Tributo a Jorge Amado
Em Salvador, a folia do Rei Momo prestar homenagem ao grande escritor baiano, responsvel pela projeo da nossa cultura em todo o mundo
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Camila Vieira_Bahia 247 - Em comemoração ao centenário de nascimento do escritor baiano Jorge Amado, o Carnaval de Salvador de 2012 terá como tema "O País do Carnaval", nome do primeiro romance do escritor modernista, publicado em 1931. A escolha foi realizada nesta terça-feira (5) pelo presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Cláudio Tinoco, e pelo presidente do Conselho do Carnaval, Fernando Boulhosa, na sede da Saltur.
Nascido em 10 de agosto de 1912 em Ferradas, distrito de Itabuna, Amado estudou em Ilhéus, Salvador e Rio de Janeiro. Ele veio para a capital baiana ainda pequeno, com cerca de 10 anos, para estudar no Colégio Antônio Vieira, de padres jesuítas. Nessa época, criou um pequeno jornal batizado de "A Luneta", que era distribuído para vizinhos e parentes.
Foi repórter policial no "Diário da Bahia", depois foi para "O Imparcial" e envolveu-se com a política ideológica, tornando-se comunista, como muitos de sua geração. Publicou "Poema ou prosa" na revista "A Luva", revista soteropolitana. Em 1929, começou a trabalhar em "O Jornal" onde publicou, sob o pseudônimo de Y. Karl, a novela "Lenita", escrita em parceria com Dias da Costa e Edison Carneiro.
Em 1930 transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar. Lá conheceu Vinicius de Moraes, Otávio de Faria e outros nomes importantes da literatura brasileira. Foi em território fluminense que escreveu o seu primeiro romance, com tiragem de mil exemplares. Na obra, o então escritor de 19 anos não fala sobre o carnaval, mas faz um retrato crítico da situação social e política da época, e da inquietação dos intelectuais brasileiros. Considerado subversivo, "O país do Carnaval" foi um dos livros de Jorge Amado que foram queimados em praça pública em Salvador, por deliberação da polícia do Estado Novo, em 1937. Ele é também autor de "Capitães de Areia", "Dona Flor e seus dois maridos", "Teresa Batista Cansada de Guerra" e "Tieta do Agreste".
O grande homenageado da festa momesma de 2012 soube como ninguém representar o povo baiano, ambientando suas narrativas no meio rural e urbano. Ele foi considerado o escritor mais popular de sua época, tendo contribuído com a projeção internacional do nosso pais. Até hoje Amado continua a ser o autor brasileiro mais publicado em todo o mundo; sua obra foi editada em mais de 50 países. O realismo social, os conflitos políticos, o folclore, as crenças e costumes populares são elementos constantes em suas narrativas.
E no Rio também
Mês passado, a Imperatriz Leopoldinense, escola de samba do Rio de Janeiro, divulgou a sinopse do enredo da festa do ano que vem, que vai homenagear a vida e obra do escritor. O título é: "Jorge, Amado Jorge", desenvolvido pelo carnavalesco Max Lopes, com a ajuda de Paloma e Cecília Amado, filha e neta do escritor baiano morto em 2001.
"Jorge, Amado Jorge... Eis aqui sua história, vida e memória! / Vai, criança baiana; descubra os segredos dessa terra./ Jorge conheceu fazendas, ruas, vielas, / Becos e guetos, tipos e jeitos. / - Quem quer flores? Frutas? – grita o vendedor. / - Olha o acarajé! – oferece a velha baiana. / Águas de Oxalá! Venha ver a Lavagem do Bonfim! / As letras lhe chegam num sopro. Um vento de liberdade em defesa do povo. / Ah... O Rio de Janeiro... Nova casa do rapaz escritor. / Graduado na vida e na universidade. / Na política, com o 'coração vermelho', se engajou. / É a vida na capital. Amigos, papos e mulheres... / Ah... As mulheres... Vida perfumada e sensual... /Bares e cabarés... Eis a malandragem, o primeiro livro: o 'país do carnaval'". Em ambas as ocasiões, a família do grande escritor agradeceu a homenagem, sinalizando aprovação.
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