No carnaval de Salvador gastos são públicos e lucros, privados

Festa mais tradicional da capital é pouco frequentada pelos baianos. São eles, no entanto, que pagam – e caro – a conta. Artistas e empresários são os que mais faturam



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Natália Rangel_247 -- Pesquisa surpreendente divulgada pelo principal jornal soteropolitano, A Tarde, revelou que 76% dos baianos entrevistados têm o hábito de fugir da capital durante o Carnaval. Ou seja, na terra da folia, os anfitriões deixam a casa para os turistas nacionais e estrangeiros fazerem a festa. O fato encerra contradições e injustiças importantes destacadas em reportagem publicada pela revista baiana A Metrópole que mostra que a prefeitura de Salvador paga caro pelo Carnaval e recebe em troca menos do que gasta. Ou seja, segundo dados divulgados pela prefeitura, na festa de 2009 a administração investiu R$ 31 milhões e teve um prejuízo de R$ 17,4 milhões. Enquanto isso, os empresários e artistas registraram lucros da ordem de dezenas de milhões, pagando pelo uso do espaço público, a irrisória taxa de R$10,58, mais R$ 42,4 pelo metro quadrado de seus camarotes.

Entre os camarotes que mais faturam estão o Salvador, que recebe cerca de três mil pagantes, cobra R$ 1,2 mil por dia e arrecada nos três dias R$ 14,4 mil, em média. O bloco comandado por Bell Marques, do Chiclete com Banana, fatura R$ 6,2 milhões, reúne duas mil pessoas e cobra de cada um deles um valor que varia de R$ 350 a R$ 690. Alguns dados dos blocos e camarotes, segundo A Metrópole: blocos: Camaleão fatura, com a venda de abadás, R$ 6,65 milhões; Me Abraça fatura R$ 5,4 milhões; Corujas fatura R$ 4,94 milhões. Isso em três dias. Entre os camarotes, o Reino arrecada R$ 7,2 milhões; Nana Banana, R$ 6,2 milhões e Camarote Salvador, R$ 14,4 milhões. É por esta e outras que se fala hoje que a capital soteropolitana privatizou o Carnaval. Cada metro quadrado do extenso percurso praticado pelos blocos e trios elétricos têm um preço estipulado e não é barato (como se pode ver acima), os blocos de rua estão quase extintos e até quem trabalha na folia usufrui pouco da dinheirama que circula entre empresários e artistas: a figura mais tradicional do carnaval desde o surgimento dos trios elétricos, os cordeiros, aqueles que seguram as cordas que delimitam os blocos, ganham em geral menos de 10% do que um folião paga para participar da festa, cerca de R$ 30. Disparidades que vêm se acentuando em outras esferas sociais da cidade de Salvador.

(com informações da revista A Metrópole)

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247