"O vício em pornografia é igual ao vício em cocaína", declara o artista visual Rafael Trabasso

Revelando que acessava sites pornográficos mais de cinco vezes por dia, o tatuador falou à TV 247 dos males que este tipo de conteúdo provocou na sua vida

Rafael Trabasso
Rafael Trabasso (Foto: Reprodução)


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Por Ricardo Nêggo Tom, 247 - Com o advento da internet, o acesso aos conteúdos eróticos e pornográficos ficou muito mais fácil. Os chamados sites pornográficos se multiplicaram na rede, oferecendo todo o tipo de conteúdo sexual de acordo com o gosto dos internautas. A oferta só não é maior do que a procura. Em pesquisa realizada em 2018 pelo canal Sexy Hot, 22 milhões de brasileiros admitiram consumir pornografia, dos quais 76% são homens. Entre eles estava o artista visual e tatuador Rafael Trabasso, que escreveu o primeiro texto sobre vício em pornografia e reboot publicado no Brasil. Ele começa falando sobre quando se reconheceu um viciado em pornografia. “Eu sempre tive muitas ideias, na minha cabeça sempre teve uma fila de desenhos de trabalhos artísticos que eu queria fazer. Chegou uma época em que eu não tinha disposição e energia para criar novos trabalhos, e estava vivendo uma vida bem arrastada e diferente do que estava acostumado. Nessa época eu estava consumindo muita pornografia online. Eu lembro que chegava a entrar em sites pornográficos de três a cinco vezes por dia. Numa dessas vezes, eu me lembro de estar bem depressivo e de ter olhado para o computador e me perguntado o que eu estava fazendo com a minha vida”.

A partir desse “insight”, Rafael conta que entrou no Google e começou a pesquisar sobre vício em pornografia. “Eu fiquei surpreso com os resultados obtidos nas buscas. Todos os sites eram estrangeiros, mas tinham muitas pessoas falando sobre o assunto, relatando os seus problemas e falando como elas fizeram para parar com o vício. A partir daí eu comecei a entender que era um assunto mais comum do que eu pensava e que muitas outras pessoas sofrem com isso. Eu comecei a estudar o tema, tracei um plano de recuperação para mim através desses estudos e comecei a colocá-lo em prática. Desse dia até eu escrever o artigo sobre o tema em 2015 foram quase dois anos de intervalo. Eu só escrevi quando me senti à vontade para falar do assunto, sem ser hipócrita. Eu não poderia escrever a respeito dos malefícios da pornografia sem antes ter parado de consumi-la. Durante esse intervalo eu tive tempo e oportunidade para testar várias abordagens. Foi um processo bem difícil. Eu sofri muito nesse período, mas quando eu comecei a ver os resultados entendi que aquilo era sério. Esse artigo ganhou uma repercussão tão grande que até me surpreendeu”.

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Dentre as abordagens usadas por ele para se reconhecer um viciado e se livrar da pornografia, ele cita e recomenda que os consumidores de pornografia façam um teste. “O primeiro passo é fazer um auto diagnóstico. E você pode começar vendo por quanto tempo consegue ficar sem consumir pornografia. Eu não consegui ficar nem um dia. A abordagem que eu usei a partir disso eu aprendi nos fóruns que eu participava sobre o tema. A ideia é você ir ganhando terreno. Se você não consegue ficar nem um dia sem acessar esses sites, sua primeira meta vai ser tentar ficar um dia sem acessar. Conseguindo, no outro dia você usa sem pressão e sem culpa. No dia seguinte você não usa e tenta estabelecer esse dia sim, dia não, até ficar confortável com esse intervalo. Depois você passa para dois dias sem consumir e no terceiro você usa, também sem pressão e sem culpa. E depois você vai aumentando gradativamente a sua resistência. Tem gente que consegue ficar sem consumir por mais tempo, mas outros precisam ir se acostumando aos poucos. A maioria tem recaídas. Eu mesmo tive várias. No meu caso, essa técnica de ir deixando de consumir de forma gradativa foi mais eficiente”.

Dos males que o excesso de pornografia por causar, Rafael traz a opinião de estudos científicos que comparam o consumo de pornografia ao consumo de drogas pesadas como a cocaína. “O vício em pornografia é igual ao vício em cocaína. Hoje a ciência sabe que o cérebro do viciado em pornografia tem as mesmas reações do cérebro de um viciado em cocaína ou em álcool. O que eu sentia, e é um termo muito usado nos fóruns sobre o tema, é a chamada ‘neblina mental’, que é como se você enxergasse o mundo através de uma neblina à sua frente. As coisas ficam meio distantes, meio opacas. Aquelas atividades mais costumeiras do seu dia a dia, como cozinhar, lavar louça, limpar a casa, começam a ficar cansativas, enfadonhas. A preguiça, a exaustão física, a confusão mental e a letargia vão batendo. As relações sociais vão ficando comprometidas, a gente vai perdendo o interesse e se distanciando das pessoas. A mente está tão saturada de imagens pornográficas e violentas que muitos encontram dificuldades em se relacionarem com outras pessoas. O que me fez perceber que estava num estado grave foi quando a pornografia interferiu no meu processo criativo. Eu amo a minha profissão, mas não sentia mais prazer nela enquanto estava viciado em pornografia".

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