o lançamento de “O Filho da Noiva”, os brasileiros aprenderam a gostar do cinema argentino e ainda mais do grande astro dessa nova onda portenha, que é o ator Ricardo Darín. No ano passado, veio a consagração definitiva, com o Oscar de melhor filme estrangeiro para “O Segredo dos Seus Olhos”, dirigido por Juan José Campanella e também estrelado por Darín. Agora, mais uma vez, a Argentina e Darín estão em cartaz nos cinemas de grandes capitais, com um filme surpreendente – e que merece ser visto. Trata-se de “Um conto chinês”, dirigido por Sebastián Borenzstein, e que nos coloca diante da seguinte questão: afinal, a vida faz ou não sentido?
Darín dá vida ao personagem Roberto, dono de uma casa de ferragens, que vive recluso há anos e se sente culpado pela morte da mãe e do pai – ela, no seu nascimento, e ele, fugitivo da Segunda Guerra Mundial, por sua participação no confronto das Malvinas. Roberto, a despeito da solidão, é uma boa alma, que num certo dia se depara com um chinês perdido em Buenos Aires – e incapaz de pronunciar uma única palavra em espanhol. Jun, órfão na China, desembarca na Argentina à procura de seu “ta puo” – um tio, mas não um tio qualquer. O “ta puo” é o irmão mais velho do pai de Jun, que passa a ser o segundo pai, segundo os costumes chineses. E Jun e Roberto, apesar da impossibilidade comunicativa, passam a dividir o mesmo teto, enquanto o primeiro não conclui a sua busca.
Sim, a vida faz sentido
O ponto culminante do filme é o momento em que Roberto e Jun conseguem finalmente estabelecer um diálogo, com a ajuda de um tradutor – um entregador de comida chinesa. E por mais dura e absurda que pareça a realidade, a vida, sim, faz sentido, como ensina Jun a Roberto, especialmente para aqueles que se se abrem para viver um grande amor.
Assim como em vários filmes argentinos recentes, “Um conto chinês” também impressiona pela simplicidade e pela capacidade de contar boas histórias, com parcos recursos. Uma lição para quem ainda acredita que o bom cinema não depende de superproduções ou de uma miríade de efeitos especiais. Os argentinos nos cativam porque descobriram a arte de olhar para dentro.
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