Mi Buenos Aires querido

Por que os cineastas argentinos são melhores do que os nossos? Simples: não são superficiais nem culpados



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Bruna Surfistinha.

O novo grande hit do cinema nacional.

Mas por que esse filme carrega pequenas multidões aos cinemas?

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A plateia quer apenas uma ereção.

Nada mais do que isso.

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Putas, pobres e favelas.

Sexo e sangue.

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Eis a essência do nosso cinema.

Por que será que não conseguimos contar uma boa história com começo, meio e fim?

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Seremos tipos superficiais, incapazes de captar e retratar as emoções humanas, como o amor, a amizade, a amargura, o ressentimento, a angústia?

E o que a Argentina, bem aqui ao lado, tem de especial?

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Por que conseguem fazer filmes universais e nós não?

A verdade é uma só: o brasileiro é superficial ao retratar as emoções humanas.

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Os realizadores de filmes no Brasil representam a nossa burguesia atolada da culpa cristã. O nosso cinema em sua maioria é representado de maneira culposa. Culpa da pobreza, culpa da violência, culpa do atraso. Nada de novo ou apelos para comédias ridículas com Luanas Piovanis e quetais.

A Argentina, por sua vez, tem uma população de classe média que consome muito mais cultura. Resultado disso, um país mais qualificado, com profissionais mais preparados em diversas áreas, começando pelos roteiristas.

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Qual a dificuldade para contar uma história simples e inteligente de cotidiano com a qual possamos nos identificar e nos emocionar?

Agora fizeram o filme Bruna Surfistinha. Mas quem vai ao cinema para se emocionar com essa história? Querem as cenas picantes com a Deborah Secco. Ninguém está muito interessado na história de Raquel Pacheco, eis a mais pura verdade. O filme chegou atrasado.

De bom, apenas Drica Moraes e Guta Ruiz, mas o argumento em si do filme não tem nada de novo, é absolutamente ultrapassado. Tema Batido! Claro, que em nosso país onde a moral e a hipocrisia exacerbada são os carros chefes, ir ao cinema para se ter prazer não é tão condenável. Mas o filme em si...

De todo modo, estamos em uma crescente. O cinema brasileiro tem evoluído ano a ano. Mas ainda temos que melhorar muito e dependemos das leis de incentivo e dinheiro do governo para 80% das produções e isso não quer dizer que são boas produções. Os nossos realizadores quando querem sabem bem a onde pedir dinheiro para executar seus filmes penosos e cheios de culpa.

Cinema é um trabalho árduo e quem ganha dinheiro com audiovisual são os distribuidores e exibidores aqui no Brasil. O resto é loteria. Uma produção brasileira que fala de violência com qualidade e inteligência foi Tropa de Elite. Mas é mais a exceção do que a regra.

Observando o boom de filmes argentinos que tiveram sucesso, tudo começou com o filme Tango, do espanhol Carlos Saura, rodado em Buenos Aires. Depois disso, não pararam mais de produzir grandes filmes. Outros bons exemplos são: Nove Rainhas, XXY, O Segredo dos Seus Olhos, entre outros.

Precisamos aprender muito com os argentinos a fazer filmes onde o público possa ser conquistado com bons argumentos e não com peitos, bundas e sangue.

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