'O que está acontecendo com Salvador?, indigna-se Érico Brás
Ator baiano conversou com o Bahia 247 e disse estar muito triste com a situao em que a cidade onde nasceu se encontra: 'abandonada'
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Camila Vieira_Bahia 247 - O ator Érico Brás aportou em Salvador sexta-feira (14) para participar da peça Áfricas, do Bando de Teatro Olodum, grupo que formou muita gente como ele próprio, Lázaro Ramos, Virgínia Rodrigues, dentre outros. Por coincidência, chegamos ao mesmo horário ao Teatro Vila Velha, quando Brás conversava com empolgação com a atriz Cássia Vale (que fez Mãe Raimunda no filme Ó Paí, Ó).
Cumprimentos feitos, ele partiu para dentro da sala de ensaio e, cerca de 20 minutos depois, voltou de havaianas e bermuda, dizendo: “Oi, tudo bom? Ah! vocês vão tirar foto? Deixa eu me vestir porque estou nu”, e foi “se vestir”.
Ao retornar, começamos falando do seu atual personagem em Tapas e Beijos, da Rede Globo, Jurandir – o eterno apaixonado por Sueli, interpretada por Andréa Beltrão. Jurandir é malandro, como Reginaldo, mas Brás pontua algumas diferenças entre os personagens, embora compartilhem o fato de serem bem divertidos.
“Ó Paí, Ó está falando especificamente do Pelourinho e a malandragem de Reginaldo vem da necessidade de sobreviver, assim como a dos outros personagens. Jurandir é passista da escola de samba, se casou, sumiu e voltou para reconquistar a Sueli, mas vira e mexe ele faz besteiras”.
Segundo o ator, Tapas e Beijos já está garantida na grade do ano que vem. Se vai conseguir um final feliz com a amada? “Ah... eu acho que no final ele consegue reatar”. Ficção à parte, Brás aproveita para elogiar o elenco da novela, dando maior atenção para as atrizes Andréa Beltrão e Fernanda Torres.
“É magnífico trabalhar com as meninas, elas têm uma experiência, uma cumplicidade, são generosas em cena e acho que isso está refletindo como sucesso. Maurício [Faria, diretor] escolheu bem... a gente se diverte em cena”.
"Eu gosto de estar atuando"
Apesar de ser complicado ter novos trabalhos em frente por conta dos compromissos na TV – Brás ensaia de segunda a quinta-feira – novas propostas aparecem para este ator que foi “catapultado para o mundo” pelo Bando de Teatro Olodum.
Além de dois filmes para os quais foi convidado (e prefere não comentar porque está lendo o texto ainda), vai estrear no Rio de Janeiro a peça Voo Canário, baseada na obra de Isaac Helms. A direção é de Cecília Amado, neta de Jorge Amado.
Ao falar de seus atores preferidos, Brás cita como referência Milton Gonçalves e Ruth de Souza, “uma mulher que é um exemplo de mulher negra atriz no Brasil e foi uma das pessoas que garantiram que a gente [os negros] pudesse bater na porta hoje”.
Quando não vem a Salvador a trabalho (como este final de semana), Brás aproveita bastante o tempo. O que faz? “Menina, praia, comer acarajé, eu tô pirado porque não comi meu abará ainda [risos], vou a festas, gosto de ir ao Rio Vermelho, visito meus parentes, que não posso deixar de fazer... e adoro a Cidade Baixa, cara, adoro a praia da Boa Viagem”. E, claro, bate á porto do Vila Velha para conversar com o pessoal do Bando.
‘O que está acontecendo com Salvador?’
“A cidade está largada, velho. Muita sujeira, muito mendigo, falta polícia para segurança”, lamentou. A decepção não é por acaso. Abandonada, a capital baiana é tema de conversas do ator com colegas e amigos no Rio de Janeiro, que fazem a seguinte pergunta: o quê está acontecendo com Salvador? Difícil responder.
“Somos o terceiro estado do país onde o turista tem preferência. No Nordeste somos o primeiro. Cara, se a gente cuida um pouco mais da cidade do Salvador, se a gente cuida do estado da Bahia, a gente tem condições de entrar como segundo ou primeiro no ranking nacional, posições ocupadas pelo Rio e São Paulo [respectivamente]. A gente tem muita coisa cultural que chama atenção, mas o turista chega na cidade e vê a cidade desse jeito... não vem mais”.
Pelo menos, no que depender dele, sua visita será constante. Final de semana que vem está de volta, quando poderá se divertir.
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