Tavito deixa legado e saudade na música brasileira
O jornalista e compositor Gilvandro Filho escreve sobre Luiz Otávio de Carvalho, o Tavito, “um dos gigantes, autor de clássicos como 'Rua Ramalhete', 'Começo Meio e Fim', 'Naquele tempo' e da antológica 'Casa no Campo', com o qual Elis Regina lançou ele e Zé Rodrix no mundo da canção popula”, que faleceu na última terça-feira (26) depois de lutar contra um câncer de língua que derivou para uma infecção
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Gilvandro Filho para o 247 - Disse o cantor e compositor Milton Nascimento, na última terça-feira (26.02): “Infelizmente perdemos hoje uma das pessoas mais importantes no meu início de carreira. O genial Tavito, que juntamente com Wagner Tiso, Robertinho Silva e Luiz Alves formaram o núcleo principal do Som Imaginário (como mostra a foto), grupo que me acompanhou no início dos anos 70. Foram anos de uma convivência maravilhosa de muito aprendizado, música e irmandade. Obrigado, Tavito! ”
De fato, a partida de Luiz Otávio de Carvalho pegou todo mundo de surpresa. Como se diz, como se pudesse ser diferente, não estava combinado. De repente, a figura grande, doce, generosa e extremamente talentosa daquele mineiro não estava mais entre nós, pelo menos no campo físico. Um câncer localizado debaixo da língua levou embora um dos maiores compositores da música brasileira. Vazio grande no lugar.
Tavito foi um dos gigantes, autor de clássicos como “Rua Ramalhete”, “Começo Meio e Fim”, “Naquele tempo” e da antológica ‘Casa no Campo”, com o qual Elis Regina lançou ele e Zé Rodrix no mundo da canção popular. Um craque. Um gênio do tamanho da sua generosidade. Fez parcerias várias, com compositores de norte a sul do País, de figuras consagradas da música e compositores novos e independentes.
Nesse leque vasto de privilegiados, além de Zé Rodrix, nomes históricos de parcerias mais antigas, como Ney Azambuja (“Rua Ramalhete”), “Ricardo Magno (“Água e Luz”), Rocknaldo (“Um certo filme”) e Aldir Blanc (“Pálida”); parceiros dos dois trabalhos mais recentes, como Alexandre Lemos (“Embora”), Juca Novaes (“Adrenalina Pura”), Renato Teixeira (“Bolero”), Elder Braga (“As meninas”), Luís Carlos Sá (“O dia em que nasceu nosso amor”) e Léo Nogueira (“Ponto Facultativo”).
Tive o privilégio de, além de privar de sua amizade, ser seu parceiro em dez canções, duas delas gravadas nos CDs “Tudo” (“1969 – O beijo do tempo”) e “Mineiro” (“Tudo e Nana”). Esses trabalhos marcaram a volta de Tavito ao disco como artista, após décadas dedicadas a jingles e produção musical.
Tavito foi, a propósito, um dos maiores compositores de jingles da propaganda brasileira, autor de peças históricas como “Marcas do que se foi” (1976), com a produtora ZURANA e espécie de “hino” de todo réveillon que se preze; e “Coração verde e amarelo”, para a Globo na Copa de 1994 e que virou vinheta das transmissões de futebol da emissora.
O artista, mineiro feito Milton Nascimento, foi também um dos frequentadores do lendário Clube da Esquina e integrou, como lembrou Milton na citação acima, o Som Imaginário, grupo fundamental de instrumentistas que contava ainda com o pernambucano Naná Vasconcelos na percussão. O Som Imaginário voltou a se reunir há cerca de três anos para cá e este era um dos trabalhos mais recentes de Tavito, que também vinha se apresentando em várias capitais do País.
Com seu grande amigo Zé Rodrix inaugurou uma fase nova na música brasileira, batizada de “rock rural”, com canções feito “Casa no Campo”, deixando milhares de seguidores.
Tavito partiu na última terça-feira, depois de utar contra um câncer de língua que derivou para uma infecção. Estava internado há uma semana na UTI do Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Deixa a mulher Celina e a filha Júlia. Deixa, ainda, uma legião de fãs e um país mais triste. Ao mesmo tempo, deixa, com a sua obra, a música brasileira mais rica e muito mais bela.
Como carneiros e cabras pastando solenes no jardim. Ou como o amor anotado em bilhetes, naquelas tardes.
Dez canções aleatórias, antigas e novas, e três jingles. Para passar o dia ouvindo Tavito:
- Rua Ramalhete (Tavito – Ney Azambuja) - Tavito
https://www.youtube.com/watch?v=BKx2jQMjFJg
- Pálida (Tavito – Aldir Blanc) – Vânia Bastos
https://www.youtube.com/watch?v=cGaCEkqJyX8
- Casa no Campo (Tavito – Zé Rodrix) – Elis Regina
https://www.youtube.com/watch?v=1edqNf1AYBE
- O dia em que nasceu o nosso amor (Tavito – Sá) – Tavito
https://www.youtube.com/watch?v=PPMo_mcNsF8
- Embora (Tavito – Alexandre Lemos) – Renato Teixeira e Sérgio Reis
https://www.youtube.com/watch?v=n6Cpg4tr7cU
- As Meninas (Tavito – Elder Braga) – Tavito
https://www.youtube.com/watch?v=4b056lopvWQ
- 1969 – O Beijo do Tempo (Tavito – Gilvandro Filho) – Tavito
https://www.youtube.com/watch?v=zzZA44OKrjA
- Água e Luz (Tavito – Ricardo Magno) – Amelinha
https://www.youtube.com/watch?v=SMLgoykXMCg
- Fronteiras do Amor (Tavito – Zé Rodrix) – Zé Rodrix (registro ao vivo)
https://soundcloud.com/poemoda-5/ze-rodrix-fronteiras-do-amor
- Aquele Beijo (Tavito – Ney Azambuja) – Tavito
https://www.youtube.com/watch?v=tS1OnZJcV54
- Coração Verde e Amarelo (Tavito – Aldir Blanc) – jingle
https://www.youtube.com/watch?v=4BvVKAUwmnE
- Marcas do Que se Foi (Tavito / ZURANA) – jingle e filme originais (voz: Márcio Lott)
https://www.youtube.com/watch?v=-LtpeUG-5n8
- Brizola – jingle da campanha presidencial de 1989
https://www.youtube.com/watch?v=mqSmVoT0HMY
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