O porto carioca de Elizabeth Bishop

Reedies de livros, pea e filme marcam o centenrio da poeta americana que viveu no Brasil com a arquiteta Lota Macedo de Soares. No cinema elas devero ser interpretadas por Glria Pires e Jodie Foster



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Natália Rangel_247 – No ano em que se celebra o centenário de nascimento da poeta americana Elizabeth Bishop, reedições de livros, uma peça de teatro e um filme estão entre as atrações que pretendem prestar tributo à trajetória da escritora, ganhadora de um Prêmio Pulitzer, que viveu e escreveu importante parte de sua obra no Rio de Janeiro. Elizabeth morou na capital, em Petrópolis e depois em Ouro Preto ao longo dos 22 anos e envolveu-se amorosamente com a arquiteta Lota Macedo de Soares, com quem passou a dividir a mesma casa. Lota foi uma proeminente integrante da elite carioca e possuía estreitos contatos com políticos influentes, como Carlos Lacerda, que era amigo pessoal e frequentava a residência do casal.

Os títulos da poeta já lançados no País hoje também só podem ser encontrados em sebos. Nesta terça-feira 7, no entanto, a Companhia das Letras, que detém os direitos sobre os seus livros, anunciou que irá relançar três de sua obras. Em agosto será publicado Uma Arte (que contém o famoso poema A Arte de Perder) e no próximo ano um livro de poemas e outro de contos. Enquanto os livros não voltam às prateleiras, o teatro é uma alternativa para se tomar contato com a biografia e a produção poética da escritora: reestreou em São Paulo o monólogo Um porto para Elizabeth Bishop, com texto de Marta Góes, atuação de Regina Braga e direção de José Possi Neto (Leia crítica abaixo). No cinema, o diretor Bruno Barreto está filmando a vida da poeta americana e seu relacionamento tempestuoso com Lota em um filme adaptado do livro Flores Raras e Banalíssimas, de Carmen Oliveira, que narra o convívio das duas mulheres, obra que está fora de catálogo e não tem previsão de ser reeditada. O longa-metragem terá Glória Pires como a brasileira Lota e negocia com a atriz americana Jodie Foster a interpretação do papel da escritora americana.

Trecho do poema “Uma Arte”:

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A arte de perder não é nenhum mistério/tantas coisas contém em si o acidente/de perdê-las, que perder não é nada sério./Perca um pouco a cada dia. Aceite austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente./A arte de perder não é nenhum mistério./ Depois perca mais rápido, com mais critério: lugares, nomes, a escala subseqüente/ da viagem não feita. Nada disso é sério./ Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero/ lembrar a perda de três casas excelentes.

CRÍTICA

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Regina Braga salva Um pouso para Elizabeth Bishop

por Patricia Lobo

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Volta aos palcos de São Paulo a montagem Um porto para Elizabeth Bishop que narra as intensas duas décadas vividas pela poeta americana no Brasil. Alcool, paixão, amor e vocação pautaram a sua trajetória em um universo marcado por brigas políticas e profunda admiração pelo País, o que proporcionou à poeta uma produção prolífica e diversos prêmios. Elizabeth chegou ao porto de Santos em 1951 para permanecer duas semanas. Acabou ficando por quase vinte anos, a maior parte deles compartilhados com Lota Macedo Soares, representante da elite brasileira da época e urbanista responsável pelo planejamento e construção do Aterro do Flamengo. Era evidente o seu acesso e influência aos quadros políticos, em especial por meio do amigo e governador da então Guanabara, Carlos Lacerda.

Tratava-se de um período conturbado. A poeta chegou ao país durante os Anos Dourados, presenciou passagens dramáticas, como o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, e depois a ditadura militar. Elizabeth vivenciou toda a transformação política do momento, respirou um período de resistência à adversidade e a enfrentou em sua vida pessoal também, devido ao seu convívio íntimo com Lota. O Brasil foi fonte de inspiração constante para Elizabeth e ela estava no País quando recebeu o importante prêmio literário Pulitzer, em 1956.

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O texto do espetáculo peca pelo excesso de clichês. Nos traz apenas o vago e o básico de uma época que poderia ter sido melhor explorada, já que se trata de um dos momentos mais transformadores e dramáticos do Brasil, fase que possui em Elizabeth e sua presença enquanto poeta e americana, um fabuloso contraponto cênico e dramatúrgico. O diretor José Possi Neto, no entanto, recorreu a recursos audiovisuais previsíveis, sem agregar nada à compreensão ou promover um envolvimento emocional. A atriz Regina Braga sim consegue emocionar. A sua interpretação de Elizabeth Bishop encanta pela sua experiência e naturalidade expressas ao longo de duas horas de espetáculo - permite que o público sinta-se um pouco mais próximo do que foi, do que viveu e sentiu a artista Elizabeth Bishop.

Um porto para Elizabeth Bishop

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Livraria Cultura – ConjuntoNacional – Avenida Paulista, 2073 – Metrô Consolação

Sextas e sábados: às 21h/ Domingos: às 19h

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Sextas: R$ 40,00

Sábados e Domingos: R$ 50,00

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