Meninas da banda Pussy Riot são condenadas a dois anos de prisão

Motivos alegados pelo tribunal de Moscou, na Rússia, foram vandalismo e ódio religioso; julgamento provocou manifestações em vários países; veja vídeos e fotos

Meninas da banda Pussy Riot são condenadas a dois anos de prisão
Meninas da banda Pussy Riot são condenadas a dois anos de prisão (Foto: SERGEI KARPUKHIN/Reuters)


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Marina Mattar _Opera Mundi- As três integrantes da banda punk Pussy Riot foram condenadas pela justiça russa nesta sexta-feira 17 por vandalismo e ódio religioso, informou a agência russa Interfax. "As cantoras conspiraram em circunstancias não estabelecidas, com o propósito de violar ofensivamente paz pública, em um sinal de desrespeito com os cidadãos", disse a corte em seu veredito.

O tribunal, localizado em Moscou, está cercado por dezenas de manifestantes que gritam "Liberdade para a Pussy Riot!" em meio a uma extensa tropa policial, informam jornais internacionais. Segundo a agência russa Interfax, Sergei Udalstov, importante representante de esquerda no país, foi preso ao tentar passar pelo cordão policial que impede os transeuntes de entrarem no tribunal.

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A luta das ativistas atravessou os oceanos e os protestos pedindo por sua liberdade percorreram cidades de todo o mundo, chegando a mobilizar até mesmo diversos artistas que se apresentaram na Rússia. Sting, Red Hot Chili Peppers e Madonna pediram em suas apresentações pela libertação das integrantes da banda punk. Iiro Rantala, um proeminente músico finlandês de jazz, cancelou sua apresentação na capital russa em protesto à prisão das mulheres assim como o artista plástico britânico, Stuart Semple, decidiu não disponibilizar suas obras para o Festival de Artes de Moscou.

"Nós estamos pedindo às autoridades russas para tirar suas queixas de vandalismo e soltar imediatamente Maria, Ekaterina e Nadezhda", disse Kate Allen, o diretor da Amnestia Internacional do Reino Unido.

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Histórico

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Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich estão enfrentando o tribunal por terem protestado contra o presidente russo no altar da maior igreja ortodoxa do país em fevereiro desse ano.

A Promotoria russa exigiu uma pena de dois anos de prisão para as integrantes da banda, argumentando que representam uma ameaça para a sociedade pela possibilidade de realizarem outros protestos no país.

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Os promotores e advogados de acusação sustentam que a apresentação da banda em uma Igreja Ortodoxa não constituiu uma ação política, mas sim de ódio religioso. Prova disso, afirmam eles, é que nenhum político foi citado na canção de nome "Virgem Maria, expulse Putin". "Elas debocharam e humilharam as pessoas na Igreja", disse o promotor Alexei Nikiforov. "Usar palavrões numa igreja é um abuso contra Deus", completou ele.

Apesar de pedirem desculpas aos cristãos que se sentiram ofendidos com a performance, as acusadas se recusaram a admitir sua culpa por considerarem que o protesto não configura  um crime segundo as leis da Rússia. As artistas mantiveram sua posição mesmo com a possibilidade de firmar uma negociação com o promotor e diminuir sua pena. "Nós nos recusamos a assumir culpa", disse Nadezhda.

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"O tema principal da nossa apresentação não é a Igreja Ortodoxa, mas sim a ilegitimidade das eleições", afirmou Yekaterina segundo o diário britânico The Daily Mail. "As chamadas (pelo Patriarca) para votar em Putin e para não ir aos comícios de protesto são claras violações dos princípios de um estado laico", continuou ela.

A defesa das Pussy Riot procurou argumentar que o ato foi um protesto político e que por isso, as artistas não podem ser condenadas por ódio religioso.  Os advogados da banda acusaram a justiça de agir com parcialidade, sendo favorável a acusação e afirmaram que o processo se trata de uma repressão política do regime de Putin. "Estou considerando isso como o início de uma campanha autoritária e repressiva do governo que procura dificultar a atividade política e criar um sentimento de medo entre os ativistas políticos", acrescentou Yekaterina.

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Enquanto todas as testemunhas de acusação foram autorizadas pela juíza Marina Syrova, apenas 3 das 13 testemunhas nomeadas pela defesa puderam ser interrogadas no julgamento. Syrova também foi responsável por permitir uma série de perguntas da acusação às testemunhas, mas vetou que a defesa realizasse as mesmas questões.

A justiça russa já recusou diversos pedidos judiciais da defesa, incluindo uma apelação para enviar o processo de volta à Promotoria já que não existem provas suficientes. Os advogados de defesa da Pussy Riot impetraram pedido no tribunal para chamar o representante da instituição religiosa a testemunhar no processo que foi negado, informou a rede Interfax.

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"Mesmo nos tempos soviéticos, nos tempo de Stalin, os julgamentos eram mais honestos do que esse", afirmou o advogado de defesa Nikolai Polozov perante o tribunal.

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