Novo 'Os Três Mosqueteiros' banaliza o verdadeiro cinema

Nova versão do filme insulta o espectador, trazendo atores como bonequinhos inanimados da Lego



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Ok, eu admito com certo esgar de cinismo que fui assistir à nova adaptação de Os Três Mosqueteiros só para falar bem do livro e das clássicas versões para o cinema da história de Alexandre Dumas porque o produto mais recente, esse agora que está em cartaz em todos os cinemas do planeta, só pelo trailer se revela uma cretinice só. Mesmo assim, dei um crédito ao filme e fui lá torrar, de graça, R$ 18, o preço de um vinho chileno. E por quê? Ora, porque seguindo a epidemia que assola a indústria cinematográfica atualmente, trata-se de um produto em 3D, o que não quer dizer nada, a não ser para o nosso bolso, certo?

Dirigido por Paul W. S. Anderson (Residente Evil, O Hóspede Maldito), o filme é um insulto à inteligência do espectador. Mas só os mais espertos, aqueles que não gostam de ser tapeados. E, sobretudo, aqueles que, como eu, leram o livro. De modo que, se você for ao cinema na esperança de ver um bom filme de capa e espada ou intrigas palacianas, guarde seu dinheiro para o lanche do McDonald's ou o chope com os amigos. Do contrário, irá perder dinheiro, tempo e o pior de tudo, a paciência.

Escritor sério do século 19, Alexandre Dumas publicou o clássico folhetim em 1844, retratando de forma contundente e com forte pegada histórica a sociedade do seu tempo. O livro é denso, cheio de subtramas e personagens intensos, ambíguos, uma obra literária de peso inigualável e importância idem. Valores que a nova versão descartou por completo. Para começar, a trama original foi vilipendiada em função dos efeitos visuais e digitais ridículos. Alguém aí poderia me explicar o que diabos são aqueles dirigíveis náuticos? Ou melhor, de onde saíram aquilo? Sim, porque o livro não traz nada parecido e, por favor, não me venham falar em licença poética. Tudo é tão artificial que parece versão em "cinemascope", dos bonequinhos inanimados da Lego.

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Fora isso, tem essa palhaçada virtual em 3D que, a cada filme, traz surpresinha desagradável. No caso de Os Três Mosqueteiros, por exemplo, os floretes surgem na tela quase como "falos digitais" e os atores são decalques da própria realidade. Aliás, nenhuma atuação desse filme escapa. Todos estão, exageradamente, caricatos, afetados e fracos. A atriz que faz o papel da ardilosa vilã Milady parece uma boneca Barbie e o astro Orlando Bloom desempenha aqui seu pior momento no cinema.

Claro, a melhor história foi contada pelo próprio escritor francês, Alexandre Dumas, no livro. Mas se você quiser ver uma boa adaptação para o cinema do folhetim, há o hollywoodiano filme de 1949, com um canastrão Gene Kelly na pele de D'Artagnan, e ainda uma versão obscura de 1973, dirigida por Richard Lester. Richard Lester vocês conhecem, foi o cara que imortalizou os Beatles em película, no marco do cinema musical, com A Hard Day's Night. Ah, sim, e o ator que vivia o mefistofélico Richelieu foi ninguém menos do que Charlton Heston, o astro dos grandes épicos dos anos 50.

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A nova versão de Os Três Mosqueteiros faz o cinema parecer menos cinema. É, de longe, um dos piores filmes que vi na minha vida. O pior da era Steve Jobs. Aprendi uma grande lição: não assisto fitas em 3D, no cinema, nunca mais.

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