Senadora intercede pelo acervo de João Cabral de Melo Neto

Senadora Lídice da Mata (PSB) pediu que Ministério da Cultura compre correspondência de João Cabral com Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, no Rio de Janeiro, para evitar a dispersão do acervo

Senadora intercede pelo acervo de João Cabral de Melo Neto
Senadora intercede pelo acervo de João Cabral de Melo Neto (Foto: Divulgação)


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Bahia 247

Através de uma carta, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) cobrou uma "atenção especial" da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, para "estudar os instrumentos legais, sem entraves burocráticos", visando adquirir o arquivo do poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e "abri-lo, generosamente, aos pesquisadores brasileiros e internacionais".

Com a proximidade do leilão da correspondência de João Cabral com Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, no Rio de Janeiro, a senadora pede empenho para evitar a dispersão do acervo:

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- Não é preciso especular tanto para supor que fragmentos relevantes da nossa literatura podem ser lançados ao olvido, num momento em que o País procura trazer à luz documentos de sua história.

"Dessa forma, o governo reconhecerá, uma vez mais, a importância do poeta de 'Morte e Vida Severina' para a memória nacional", conclui Lídice da Mata.

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O 56º Leilão da Babel Livros ocorrerá em 10 e 11 de agosto, no Rio de Janeiro. Os lotes incluem bilhetes dos catalães Joan Miró, Joan Brossa, Antoni Tàpies e Modest Cuixart. A família de João Cabral decidiu se desfazer dos documentos do poeta e diplomata.

Confira a íntegra da carta da senadora Lídice da Mata.

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"Brasília, 08 de agosto de 2012

Senhora ministra,

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A proximidade do leilão da correspondência do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto com Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, expoentes da poesia em língua portuguesa, demanda uma atenção especial do Ministério da Cultura e dos órgãos de preservação a ele vinculados. O 56º Leilão da Babel Livros vai acontecer em 10 e 11 de agosto, no Rio de Janeiro, e, além de cartas, estão à venda bilhetes dos artistas catalães Joan Miró, Joan Brossa, Antoni Tàpies e Modest Cuixart. Uma preciosa amostra das amizades intelectuais de Cabral.

É inegável o valor desse acervo para a história literária brasileira, como atestam os homens de letras Antonio Candido, Lêdo Ivo e Humberto Werneck.

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Reportagens da revista eletrônica "Terra Magazine" e do jornal "O Estado de S.Paulo" nos atentam para o risco de dispersão das cartas (vendidas em lotes separados) e do fechamento dos manuscritos em coleções privadas, sem acesso público. Não é preciso especular tanto para supor que fragmentos relevantes da nossa literatura podem ser lançados ao olvido, num momento em que o País procura trazer à luz documentos de sua história.

Em crônica no jornal "O Estado de S.Paulo" (05/08/2012), o jornalista e escritor Humberto Werneck opinou sobre a ameaça ao acervo cabralino: "Se me permitem um breve editorial em plena crônica, direi que considero um escândalo a obtusa naturalidade de quem, numa faxina em casa, se livra assim de documentos preciosos da nossa vida literária. Escandaloso também que, divulgada a notícia do leilão, não tenha havido uma corrida de instituições públicas das quais se espera empenho em preservar tamanhos tesouros, salvando-os, mais que da poeira, da insensibilidade de quem os vê como descartáveis papéis velhos."

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Sabe-se que a Fundação Casa de Rui Barbosa já abriga parcela significativa dos acervos de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Vinicius de Moares, além de grandes escritores brasileiros como Clarice Lispector. Com a paixão de Vinicius e a exatidão seca de Cabral, o Ministério da Cultura poderia efetuar negociações com a família para retirar os lotes do leilão e estudar os instrumentos legais, sem entraves burocráticos, para adquirir esse arquivo e abri-lo, generosamente, aos pesquisadores brasileiros e internacionais. Dessa forma, o governo reconhecerá, uma vez mais, a importância do poeta de "Morte e Vida Severina" para a memória nacional.

Como diz João Cabral em "O poema":

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"O papel nem sempre
é branco como
a primeira manhã.

É muitas vezes
o triste e pobre
papel de embrulho;

é de outras vezes
de carta aérea,
leve de nuvem.

Mas é no papel,
no branco asséptico,
que o verso rebenta.

Como um ser vivo
pode brotar
de um chão mineral?"

Atenciosamente,

Lídice da Mata
Senadora da República"

Com informações do Terra Magazine

 

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