Música: Conexão Recife-SP

Atrs de reconhecimento, msicos pernambucanos trocam a terra do frevo pela cidade da garoa

Música: Conexão Recife-SP
Música: Conexão Recife-SP (Foto: Divulgação)


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Bruna Cavalcanti_247 - A música pernambucana vive um momento bastante especial. Só neste segundo semestre, vários trabalhos foram lançamentos: Junio Barreto, depois de sete anos sem lançar nenhum disco; China, com o seu segundo álbum solo; Karina Buhr; Jr. Black e Tibério Azul, que faz sucesso com a banda “Seu Chico”; além da previsão de lançamentos, até o final do ano, do novo e aguardado disco da Nação Zumbi, do álbum de 10 anos do Mombojó e do novo CD de Siba Velloso, ex-Mestre Ambrósio. Em comum, além do sucesso, todos, com exceção de Tibério Azul e Jr. Black, trocaram a terra do frevo pela cidade da garoa.

“Existe aquela máxima: o seu Estado começa a lhe valorizar mais quando você sai de lá pra correr mundo”, desabafa o cantor pernambucano e VJ da MTV, China. Longe de casa, na batalha pela música nossa de cada dia, a maioria desses músicos é unânime ao afirmar que São Paulo lhes deu uma nova projeção e reconhecimento, tanto em relação ao aumento do número de shows quanto à possibilidade de novos contratos e maior visibilidade na mídia.

Da atual safra pernambucana residente em São Paulo, o músico Siba Velloso, ex-Mestre Ambrósio, é um dos moradores mais antigos. Entre idas e vindas à terra natal – em 2002, ele voltou e morou em Nazaré da Mata onde tinha um projeto e tocava com músicos locais – são mais de quinze anos. “Às vezes, sinto como se nunca tivesse saído daqui porque de certa forma mantive meus vínculos na cidade. Minha vinda para cá foi uma tentativa de conquistar minha independência profissional, expandir os meus horizontes e conquistar um público maior”, conta o músico, completando: “Sampa me acolheu desde o primeiro dia, me dando grandes oportunidades de trabalho. Aqui tudo é maior em todos os termos.”

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O músico acredita que nos dias de hoje é possível sim se viver de música em Pernambuco, mas as dificuldades do mercado local são imensamente maiores. Para ele, um dos principais problemas é a falta de eventos e de lugares que abriguem shows culturais deste estilo. “Não há tanta projeção em Recife quando em São Paulo. Faltam eventos e, por causa disso, é muito difícil manter uma relação mais próxima e direta com o nosso público. Eu mesmo me considero na periferia. Consigo me manter sempre em movimento, mas minha música não toca nas rádios”, analisa Siba.

Com dez anos de carreira, a banda recifense Mombojó está em São Paulo desde o começo de 2009. Antes da mudança definitiva, foram muitas idas e vindas. Os músicos, aliás, começaram cedo no batente, quando todos ainda eram estudantes. Na época, com idades entre 17 e 21 anos, foram chamados de “Mombojovens” e não pararam mais. A relação com os paulistas não demorou a surgir. Em 2004 e 2006, se tornaram um dos grupos mais jovens a ganhar o prêmio da Associação de Críticos de Arte (APCA), na categoria “Melhor Grupo”. “Desde 2004 tocamos fazendo mini turnês. Com o passar dos anos, vimos que a coisa realmente circula aqui. Além de fazermos mais shows, em Sampa, falamos para todo o Brasil. Já em Recife, apenas para a nossa cidade”, afirma o tecladista da banda Mombojó, Chiquinho Moreira. Segundo ele, uma das carências de Recife acontece em relação aos eventos promovidos pelo Governo do Estado.

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Sem patrocínio, o Mombojó voltou à cidade no mês passado para realizar o show comemorativo dos 10 anos da banda com o apoio financeiro dos fãs, que desembolsaram R$ 30,3 mil. “Em Recife, os shows acontecem de forma muito sazonal, sempre no carnaval ou em algum outro festival. Não acho que só depender do apoio da prefeitura ou do Governo seja uma coisa legal, mas é chato observarmos, às vezes, alguns artistas de fora ganhando tão bem”, lamenta Chiquinho.

Um dos que fazem coro com o tecladista do Mombojó, Chiquinho Moreira, é o músico pernambucano China. O cantor atesta que, hoje, para a evolução de sua carreira, é imprescindível estar em São Paulo, já que as grandes mídias e os melhores locais para show estão por lá. “Depois que você faz todo o circuito em recife, não resta muito. Sinto que as pessoas respeitam bastante o meu trabalho aqui, pois eles valorizam a nossa cultura de um jeito sem igual. Além de tudo, fazer turnê partindo daqui fica bem mais barato”, revela o músico.

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Com quase 15 anos de carreira, o cantor e compositor China vem alcançando sucesso nacional na capital paulista. Além de ter acabado de lançar o seu segundo disco solo, Moto Contínuo, pela Trama Virtual, o músico faz sucesso apresentando o programa “Na Brasa”, da emissora paulista MTV. Segundo ele, o governo poderia apurar e fiscalizar melhor antes de investir dinheiro em certos projetos culturais. “Acho que a prefeitura (do Recife) e o Estado devem sim cuidar da Cultura, mas eles também não são gravadora né? Ao mesmo tempo, não vejo o Governo querendo saber se o artista fez um bom uso daquela grana. Acho que as leis precisam melhorar muito e que o lance precisa ser mais sério. Sempre que dá, eu e o Mombojó, por exemplo, bancamos do próprio bolso a nossa vinda para cá”, opina China.

“Acho que o principal equívoco que os governos e os patrocinadores da cultura do Estado cometem é o de achar que estão fazendo um favor quando valorizam de alguma forma os artistas”, afirma a cantora, Karina Buhr. A pernambucana arretada que está conquistando São Paulo desde 2003, acaba de lançar o segundo disco solo, “Longe de onde”. De acordo com Karina, Pernambuco tem de sobra “músicos incríveis e bandas maravilhosas” que poderiam ter melhor reconhecimento. “A gente depende muito da PCR e do Governo e isso, definitivamente, não supre a demanda. A imagem do caboclo de lança, por exemplo, e o ritmo do maracatu de baque virado, são duas fontes exploradíssimas por comerciais e campanhas políticas, mas a real valorização deles não acompanha esse processo todo”, critica Karina.

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Quanto ao reconhecimento do sucesso em São Paulo, a cantora admite que é um processo individual e que funciona de forma diferente para cada artista. “Conheço muita gente que veio e se arrependeu. Não é um êxodo pela busca do sucesso, é muito trabalho diário aqui ou aí”, revela a pernambucana.

Confira a música "Setembro", do novo disco de Junio Barreto: 

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