Quem aqui rouba música?

Qual é a saída, então, para respeitar o trabalho dos artistas e, ao mesmo tempo, curtir a trilha sonora que está rolando por aí, “disposta e disponível” na internet?



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"Quem aqui rouba música?": a pergunta da professora do mestrado que curso aqui na Inglaterra incomodou alunos britânicos, chineses, indianos, brasileiros. Todos nós que costumamos baixar a discografia das bandas preferidas. Como a música não é nossa, teríamos que pagar por ela. Recorrendo ao download gratuito, no entanto, estamos mesmo roubando. Violamos os direitos autorais dos responsáveis pela obra – a canção, o álbum. Qual é a saída, então, para respeitar o trabalho dos artistas e, ao mesmo tempo, curtir a trilha sonora que está rolando por aí, “disposta e disponível” na internet?

O compartilhamento – ou roubo – de músicas começou em 1999, nos Estados Unidos, por meio do famoso Napster. O sucesso do esquema P2P deixou as gravadoras norte-americanas de cabelo em pé. O faturamento com a venda de CDs começou a diminuir e, como resultado, a Associação da Indústria Fonográfica dos EUA processou o Napster. Mais de duas mil ações na Justiça levaram ao fechamento da companhia em 2001.

Claro que, ao longo da década passada, o modelo de compartilhamento foi reproduzido por outros aplicativos, como KaZaA, LimeWire e eMule. O problema é que muitos dos arquivos mp3 distribuídos estão contaminados ou as canções vêm incompletas. Para quem não tem banda larga, uma queixa comum é a lentidão para baixar música. Nesse cenário de incertezas, Steve Jobs emplacou um dos modelos de negócio mais bem-sucedidos da história da internet. Em 2003, a Apple abriu a iTunes Store, loja “virtual” de discos e filmes. Hoje, ela responde por cerca de 80% das vendas de música digital no mundo.

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Com um delay de quase dez anos, a iTunes Store deve chegar ao Brasil em outubro próximo. O bis do sucesso da loja é garantido, especialmente por causa do alto preço cobrado por CDs e DVDs no nosso país. Aqui na Inglaterra, cada música na store de Jobs custa de 79 a 99 centavos de libra. Álbuns novos saem a, no máximo, oito libras. Mais antigos, a cinco. Se esse padrão de cobrança for reproduzido no Brasil, o gasto com o trabalho do artista favorito ficará mais compatível com a renda do brasileiro.

O lado negativo dessa empreitada é a concentração do mercado nas mãos da poderosa Apple. O Google também entrou no metiê neste ano, ao lançar nos EUA o Music Beta, similar ao iTunes. Como alternativa às bambambans do Vale do Silício, destacam-se os já tradicionais Last.fm e MySpace, além de Spotify (atualmente indisponível no Brasil), que permite ouvir de graça qualquer música – à custa de incômodos comerciais, e o SoundCloud, que permite baixar versões e mash-ups dos hits do momento.

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Além desses apps ou sites 2.0, esperam-se iniciativas dos artistas para tornar mais acessíveis novas produções. Não podemos esquecer a decisão histórica do Radiohead de deixar para o fã a definição do preço do álbum In Rainbows, lançado em 2007 pelo site do grupo. Cada um pagava o quanto achava que a música valia. É a “contracomoditização” da arte – mais um caminho possível e já seguido por outros artistas (inclusive brasileiros, como Cansei de Ser Sexy e Tom Zé).

Portanto, dá para evitar o roubo de música – ainda mais com o apoio da própria banda! E, nesse mix digital de possibilidades, uma constatação... Em tempos de computação em nuvem, iPod e smartphones, namorar capa de CD parece mesmo anacrônico.

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