O Ara Ketu era bom demais (para ser verdade)

Instituto voltado para crianas e jovens do subrbio ferrovirio de Salvador, na Bahia, est decadente



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Camila Vieira_Bahia 247 – Não dá para esconder. O Instituto Ara Ketu, localizado em Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, na Bahia, está visivelmente vazio, quase abandonado, exceto pelas raras atividades que lá acontecem. Mas nada como há 10, 20 anos, pois perdeu o foco inicial de inserir crianças e jovens na sociedade através de atividades sociais e artístico-culturais. Tatau, Tonho Matéria e Larissa Luz (atual vocalista da banda Ara Ketu) saíram de lá, mas pouco se pode esperar de novos talentos para a música, dança, capoeira... Só para o esporte. É o que pretendem, ao menos.

Foi por meio do instituto que surgiu a banda homônima, com a 'Escolinha de Percussão', no final da década de 1980. Depois, em 1997, teve seu formato alterado para as 'Oficinas Ara Ketu', desenvolvendo atividades pedagógicas através da capoeira, fabricação de adereços, percussão, corte/confecção, dança, teatro, serigrafia, além de cursos de cabeleireiro, manicure e pedicure. Já teve também um projeto de formação de cidadãos empreendedores com base na 'Educação Inclusiva', agregando educação de jovens e adultos, reforço escolar e pré-vestibular.

No início, havia ensaio da banda e o lugar enchia de gente – até não caber mais. Após a construção da quadra poliesportiva – com verba do governo federal, através do Ministério dos Esportes – o espaço ficou mais apertado. Mas o instituto possui um terreno vazio, cheio de grama, onde reside uma cabra. O espaço não será vendido – a presidente do IAK, Vera Lacerda, foi enfática ao responder –, mas não será usado tão cedo. A não ser pela cabra.

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Como é comum acontecer após qualquer artista atingir a fama, ninguém volta ao local de onde surgiu. Lacerda explica que não quer misturar as coisas, mas apenas prestar serviço de inclusão social. No entanto, há quase cinco anos não se vê mais movimentação no local. Não existe mais divulgação, nada que demarque que ali está a sede do instituto. Muitos moradores e vendedores, que trabalham próximo à sede, sequer sabem da sua existência.

- Bom dia, senhoras. Conhecem o Instituto Ara Ketu, que fica logo ali, perto da linha de trem...

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- Não, minha filha - responderam duas ambulantes sem que eu concluísse a pergunta.

Ao chegar ao IAK, encontramos Lelê, 61 anos, percussionista que integrou durante 22 anos a banda Ara Ketu, na época em que Tatau ainda era vocalista. Nascido e crescido no bairro, Lelê surgiu junto com o sucesso que a banda conquistou em meados dos anos 90. Largou o emprego de pintor – trabalhou durante nove anos numa empresa do Polo Petroquímico – e entrou de cabeça no grupo. Viajou o mundo e, hoje, toma conta do instituto que, na maioria das vezes, está oco.

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O lugar não está em péssimas condições. Apesar dos rombos nos alambrados da quadra poliesportiva e paredes amareladas, o instituto não chega a estar caindo aos pedaços. Mas deveria ser mais bem aproveitado, sobretudo porque o Ara Ketu volta e meia divulga ações como se estivessem sendo realizadas na sede.

Nesta quarta-feira (13), divulgaram um novo projeto em parceira com a 'De peito aberto', uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), especializada na elaboração, captação de recursos e gerenciamento de programas e projetos esportivos. Por causa do projeto, o instituto vai ganhar equipamentos esportivos, computadores portáteis e profissionais de educação física. Quanto aos materiais, nada chegou até o momento. As inscrições começam na próxima segunda-feira (18) e vai até o dia 23 de julho. O projeto terá duração de um ano, renovável por mais um.

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O 'Ara Ketu de peito aberto' quer atingir cerca de 700 crianças e adolescentes na faixa etária de 7 a 17 anos de idade. Existe ainda o projeto 'Segundo Tempo', iniciado ano passado, mas os cursos que acontecem aos sábados e domingos estão paralisados. Falta gente.

Futuramente

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Questionada sobre quando a comunidade voltará a ter aulas de dança, teatro, música, capoeira, a fundadora e presidente Vera Lacerda responde apenas que futuramente pretende voltar com esse projeto. Vaga nas respostas, a empresária afirma que precisa de apoios, de patrocinadores que, diz, não querem investir em projetos sociais. O recente projeto foi obtido por meio de isenção fiscal.

- Estamos fazendo um projeto na área do esporte, que tem como objetivo ocupar os jovens, afastando-os da violência, do tráfico (...). O esporte dá disciplina, autoconhecimento...

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- E a arte também não proporciona?

- Dá, mas poucos [jovens] eram aproveitados. Queremos investir no social e descobrir novos talentos para o esporte.

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Existem salas para curso de cabeleireiro, corte e confecção, mas sem equipamentos bons. Apesar de sustentar que acontecem atividades durante a semana, pela estrutura do local não é isso que é percebido. O Bahia 247 já viu a sede fechada várias vezes e alguns moradores relatam o mesmo. José Gilberto, o Zé Diri, 64, afirma que não existe mais nada. Segundo ele, os responsáveis nunca mais apareceram por lá.

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