Morre o gênio do Carnaval

Joosinho Trinta,o maior carnavalesco de todos os tempos, faleceu aos 78 neste sbado, no Maranho; Brasil perde um de seus grandes artistas, consagrado pela trajetria no Salgueiro, Beija-Flor e Unidos do Viradouro

Morre o gênio do Carnaval
Morre o gênio do Carnaval (Foto: DIVULGAÇÃO)


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Fernando Porfírio _247 - A cultura popular está de luto. O carnavalesco João Clemente Jorge Trinta, conhecido como Joãosinho Trinta, de 78 anos, morreu na manhã deste sábado (17). Ele estava internado em estado grave desde o último dia 3, na Unidade de Terapia Intensiva do UDI Hospital, em São Luís, no Maranhão. De acordo com o diretor técnico do UDI Hospital, as causas da morte foram choque séptico secundário, pneumonia e infecção urinária.

Joãosinho Trinta nasceu em São Luís, no dia 23 de novembro de 1933 e se transformou no mais famoso carnavalesco brasileiro. Até os 18 anos viveu em São Luís do Maranhão, onde trabalhou como escriturário. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951. Começou sua carreira carnavalesca no Salgueiro, onde foi campeão, como assistente, em 1965, 1969 e 1971.

Criador dos grandes carros alegóricos, só foi "assinar" um desfile como carnavalesco em 1974, também para o Salgueiro. Membro da equipe de Fernando Pamplona, Trinta ajudou a transformar os desfiles no que são hoje.

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Perderam espaço os passistas que desfilavam livres no chão, sem carros alegóricos ou fantasias mirabolantes, ao som de sambas sincopados, para dar espaço a espécie de "ópera popular", em que as alas desfilam em blocos seguindo coreografias moldadas à risca para contar o enredo da escola.

Após a saída dos carnavalescos Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, foi promovido a carnavalesco da escola onde fez dupla com a artista plástica Maria Augusta no carnaval de 1973, com o enredo “Eneida: Amor e Fantasia”. Já como carnavalesco-solo ganhou o bi-campeonato em 1974 com “O Rei de França na Ilha da Assombração” e em 1975 com “O Segredo das minas do Rei Salomão”.

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Após divergências com a diretoria salgueirense, transferiu-se para a escola de samba Beija-Flor, onde deu seu toque de genialidade com enredos ousados e luxuosos que deram à agremiação nilopolitana os títulos de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983, além de vários vice-campeonatos, entre eles os de 1986 com “O mundo é uma bola” e o de 1989 com “Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia” gerando controvérsias com a Igreja Católica ao tentar levar ao desfile uma imagem do Cristo Redentor caracterizado como mendigo.

Também foi campeão nos Grupos de Acesso com as escolas Império da Tijuca e Acadêmicos da Rocinha, além de ter feito carnavais para escolas de São Paulo.

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Após problemas de saúde transferiu-se para a escola de samba Unidos do Viradouro, onde ganhou o título do carnaval de 1997 com o impactante “Trevas! Luz! A explosão do Universo”. Teve passagem marcante na Grande Rio com o 3º lugar inédito para a escola em 2003.

Em 11 de julho de 2006, após sofrer dois AVCs (acidente vascular cerebral), foi internado no Rio de Janeiro e, vinte dias depois, transferido para o Hospital Sarah Kubitschek, de Brasília, de onde teve alta em 19 de outubro.

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Em 2006 se transferiu definitivamente para o Distrito Federal onde foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Brasília e em 2010, concorreu a deputado distrital, mas não consegui se eleger.

Criador dos grandes carros alegóricos, só foi "assinar" um desfile como carnavalesco em 1974, também para o Salgueiro. Membro da equipe de Fernando Pamplona, Trinta ajudou a transformar os desfiles no que são hoje.

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Perderam espaço os passistas que desfilavam livres no chão, sem carros alegóricos ou fantasias mirabolantes, ao som de sambas sincopados, para dar espaço a espécie de "ópera popular", em que as alas desfilam em blocos seguindo coreografias moldadas à risca para contar o enredo da escola.

Em 1989, a Beija Flor de Nilópolis, então sob o comando do carnavalesco, foi impedida de levar para o Sambódromo a imagem de um Cristo mendigo dentro do enredo "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia".

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Para burlar a proibição e ao mesmo tempo criticar a Igreja, que havia recorrido à Justiça para vetar o uso da imagem, Joãosinho envolveu a estátua em plástico preto, com uma faixa onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nós". A escola ficou em segundo lugar --a campeã foi a Imperatriz Leopoldinense-- mas o carnavalesco fez um desfile histórico, lembrado até hoje como um dos mais emocionantes da passarela do samba.

Foram 17 anos na Beija-Flor de Nilópolis, mas no início dos anos 2000 Joãosinho transferiu-se para a Grande Rio. Em 2004, a escola de samba o demitiu horas antes da apuração oficial, alegando insatisfação com a concepção do enredo "Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor...". Segundo a Grande Rio, a ideia da escola era realizar um desfile para a conscientização do uso da camisinha e do perigo das doenças sexualmente transmissíveis.

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No entanto, a concepção do carnavalesco era mais sexualizada, com carros alegóricos que reproduziam imagens do "Kama Sutra" (manual indiano de posições sexuais). Dois carros com cenas de sexo foram encobertos, por recomendação da Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região metropolitana do Rio). A escola classificou-se em 10º lugar.

Joãosinho se afastou do carnaval em 2006, depois de sofrer um segundo AVC (acidente vascular cerebral)-- o primeiro foi em 2004.

De tão associado à festa virou tema de documentário, livro e, claro, samba enredo. No filme "A raça síntese de Joãosinho Trinta", lançado em 2009, os autores investigam o processo de criação de um enredo para uma das muitas escolas de samba em que ele trabalhou.

No Rio, atuou na Beija Flor, Viradouro, Rocinha, Grande Rio e Vila Isabel, onde coordenou seu último carnaval.

Atualmente, Trinta estava no Maranhão trabalhando em projetos da Secretaria da Cultura para a comemoração dos 400 anos de São Luís, em 2012. Ele planejava um cortejo de 5 mil pessoas, repleto do luxo que o tornou famoso, para contar a trajetória da cidade.

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