“Tô tentando ser Maurício de Sousa há 50 anos”, diz o próprio

Cartunista criador da Turma da Mnica, que influenciou geraes, conversou com o 247 antes do I Festival Anual de Quadrinhos da Bahia. Confira



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Por Camila Vieira_Bahia 247 – O Teatro Eva Hertz da Livraria Cultura lotou na noite da última quinta-feira, 6. À espera do cartunista paulista Maurício de Sousa, gente de toda idade ansiava a presença do pai da Mônica. Cortês e paciente, ele entrou pela porta da frente da loja, por volta das 19h30, e foi direto ao camarim, onde recebeu a imprensa.

A expressão alegre sempre presente quando aparece em público mudou logo o cenário. Ele, que 'filava a boia' na casa dos vizinhos – bastava a porta estar aberta – e teve uma "infância privilegiada", tanto que nunca mais quis sair dela, Maurício de Sousa (prestes a completar 76 anos próximo dia 27) não poderia ser diferente; trata a todos com maior atenção e carinho.

Conversou por mais de uma hora com o cartunista Luis Augusto, autor do Fala Menino!, e com o público que poderia ficar a madrugada fazendo perguntas para a estrela da noite. Depois da conversa, deu autógrafos, posou para fotos e foi embora. Sorrindo.

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'A turma vai envelhecer'

Como todos sabem, para o cartunista não foi nada fácil chegar aonde chegou. Começou fazendo ilustrações para o Jornal de Mogi das Cruzes, pequena cidade no interior de São Paulo. Sem ter conseguido trabalho como desenhista, enveredou pelo caminho do jornalismo, atuando como repórter policial na Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo), durante cinco anos.

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Contudo, as críticas não desanimaram o artista. No fim da década de 1950, decidiu abraçar com tudo os seus desenhos, criando tiras com um cachorro e o seu dono (Bidu e Franjinha), que acabaram sendo bem aceitas pelo jornal. Começou a publicar no início de 1959. Por dez anos, conseguiu percorrer diversos jornais do país, até surgir a Mônica. "As pessoas começaram a cobrar personagens femininas, mas eu não sabia como fazer. Eu nunca fui menina", brinca.

Foi em 1970 que seu trabalho passou para os gibis em revistas como Mônica, Cebolinha e Cascão. O resto está no imaginário de muita gente. Em 2008, surgiu a turma jovem e as novidades não param por aí. Vamos ganhar uma família baiana com três filhos (todos os personagens estão sem nomes): um é axezeiro, o outro gosta de música clássica e a menina joga capoeira. Ela vai virar a melhor amiga da Mônica, o que vai provocar ciúmes na Magali, contou o artista. O pai é produtor cultural e a mãe, veterinária (protetora dos animais). A próxima etapa é fazer toda a turma envelhecer com o passar do tempo. Será uma história ininterrupta.

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Hoje, Maurício de Sousa publica em mais de 50 países, como China, Itália, França, Portugal, Angola e Vietnã. Isso só para falar dos gibis. O céu é o limite para o artista que não se transformou em quem é da noite para o dia: "Estou tentando ser Maurício de Sousa há 50 anos".

Os personagens da Mônica vão amadurecer agora e virar adultos, como será esse processo?

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Isso é um projeto né, estamos ainda montando isso. Se eu não apanhar muito, isso deve sair em dois, três anos. Se eu apanhar bastante isso deve sair em cinco, seis anos. Tem muita gente até no meu estúdio que se assusta com isso. Mas cada vez que alguém inventa uma coisa, todo mundo se assusta e depois aceita.

É porque você está sempre dialogando com o presente e inovando! Muitas pessoas não conseguem encarar as mudanças contemporâneas...

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É, sempre tem prós e contras. Isso aí e um tipo de hábito da minha própria ideia que me provoca. Mas eu acho que tem possibilidade de sair sim um novo processo da Turma da Mônica! Vai dar um trabalho danado, mas é um desafio. Quero ver se consigo colocar essa terceira âncora: infantil, jovem e agora a vida adulta - tudo o que acontece na dinâmica da vida adulta... e jornalisticamente, tudo que acontece no mundo eles vão comentar, discutir. Vai haver uma interação do personagem com a realidade.

Já existe um personagem gay "discreto" na turma, o Caio. A Turma da Mônica vai começar a segurar algumas bandeiras - como o movimento homossexual, movimento negro?

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A Turma da Mônica não deve levantar nenhuma bandeira, mas se tiver passando uma bandeira, a gente pega. É uma revista de lazer, de entretenimento, lançada para a família e a criançada. Lançam, às vezes, propostas que ainda não estão entendidas ou aceitas ou estão em desacordo com a sociedade.

Mas é algo que vir pode a acontecer, não é?

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Quando vier a acontecer na sociedade, estará acontecendo na Turma da Mônica.

A turma tem personagens femininas que são fortes, corajosas, como a Mônica. E falando um pouco de realidade, vou perguntar sobre uma personagem da vida real: o que o senhor acha da "personagem" Dilma Rousseff?

É uma lutadora, guerreira, sem dúvida, está derrubando barreiras para chegar aonde chegou. Tem problemas seríssimos para enfrentar, tem desafios, mas eu confio na pessoa Dilma, sem dúvida. A política deixa a desejar pelos conchavos que há, pelas trocas políticas... Mas a pessoa Dilma me parece que quer fazer um bom trabalho. Espero que deixem.

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