Pola Ribeiro: “Lula abriu muitos espaços para uma construção cultural no país”

Cineasta baiano falou sobre a importância da eleição de Lula para resgatar a cultura. A pedagoga e poeta Cilene Canda lembrou o fortalecimento do MinC nos governos do PT

Pola Ribeiro e Lula
Pola Ribeiro e Lula (Foto: Divulgação | Ricardo Stuckert)


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Por Ricardo Nêggo Tom - Desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, a cultura do país vem sendo atacada. Não bastasse a extinção do Ministério da Cultura logo no primeiro dia de seu mandato, relegando a pasta a uma secretaria subordinada ao Ministério do Turismo, os nomes escolhidos para comandá-la não passaram de aspones do seu projeto de destruição da educação e da cultura. Cilene Canda, mestre em Educação e doutora em Artes Cênicas pela UFBA, associa a destruição da cultura ao avanço da extrema direita no Brasil e lembra da importância dos governos de Lula para a inclusão cultural e social no país. 

“Estamos percebendo esse avanço da extrema direita no mundo inteiro. Avanço de um neofascismo engendrado em redes da ignorância, da pobreza e da opressão. E a educação é um dos alvos principais desse processo, assim como a cultura. Isso passa pela defesa de um estado mínimo, as reformas e os cortes que aconteceram na educação desde o golpe contra a presidente Dilma. E vamos percebendo o acirramento disso, associado às reformas do ensino médio e da educação básica como um todo, tendo um enfoque tecnicista e neoliberal. Trazendo para o campo das conquistas históricas, sem dúvidas, Lula é um marco de muitas conquistas no campo da educação, especialmente, no ensino superior, e também na cultura, com o fortalecimento do Ministério nas gestões de Gilberto Gil e de Juca Ferreira”, disse em entrevista ao programa Um Tom de resistência, na TV 247.

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O cineasta Pola Ribeiro também citou a importância dos dois governos Lula para a cultura e lembrou que os quase quatro séculos em que a escravidão vigorou têm uma influência muito grande na cultura, na comunicação e no comportamento da nossa sociedade. “Para tocarmos em assuntos como cultura, educação e arte, é preciso lembrar que estamos em um pais de 520 anos que não trabalhou muito bem a sua história, que é fruto de uma invasão e que 400 anos foram de escravidão. É uma sociedade patriarcal bastante conservadora, que invisibiliza os descendentes dos escravizados e as histórias de luta do povo brasileiro, com uma comunicação que nunca foi comunitária, nunca foi pública e nunca foi democratizada. A legislação que nos rege é patriarcal, colonialista, patrimonialista, e normalizou e naturalizou as relações de preconceito com os pobres, negros, indígenas e com os diferentes de alguma natureza, como pessoas não cidadãs e não senhores de direito. E o principal papel da cultura é reivindicar essa identidade, esse pertencimento, essa alma, esse jeito de ser do Brasil”, analisou Pola, que aposta na eleição de Lula como uma esperança de resgate da cultura como agente de transformação social no País.

Para o diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia, “Lula, de fato, é um ser com uma grande capacidade de captação dos rumores, dos ecos que a sociedade produz. É um tradutor de sociedade, que abriu muitos espaços para uma construção cultural no país. Mas é muito difícil convencer os nossos políticos, governos, parlamentares, para abertura de espaços relativos à cultura. E mais difícil ainda para o espaço relativo à arte. “Conceituando cultura, arte e educação, Pola Ribeiro fala sobre como a aplicação desses conceitos tem um papel importante na transformação da sociedade. “Digamos que cultura seja a nossa formação, a maneira que nós mamamos no peito, como fomos criados, como nos relacionamos nos bairros. A educação é a normatização disso, com espaço da crítica e da problematização. E a arte é o espaço de ‘puxar o tapete’, da invenção, do questionamento total, da produção do que não sabemos ainda do que se trata. E, talvez, nesse momento seja necessário inverter esses papéis. Colocar a arte em primeiro plano, para poder questionar a nossa forma de viver e se relacionar, baseada na nossa cultura, para nos dar pertencimento e reconhecimento como cidadãos, como país e como nação, e criar uma educação que seja capaz de dar conta desse processo. E o primeiro passo para isso, é eleger Lula e colocar um projeto de volta nos trilhos para que a gente possa recomeçar esse processo”.

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A educadora Cilene Canda, que também é atriz e poetisa, reforça o papel da cultura como agente de transformação social e de formadora de cidadania. “Partindo desse entendimento que o Pola Ribeiro coloca, de uma sociedade colonizadora, escravocrata, mesquinha e patrimonialista, a gente vai entender que a democracia, seja ela econômica, social ou política, é uma tarefa histórica urgente e fundamental. Pensar em educação e na influência da educação e da cultura nesse contexto, é provocar reflexão. Como Marx traz em sua base teórica, como também Paulo Freire, de entender que a realidade não é imutável. A sociedade na realidade é dialética e fruto desses contrastes e desses conflitos. Entender a influência da cultura para a formação do educador, é entender que a cultura, a política, a educação e a vida não estão dadas, e que a cultura é o lugar onde simbolizamos todos esses processos. É importante puxar esse debate para a questão das artes, entendendo a arte educadora como elemento orgânico da cultura, que vai surgindo muito mais como processo, do que como um produto. É importante também pensar a arte e a cultura como uma necessidade de criarmos uma outra cultura política, uma outra forma de pensar educação e de pensar a participação social”.

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