Roteiro turístico relembra a trajetória de Renato Russo

Circuito pelo qual passou o lder da Legio Urbana, em Braslia, ser revitalizado e ampliado pelo filho do compositor, Giuliano Manfredini, que busca apoio do Governo da capital



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Natalia Emerich_Brasília 247 – Cada letra de Renato Russo, que viveu a maior parte da vida em Brasília, lembra lugares que marcaram gerações de brasilienses. A música de Renato Russo tem a cara de Brasília. Após a morte do compositor, em 11 de outubro de 1996, a cidade ganhou um roteiro turístico-cultural para que a população e os visitantes resgatem a trajetória do artista. Com o o passar do tempo e das mudanças políticas, o projeto perdeu força. Agora, o filho de Renato, Giuliano Manfredini (foto), 22 anos, quer retomar e ampliar o circuito do líder do Legião Urbana.

Os lugares que compõem o roteiro foram definidos ainda em 1999 pela mãe de Renato, Maria do Carmo Manfredini. À época, com apoio do governo do DF, ela selecionou quatro lugares que marcaram diferentes fases do filho: Gilbertinho e Gilberto Salomão, no Lago Sul; Parque da Cidade, no Plano Piloto; e o extinto Teatro Rolla Pedra, em Taguatinga. Nesses locais foram fixadas placas com trechos de algumas músicas acompanhados de um texto explicativo sobre a importância do espaço.

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Passados 10 anos, o circuito turístico-cultural está abandonado. Dos quatro lugares, três estão sem as identificações originais. A única placa preservada é a do Gilberto Salomão. As colocadas no Gilbertinho e no Parque da Cidade foram trocadas. Em Taguatinga, nem existe mais. Exceto o parque, os antigos centros culturais se tornaram grandes pontos comerciais. "É assim que Brasília trata seus filhos", desabafa o filho do artista.

De volta na agenda

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Menos reclamações e mais atitude. Partindo desse princípio, o filho de Renato Russo deu o primeiro passo para revitalizar os espaços e colocar o roteiro de volta na agenda dos moradores e de quem visita a capital. "Brasília não deve ser lembrada só pela política e pela fama de corrupção, mas pela cultura e pela arte", afirma Giuliano. "Meu pai foi uma referência muito importante da cidade, ele deve servir como ponto de partida para novas criações."

Para dar consistência ao projeto, Giuliano busca parceria com o governo do Distrito Federal. Ele já esteve com o secretário de Turismo, Luiz Otávio Neves, e será recebido pelo secretário de Cultura, Hamilton Pereira. Neves demonstrou interesse pelo projeto e uma nova reunião será realizada. Além de melhorar as condições das áreas existentes, o plano é ter mais pontos e neles instalar novas placas. Os pontos escolhidos são a superquadra 303 Sul, onde Renato Russo cresceu – "Lá em casa tem um fosso, mas a água é muito limpa", diz um trecho da canção Há Tempos; a Cultura Inglesa, local em que o artista se reunia à turma para ver filmes – "Vocês vão ver suas crianças derrubando reis.., Fazer comédia no cinema com as suas leis", da música Geração Coca-cola; e o Brasília Rádio Center, que reunia estúdios onde as bandas ensaiavam.

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Inspirado no roteiro dos Beatles em Liverpool, no qual visitantes fazem o trajeto dos músicos pela cidade e conhecem um pouco mais dos artistas, o Circuito Renato Russo, em Brasília, será uma alternativa aos roteiros tradicionais, como o de arquitetura, o político e o jurídico. As pessoas terão outras opções que não o turismo cívico. "Brasília é a capital da cultura e do rock, temos que fazer por onde", diz Giuliano Manfredini.

Gilbertinho

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"A mais bela tribo dos mais belos índios" – trecho de Índios

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A primeira parada do circuito é no Gilbertinho, QI 11 do Lago Sul, onde a placa foi inaugurada em 1999. Na década de 70, o lugar reunia tribos musicais que aproveitavam o espaço para poetizar. Renato Russo e os companheiros undergrounds, como Dado Villa Lobos e Dinho Ouro Preto, discutiam de amor a filosofia, sem se esquecerem da música. A praça foi a última parada da banda Aborto Elétrico antes que os artistas partissem para gravar no Rio de Janeiro, por falta de incentivos na capital.

Gilberto Salomão

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"Nem foi tempo perdido... Temos nosso próprio tempo" – trecho de Tempo perdido

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A segunda parada é no Gilberto Salomão, ponto de encontro de gerações brasilienses que se reuniam no extinto bar Sócana. Inspirados no conceito Punk Rock do "faça você mesmo", artistas pouco conhecidos adaptavam as caixas de som às tomadas e extensões improvisadas para divulgar seus trabalhos. A primeira apresentação da Aborto Elétrico, em 11 de janeiro de 1980, teve como palco o galpão. A praça Renato Russo foi inaugurada em 27 de março de 2001, data de aniversário do roqueiro.

Parque da Cidade


"Se encontraram então no parque da cidade. A Mônica de moto e o Eduardo de ´camelo´" – trecho de Eduardo e Mônica

Sombra e violão no terceiro ponto do roteiro. O Parque da Cidade (estacionamento 12) era o lugar perfeito para estudantes, entre eles Renato Russo, que saiam de escolas próximas e faziam música em meio à natureza. Eventualmente os alunos aproveitavam para fazer exercício físico, ao correr de um padre louco que os perseguia. Bancos e árvores dividem espaço com a partitura de Eduardo e Mônica, uma das canções mais conhecidas de Renato.

Teatro Rolla Pedra


"Estou indo pra Brasília, neste país lugar melhor não há" – Trecho de Faroeste Caboclo

Do Plano Piloto para Taguatinga, a última parada é no extinto Teatro Rolla Pedra. Renato Russo e outros artistas locais se reuniam para respirar cultura. O espaço promovia festas, shows e divulgava bandas de Brasília. A placa com o trecho de Faroeste Caboclo homenageava o local e explicava a ligação entre o teatro e Renato. Atualmente a área está ocupada por agência bancária, lanchonetes e lojas comerciais. Do rock, só lembranças.

O circuito será ampliado com mais três pontos: 303 Sul, Cultura Inglesa e Brasília Rádio Center.

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