“Negócio das Arábias” é poeira no deserto
Filme que estreou nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros, por mais que tenha o grande Tom Hanks como protagonista, não consegue transpor a linha tênue de um filme comum para um filme interessante
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Por Ricardo Flaitt, para o 247 – Todas as histórias parecem já terem sidos contadas nas artes, no entanto, a ordem se quebra e o mote se renova a partir da narrativa, do modo de recontar, de um novo jeito de narrar. No caso do cinema, para um bom filme é necessário a confluência de roteiro, interpretações, cenários, locações e, ao final, o olhar do diretor, que empresta os olhos para vermos o mundo por outros ângulos.
"Negócio das Arábias", que estreou nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros, por mais que tenha o grande Tom Hanks como protagonista, não consegue transpor a linha tênue de um filme comum para um filme interessante.
O diretor Tom Tyker, que em 1998 ditou um novo e rápido e hipnotizante ritmo do cinema por meio de "Corra, Lola, Corra", em "Negócios das Arábias" jogou mais areia no deserto. O filme conta a história de Alan Clay, ex-executivo de uma indústria de bicicletas que tentar se reerguer como representante de uma empresa tecnológica, que tenta vender uma máquina holográfica para conferências ao Rei da Arábia Saudita.
No deserto, em meio a uma crise existencial, Clay tenta inúmeras vezes encontrar-se com o rei para apresentar o projeto, mas o líder saudita nunca chega ao local. Diante do descompasso, Clay passa a caminhar pelos arredores e conhecer a cultura local.
E é justamente no ato de sair do hotel que acontecem os bons momentos do filme, quando entra em cena o taxista Yousef (Alexander Black), muito louco, hilário, responsável em conduzir Clay ao rei e a apresentar a cidade. Não é exagero em dizer que o personagem Yousef fica em primeiro plano, transformando Hanks em coadjuvante, arrancando risadas de um filme, muitas vezes, cansativo. Se Tynker tivesse feito "As loucuras de Yousef" poderia ter se saído muito melhor.
Nas andanças com Yousef, entre bebedeiras no hotel e encontros inusitados, Clay, que não encontra o rei e não encontra sentido em sua vida, dá o direito de perder-se para talvez se encontrar. Mas esse processo, no filme, não tem profundidade, nem pende para o cômico.
Depois de longos minutos caminhando no deserto da película, no ciclo final, quando surge uma nova situação e um personagem parecem indicar um oásis, eis que a história reafirma o lugar comum.
"Negócio das Arábias" não faz rir, nem chorar. Retirando os cenários sauditas e transpondo a história para a cidade, o roteiro é uma história comum do homem lá pelos 50 anos, com problemas e que busca redenção, distanciando-se de tudo e de todos. É poeira no deserto.
Com o título original de "Um holograma para o rei", a verdade é que "Negócio das Arábias" é um holograma para o espectador.
Assista ao trailer:
FICHA TÉCNICA
Título original: A hologram for the king
Distribuição: Mares/Alpha Filmes
Data de estreia: 04/08/16
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2016
Duração: 98 minutos
Classificação: 14 anos
Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Tom Tykwer
Elenco: Tom Hanks, Ben Whishaw, Sarita Choudhury
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